O secretário de Desenvolvimento e Inovação, Adriano Rocha Lima, espera que os investimentos que a Enel prometeu fazer nos próximos quatro anos em Goiás sejam bem aplicados para serem revertidos num serviço de qualidade para a população.
A declaração foi dada em entrevista ao Diário de Goiás. De acordo com o titular da Sedi, a inauguração da subestação de Trindade, que promete ampliar em mais de 60 mil residências a capacidade de operação na região, não significa que o serviço vai melhorar.
“De que adianta termos uma subestação com potência adicional se ela sai do ar e demora uma semana para voltar? De que adianta ter investimentos que dizem ser três ou quatro vezes maior que era o do Celg e cidades ficarem três, quatro dias sem energia? Precisamos de gestão além de investimento. Acho que o investimento que vinha sendo feito pela Enel estava muito mal escolhido. Nesse ponto chegamos a um acordo. Precisamos ver na prática se farão todo o resto que se comprometeram na velocidade prometida”, pontuou.
Para Lima, se a empresa não aplicar corretamente o dinheiro, o investimento termina por ser danoso à população, pela elevação de tarifas.
“A Enel precisa entender que o compromisso dela é com o fornecimento de energia. Ela tem que privilegiar o atendimento ao cidadão. Se o investimento não for bem aplicado, ele é perverso para o usuário porque reverte em aumento de tarifa. Às vezes o usuário fica sem qualidade e tem a tarifa majorada. Tem que ter investimento, mas gestão também”, disse.
Mais equipes de campo
Na opinião do secretário, a Enel precisa urgentemente ampliar o número de equipes de campo para atender às demandas de restabelecimento do fornecimento. A empresa chegou a dizer que compraria helicópteros para diminuir o tempo de deslocamento, fala que foi criticada por Lima.
“Não é desse show pirotécnico que precisamos. Talvez o helicóptero até ajude, mas precisamos de ações genuínas e não ficar propagandeando coisas que não vemos efeito na sociedade do interior. É muito triste e grave ouvirmos os relatos de milhares de litros de leite perdidos, aves morrendo, problemas no fornecimento de água”, declarou.
O titular da Sedi espera que a batalha jurídico-política travada entre os poderes públicos e a gigante italiana sirva para alertar a empresa quanto à urgente necessidade de melhora dos serviços. Ele reitera que investimento sem boa gestão não basta.
“Espero que essa discussão tenha sensibilizado a empresa a aumentar o custo operacional porque não dá para estar presente no estado, com um serviço de infraestrutura básico, e não ter o mínimo de qualidade. Eles falam repetidamente que investiram mais de três vezes a mais que a Celg, mas diminuíram as equipes de campo. Aumentar investimento quando se tem retorno na tarifa, é fácil fazer”, alerta.
Segurança jurídica
Em entrevista ao Diário de Goiás, o presidente da Enel, José Luis Salas, afirmou que projetos como o de encampação da empresa desacreditam o ambiente de negócios no estado por conta da insegurança jurídica. Adriano Rocha Lima rebateu a declaração do empresário.
“Para quê serve a segurança jurídica se você não tem energia para se instalar? Qual segurança você tem de colocar uma empresa sem garantia de energia estável? Temos que parar de brincar nessa guerra de palavras e atacar o problema”, advertiu.
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