Descontentes com o anúncio feito pelo governador Ronaldo Caiado (UB) sobre a possibilidade de criar um fundo de investimento do setor agropecuário para subsidiar a infraestrutura em Goiás, a medida não foi bem recebida por associações rurais. Representantes reforçam que o momento agora é debater para evitar que o novo tributo entre em vigor.
De acordo com o presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Gilberto Marques Neto, a pecuária enfrenta um período de baixa remuneração. E segundo ele, o setor espera compreensão por parte do governador e que outras alternativas sejam reavaliadas.
”A pecuária enfrente um período de baixa remuneração. Os agricultores fizeram compromissos sem considerar isso no custo de produção. Contamos com uma compreensão do governo estadual para reavaliar e encontrar outras alternativas”, destaca Gilberto.
Assim como a SGPA, outras entidades ligadas ao setor também se posicionaram contra a nova tributação do agro. O setor argumenta que o momento é de incerteza para o produtor e não é hora de criar uma taxação. Em nota divulgada na noite da última terça-feira (8), a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) afirma que não fez, e nem fará parte da comissão de análise deste projeto.
De acordo com a entidade a realidade do campo requer cautela, uma vez que os custos de produção têm se elevado cada vez mais e os produtores dos diversos segmentos da agricultura e pecuária têm lutado para não operar no prejuízo.
”A Faeg se coloca contra a criação de qualquer tipo de taxação do setor e afirma que não fez, e nem fará parte da comissão de análise deste projeto. ”Com isso, uma taxação a mais poderia inviabilizar o setor agropecuário, gerando índices de desemprego e freando o desenvolvimento tão necessário para a sociedade, o estado e o país”, completa.
O presidente da Associação Brasileira Produtora de Soja em Goiás (Aprosoja Go), Joel Ragagnin, disse que os produtores goianos ficaram surpresos com a medida e segundo ele “não há a menor possibilidade de negociação em torno deste assunto. Caso isso seja instituído, será algo impositivo”, ressaltou Joel ao portal Notícias Agrícolas nesta terça-feira (8).
Nesta quarta-feira (9), Ronaldo Caiado apresentou a proposta para deputados estaduais durante reunião. No encontro com o setor do agro, Caiado afirmou que a criação do fundo é uma exigência para garantir os investimentos em infraestrutura nos próximos anos devido à perda de cerca de R$ 4 bilhões ao ano em arrecadação com mudanças realizadas por lei complementar do governo federal, que alterou as alíquotas do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos combustíveis.
De acordo com o governador, o fundo será administrado e fiscalizado por meio de um conselho formado por representantes do setor produtivo e do estado. Os cálculos estão em estudo e o projeto, que deverá ser enviado à Alego.
Ao Diário de Goiás, o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), Lissauer Vieira (PSD), disse que só pretende se posicionar publicamente sobre a criação de uma taxa de contribuição para o agronegócio quando o projeto chegar à Casa.
Diante da possibilidade de uma nova taxa para o agronegócio em Goiás, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) usou suas redes sociais para criticar Ronaldo Caiado e chamou o governador de ‘traidor’.
“Ronaldo Caiado está se mostrando o maior traidor do agronegócio goiano. Só esperou a eleição passar para sangrar ainda mais o produtor, que já está em dificuldades”, publicou Perillo. E ainda completa: “E, agora, Caiado quer encher os cofres do seu governo com o dinheiro e suor de quem produz e já paga altos impostos”.
Logo em seguida, Daniel Vilela (MDB), também usou suas redes sociais para rebater a crítica do tucano. De acordo com Vilela o maior traidor do agro é o próprio Marconi que deixou a infraestrutura de Goiás ‘acabar’.
“Marconi traiu o agro ao sucatear a Celg e deixar o homem do campo sem energia, para depois vender a empresa a preço de banana. Marconi traiu o agro ao cruzar os braços e permitir que os produtores ficassem reféns de quadrilhas especializadas em saquear propriedades rurais”, publicou.
Daniel Vilela ainda completou: “O produtor rural não é mais refém de bandido e sabe onde os recursos do Estado são investidos”.