31 de agosto de 2024
Destaque 3 • atualizado em 29/06/2020 às 21:42

Sem ações de contenção, Goiás poderia ter 18 mil óbitos por Covid-19 até setembro, diz UFG

Funeral de vítimas da Covid-19. (Foto: Nathalie Brasil/Secom)
Funeral de vítimas da Covid-19. (Foto: Nathalie Brasil/Secom)

O modelo estatístico da Universidade Federal de Goiás (UFG) para a Covid-19 prevê que até 18 mil pessoas poderão perder a vida caso nenhuma medida de controle da disseminação do coronavírus Sars-CoV-2 seja tomada.

A apresentação foi feita pelo professor Thiago Rangel, um dos responsáveis pelo modelo, e mantém dentro do período a média recente de isolamento, de 36,89%, sem nenhuma outra medida de controle, como maior testagem e rastreamento de contatos de pessoas infectadas. “Deixar como está não é aceitável, é impossível, é imoral. Não é uma opção”, afirmou.

Neste cenário, a projeção de necessidade de leitos de UTI diários necessários seria de 2 mil no fim de julho. Conforme o modelo, um colapso da rede de saúde aconteceria entre os dias 8 e 15 de julho. “A demanda (por hospitalização) deve duplicar nos próximos 15 dias”, explicou Rangel. Ele ainda alertou que, com a pressão hospitalar e uma eventual falta de leitos, “o número de 18 mil (mortes) pode ser muito pequeno”, destacou.

Cenário de lockdown prolongado e “fechamento inteligente”

Se fosse implantado um lockdown a partir desta segunda até o fim de setembro em todo o estado, assumindo uma média de 55% de isolamento, o total de óbitos cairia para 4 mil no período, com 13.530 mortes, sendo praticamente toda a população de São João D’Aliança. Tal medida, no entanto, é considerada inviável pelo próprio grupo, por questões sócio-econômicas e culturais.

A sugestão apresentada foi uma estratégia classificada por Rangel como “fechamento inteligente”. A proposta é escalonar fechamento e reabertura das atividades econômicas a cada 14 dias, sendo duas semanas em funcionamento e duas semanas de portas fechadas. Neste cenário, seria salvas 8,3 mil vidas, segundo a pesquisa da UFG. Haveria uma demanda de 2 mil leitos de UTI no fim de agosto.

O professor Thiago Rangel pontuou que existem diversas realidades no estado e, portanto, a estratégia, não necessariamente, seria adotada por todos os prefeitos. “Tem município que não precisa de lockdown agora e outros que precisam de mais de 14 dias”, afirmou.

Num outro cenário, com um reforço de vigilância, ampliando o rastreamento de contatos de infectados, colocando todos em quarentena de pelo menos 10 dias, poderia haver 7 mil óbitos, com 10,2 mil vidas salvas e haveria uma demanda por UTI estável a partir de julho. Rangel, no entanto, destacou que esta estratégia precisa ser aliada à redução da taxa de reprodução (Re). Além disso, precisaria de uma contratação de cerca de 2 mil profissionais para monitorar 160 mil goianos todos os dias da semana.

A subsecretária de vigilância, Flúvia Amorim, afirmou que não basta decretar isolamento nos municípios sem que mais medidas de controle sejam implementadas.

“Ação sozinha não tem bons resultados. Fora o isolamento, temos outros pontos importantes, como identificação rápida dos casos, busca ativa dos contatos, que é fundamental. Precisamos cortar a cadeia de transmissão. Não adianta só o isolamento, precisamos de uma cadeia de ações homogêneas. Todos precisam fazer a mesma coisa. Serviços de vigilância têm que buscar esses casos. É o ponto principal para quebrar a cadeia de transmissão”, afirmou.


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