As reclamações de moradores de cidades que têm policlínicas, mas são enviados para atendimento médico em unidades de outros municípios, estão no foco da Secretaria Estadual de Saúde. A saída, considera o secretário da pasta, Sérgio Vencio, pode estar no pagamento pelo Estado para que prefeituras façam a regulação, “dando mais eficiência”.
A reclamação da população é conhecida da secretaria e foi reforçada ao secretário por deputados estaduais presentes na reunião da Comissão de Tributação, Finanças e Orçamento desta quarta-feira, 4 na Assembleia Legislativa (Alego).
Sérgio Vencio compareceu para prestar contas dos 1º e 2º quadrimestres de 2023. Ao Diário de Goiás ele afirmou que o orçamento da área para 2024 será de R$ 5 bilhões. Destes, R$ 3,2 para custeio das unidades e R$ 1,5 para folha de pagamento.
“Para investimentos, serão entre R$ 400 e 500 milhões. Como a rede já está estruturada, basicamente temos que reformar o parque tecnológico de todas as unidades. Finalizar a parte infantil do Cora (Complexo Oncológico de Goiás) e o Hospital de Águas Lindas”.
Além da questão do direcionamento de pacientes no interior, pontuada, por exemplo, pelo deputado Talles Barreto (UB), o secretário ouviu outros importantes apontamentos. O deputado Mauro Rubem (PT), por exemplo, clamou por concurso para a reposição nos quadros da secretaria.
A isso o secretário respondeu que a falta de quadros e a defasagem técnica de muitos, “que evitam aposentar por causa dos baixos salários”, é um gargalo para o sistema. Por outro lado, garantiu que o governo tem estudos avançados para equacionar o déficit.
Outra questão apontada por Rubem, foi quanto a gestão do setor. Ele fez duras críticas às organizações sociais (OSs) e defendeu que o governo retome as unidades próprias, “gerindo a rede, para que [OSs] não levem os recursos para fora do estado”.
O secretário se queixou de municípios que não fazem uma boa regulação que absorva a baixa complexidade. E citou como exemplo Goiânia, com o Hecad [Hospital Estadual da Criança e do Adolescente] e o Hugol [Hospital de Urgências Governador Otávio Lage]. Conforme ele, a regulação na porta de entrada não funciona bem para a baixa complexidade nos dois hospitais.
Além disso, Sérgio Vencio sinalizou com a intenção de criar uma fundação “para a gestão direta”. Ele deixou claro que o governo deseja ampliar a competição, com foco nos melhores exemplos.
“Queremos abrir para a sociedade civil para o interesse de institutos como um Sírio Libanês, desde que as melhores propostas vençam as concorrências”, acentuou.
O presidente da comissão, deputado Renato de Castro (UB), conduziu a reunião que foi acompanhada por vários representantes sindicais da Saúde.
Sérgio Vencio começou seu pronunciamento destacando a política de regionalização da Saúde implantada pelo Governo do Estado.
Atualmente Goiás conta com 48 unidades conveniadas e 33 próprias, entre policlínicas, hospitais gerais, hospitais especializados e centros de especialidade.
“Quando o governador assumiu, em 2019, nós contávamos com 189 leitos de UTI, concentrados basicamente em Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia. Agora são mais de mil leitos em todo o Estado”, assinalou.
Segundo o secretário, ao todo, são 4.491 unidades que prestam serviços ao SUS em Goiás, sendo que atualmente apenas quatro são com gestão compartilhada entre Estado e municípios.
Sobre a construção do Cora, ele estimou inauguração da ala de tratamento de crianças e adolescentes para outubro de 2024.
Segundo Vencio, a unidade conta com investimentos na ordem de R$ 424,71 milhões do Tesouro Estadual. O novo complexo de saúde do Governo de Goiás terá 148 leitos de internação, centro cirúrgico, farmácia, centro de exames por imagem e de infusão quimioterápica. Nessa primeira etapa, serão 49 leitos para tratamento de câncer infantil, sendo 11 leitos de UTI e 38 leitos clínicos.
Obra prevista para ser entregue em 2023, em dezembro próximo, é a do Hospital Estadual de Águas Lindas. A unidade vai reforçar a saúde no Entorno do Distrito Federal.
O secretário citou ainda a ampliação de leitos de hospitais de Trindade e Formosa, que, segundo ele, vai se tornar referência em cardiologia no interior do Estado.
Ele ainda enfatizou a evolução nos transplantes no Estado. De acordo com o secretário, em 2022, foram realizados 663. Já nos 1º e 2º quadrimestres de 2023, o total chegou a 575. A projeção da pasta é que até o final do ano, o número de transplantes alcance 862.
Sérgio Vencio fez um apelo para o envolvimento da Alego no estímulo à vacinação em Goiás, citando que a imunização contra 18 doenças tem sido negligenciada. Quando a reunião encerrou, o apelo foi repetido pelo deputado Antônio Gomide (PT) durante a sessão ordinária no Plenário da Alego.