14 de setembro de 2024
Ansiedade

Saúde mental das mulheres piora após a pandemia, aponta relatório ONG Think Olga

Segundo o relatório, 45% das mulheres têm algum diagnóstico de ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais no contexto pós-pandemia. A ansiedade é o problema mais frequente, afetando 6 em cada 10 mulheres
A pesquisa feita com 1.078 mulheres de todo o país, entre 12 e 26 de maio de 2023. A margem de erro é de 3 pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%. Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil
A pesquisa feita com 1.078 mulheres de todo o país, entre 12 e 26 de maio de 2023. A margem de erro é de 3 pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%. Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil

A pandemia de covid-19 agravou a situação de saúde mental das mulheres brasileiras, que já sofriam com a sobrecarga de trabalho, a insegurança financeira e a violência. É o que revela o relatório “Esgotadas: empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres”, elaborado pela ONG Think Olga, com base em uma pesquisa feita com 1.078 mulheres de todo o país, entre 12 e 26 de maio de 2023. A margem de erro é de 3 pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%.

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Segundo o relatório, 45% das mulheres têm algum diagnóstico de ansiedade, depressão ou outros transtornos mentais no contexto pós-pandemia. A ansiedade é o problema mais frequente, afetando 6 em cada 10 mulheres. A vida financeira e a dificuldade de conciliar as diferentes áreas da vida são as principais fontes de insatisfação e estresse para as entrevistadas.

“A pesquisa confirma o que já sabíamos: as mulheres estão exaustas e sem apoio. Quase metade delas tem algum problema de saúde mental e poucas têm acesso a cuidados especializados. A maioria recorre à atividade física ou à religião para lidar com essa questão. Além disso, há uma insatisfação com vários aspectos da vida. A questão financeira é a mais preocupante e a dupla ou tripla jornada é o segundo maior fator de pressão sobre a psique feminina”, comentou Maíra Liguori, diretora da Think Olga.

O relatório mostra que as mulheres são as principais ou únicas responsáveis pelo sustento de 38% dos lares brasileiros. Essas mulheres são, em sua maioria, negras, da classe D e E e com mais de 55 anos. Apenas 11% das entrevistadas não contribuem financeiramente para suas famílias.

Tarefas domésticas

Além disso, as mulheres dedicam mais tempo às tarefas domésticas e ao cuidado com outras pessoas do que os homens. De acordo com dados de 2022, as mulheres gastam 21,4 horas semanais nessas atividades, enquanto os homens gastam 11 horas. O relatório Esgotadas aponta que a sobrecarga de trabalho doméstico e a jornada excessiva de trabalho são a segunda causa de descontentamento mais citada pelas entrevistadas.

O trabalho de cuidado afeta principalmente as mulheres de 36 a 55 anos (57% cuidam de alguém) e as pretas e pardas (50% cuidam de alguém). As mães solos e as cuidadoras são as mais insatisfeitas e sobrecarregadas com as tarefas domésticas e de cuidado. Elas também são as que mais sofrem com a situação financeira restrita, que impacta negativamente na saúde mental. O relatório alerta que a sobrecarga de cuidado também é um fator de empobrecimento das mulheres ou “feminização da pobreza”.

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Outros fatores que afetam a saúde mental das mulheres são os padrões de beleza impostos, que incomodam 26% das entrevistadas mais jovens, e o medo de sofrer violência, que preocupa 16% das entrevistadas.

Cuidados

Apesar da gravidade do quadro, 91% das entrevistadas consideram que a saúde emocional deve ser levada muito a sério e 76% estão buscando prestar atenção à saúde mental, principalmente após a pandemia. No entanto, apenas 11% afirmam que não cuidam da sua saúde emocional de nenhuma forma.

“É necessário que comecemos a entender o impacto do trabalho de cuidado e suas consequências, além de partirmos de discussões que desestigmatizem tabus sobre a saúde mental. É essencial incentivar ações do setor privado, da sociedade civil e, principalmente, do setor público para um futuro viável para as mulheres”, afirmou, em nota, Nana Lima, co-diretora da Think Olga.

Fonte: Agência Brasil.


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