A região da Amazônia superou o Cerrado e se consolidou em 2022 como o bioma com maior área de pastagens no Brasil. É oque aponta um levantamento divulgado pelo Mapbiomas sobre o uso da terra no país. O estudo é um esforço que reúne ONGs, empresas de tecnologia na análise das mudanças de paisagens no território nacional e universidades, entre elas a Universidade Federal de Goiás (UFG).
Boa parte desse crescimento se deu na Amazônia, onde as áreas de pasto ocupavam 13,7 milhões de hectares em 1985 e saltaram para 57,7 milhões de hectares em 2022. O avanço constante das pastagens sobre vegetação nativa levou a Amazônia a ultrapassar o Cerrado onde houve um leve declínio, de 55 milhões de hectares de pastos para 51,3 milhões de hectares, no decênio entre 2013 e 2022.
O espaço tomado por pastos saltou de 137 mil quilômetros quadrados para 577 mil quilômetros quadrados em toda a Amazônia. Em entrevista ao DW o coordenador do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (Lapig) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Laerte Ferreira afirma: “A gente vê nesses números uma dinâmica que acompanha a fronteira agropecuária no país. O processo de ocupação da Amazônia se deu pelo desmatamento, e uma maneira de consolidar esta apropriação de terras foi com pasto”.
Nos nove estados da Amazônia, quase metade dos pastos são recentes, com menos de 20 anos. O bioma concentra a maior parte (43%) do rebanho bovino do país, com mais de 96 milhões de cabeças de gado oque equivale ao triplo do número de moradores, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge).