A diminuição dos juros das linhas de crédito pelos bancos públicos e privados não deve provocar aumento da inadimplência, disse nessa terça-feira (8) o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa. Segundo ele, o crescimento da economia e a alta da renda da população, aliados a taxas menores, permitirão que o crédito volte a acelerar nos próximos meses sem provocar disparada no calote.
“A inadimplência não é apenas causa do spread bancário, mas também consequência dele”, declarou Barbosa. O spread é a diferença entre o custo dos bancos em captar recursos e emprestar aos clientes.
Segundo ele, os juros mais altos dificultam a quitação de empréstimos. O secretário acrescentou ainda que os bancos privados continuarão a acompanhar a redução do spread iniciada pelos bancos públicos. “Os bancos públicos fizeram um movimento sustentado [de redução de juros] que está fazendo os demais bancos acompanhar esse processo. Por causa da própria concorrência, todas as instituições estão diminuindo as taxas, em diferentes graus”, declarou o secretário.
Barbosa comentou ainda que espera que as medidas de redução dos juros voltem a acelerar o crédito nos próximos meses. De acordo com ele, essa medida ajudará a economia a expandir o ritmo de crescimento, fazendo o Produto Interno Bruto (PIB) crescer de 5% a 6% a partir do segundo semestre. “A concessão de crédito deu uma desacelerada por causa do desempenho da economia, mas, com essas medidas de taxas de mercado, verificamos que o crédito está sendo retomado gradualmente”, avaliou.
Em relação à portabilidade das operações de crédito, o secretário reconheceu que existem problemas em algumas modalidades para que o cliente migre para linhas de crédito com juros menores. Em financiamento de veículos e de imóveis, os bancos criam dificuldades por causa dos custos para transferir de uma instituição financeira para outra o bem alienado, o que atrasa o processo.
Barbosa disse que o governo está atento à questão, mas que ainda não há nenhuma medida definida. “Já há a regra de portabilidade, mas por vários motivos, operacionais e burocráticos, há reclamações sobre a velocidade desse processo. Este é o nosso próximo passo. Abrimos discussão com o sistema financeiro e estamos vendo o que pode ser feito, mas ainda não temos nada definido”, disse.
O secretário deu as declarações ao sair de audiência pública no Senado que discutiu as medidas provisórias da segunda fase do Plano Brasil Maior, programa de estímulo à indústria nacional. (Agência Brasil)