A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) fará uma avaliação no próximo mês do Plano Emergencial de Investimentos da Enel em Goiás. No auge da tensão entre governo e a concessionária em fevereiro deste ano, a Aneel interferiu para que fosse cumprido prazo até agosto. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, chegou a defender, em 2019, a cassação da concessão da empresa. O acordo firmado em Agosto do ano passado, que teve até a participação do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, está chegando ao fim e a conferência sobre os investimentos já está no radar do governo goiano.
O secretário geral da Governadoria, Adriano Rocha Lima, explicou que há diálogo entre as partes e espera que as graves falhas no serviço de distribuição de energia elétrica sejam sanadas até o fim do acordo. Serão avaliados dois indicadores: O DEC e o FEC. O DEC é a Duração equivalente de interrupção por unidade consumidora, é o intervalo de tempo que, em média, no período de apuração, em cada unidade consumidora do conjunto ficou em descontinuidade da distribuição de energia elétrica.
Já o FEC é a Frequência equivalente de interrupção por unidade consumidora. Trata-se do número de interrupções ocorridas, em média, no período de apuração, em cada unidade consumidora do conjunto considerado.
Adriano Rocha Lima tomando como base os últimos resultados, ou seja, ainda do mês de junho, destacou que tem informação que a Enel melhorou os indicadores, mas que ainda não atingiu o nível que o estado espera. No FEC ele destacou que tudo está dentro do combinado, mas o grande problema ainda é o DEC.
Na próxima semana deve ocorrer reunião relativa aos indicadores do mês de junho. As reuniões são mensais e dela participam: a Aneel, a Enel, a Secretaria Geral da Governadoria, a Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Sedi), e a Agência Goiânia de Regulação (AGR).
“Não posso ser injusto de afirmar que a Enel não está se esforçando. Agora, o esforço foi suficiente para que nós tenhamos a partir do momento que voltem as chuvas no final de setembro, uma condição melhor do que foi a do ano passado, de que realmente não vai gerar toda aquela frequência e duração de interrompimento em que cidades ficaram vários dias sem energia? É isso que a gente espera”, afirmou o secretário, em entrevista ao Diário de Goiás.
No auge da crise no início do ano, o governo cogitou tentar de todas as formas suspender a concessão da Enel em Goiás. Adriano Rocha Lima entende que Enel melhorou, mas há uma grande preocupação quanto ao período chuvoso no estado.
“Os números tem uma limitação, com base no resultado no mês de junho, a Enel não atingiu e acho difícil que atinja o indicador DEC, Duração e evento de interrupção. O indicador traz uma realidade que não é perfeita, então mais do que ver os relatórios de agosto, pra ver se cumpriram a meta, temos que observar se na prática se as interrupções continuarão acontecendo”, explicou.
O secretário geral da Governadoria relatou que não basta apenas um bom indicador global, mas que é preciso fazer uma análise regionalizada, pois há em determinados locais que a quantidade de horas sem energia é maior do que em outros lugares.
“Não é uma questão política, é técnica. A medida que você observa o esforço do lado da Enel melhorando, não tem porque manter o mesmo nível de pressão. Por outro lado, a gente tem que continuar observando para ver como vai ser o mês de agosto, que marca o fim do acordo emergencial e a partir daí vamos adequar o tom de acordo com o nível de qualidade”, disse.
Enel
Em fevereiro, época de grande tensão entre a Enel e o governo estadual, a companhia italiana havia informado que foi investido nos últimos três anos R$ 2 bilhões em distribuição e fornecimento de energia no estado de Goiás. O previsto em investimentos em 2020 seria de aproximadamente R$ 1 bilhão. De acordo com a empresa, o enfoque dos investimentos são em interrupções de energia e na qualidade da infraestrutura.
O número médio de interrupções em que o consumidor fica sem energia no ano (FEC) caiu 43% de dezembro de 2016 a dezembro de 2019. Em relação à duração média das interrupções de energia (DEC), o índice melhorou 22% no mesmo período.
Quanto aos conjuntos elétricos (subdivisões da rede da distribuidora no Estado), a meta de redução da frequência (FEC) das interrupções estabelecida no Plano Emergencial foi atingida. Das 156 áreas, 105 apresentaram evolução, a empresa diminuiu a frequência das interrupções de energia em 67% das diferentes áreas atendidas.
Com relação à duração das interrupções de energia, 94 dos conjuntos apresentaram melhora, o que demonstra uma evolução em 60%. Isso atinge aproximadamente 2 milhões de clientes, o equivalente a 67% do total dos atendidos pela Enel em Goiás.
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