Um sargento da Marinha confundiu um vizinho com um criminoso e o matou a tiros, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, na noite de quarta-feira. Ele foi indiciado por homicídio culposo (não intencional) pela Polícia Civil, mas o Ministério Público do Rio (MP-RJ) o acusará de homicídio doloso (intencional). A mudança foi anunciada nesta sexta-feira, 4, durante a audiência de custódia do caso, na qual a Justiça manteve Bezerra detido e transformou a prisão em flagrante em prisão preventiva.
O pedido de alteração foi feito pela Promotoria. “Pelo Ministério Público foi dito que requer a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva. Além disso, entende que a conduta imputada ao custodiado não se amolda a capitulação imputada pela autoridade policial, qual seja, artigo 121, §3.º do CP, visto que não entende ser tal conduta culposa”, escreveu a juíza Ariadne Villela Lopes, da 5.ª Vara Criminal, responsável pela audiência.
Disparos
O sargento Aurélio Alves Bezerra estava dentro de seu carro, parado na frente do portão do condomínio onde mora, na Rua Capitão Juvenal Figueiredo, bairro Colubandê, por volta das 23 horas de quarta. Como o controle remoto do portão não funcionava, ele aguardava a mulher abri-lo para guardar seu carro. Enquanto isso, Durval Teófilo Filho, negro de 38 anos, se aproximou do carro, caminhando.
Teófilo Filho voltava do trabalho como repositor de supermercado e morava no mesmo condomínio de Bezerra. Como estava chegando em casa, mexia na mochila em busca da chave. Ao vê-lo passando e mexendo na mochila, o sargento sacou a arma e atirou em sua direção. Atingido no tórax, o repositor caiu e levantou os braços, em sinal de rendição. Ainda assim, Bezerra disparou mais duas vezes. Depois, se aproximou e constatou que a vítima não estava armada. Teófilo Filho teria chegado a contar que morava ali.
O sargento levou o vizinho ao Hospital Estadual Alberto Torres, perto dali, onde ele morreu, e Bezerra foi preso em flagrante. À polícia, ele afirmou ter se assustado com a vítima, achando que era um assaltante.
A mulher de Teófilo Filho, Luziane Teófilo, afirmou à TV Globo que a filha do casal, de 6 anos, viu a cena pela janela e identificou o pai. Para ela, o sargento atirou porque o homem que se aproximava era preto. “Vendo as câmeras, ouvindo a fala do delegado e pelo que os vizinhos estão falando, tenho certeza de que isso aconteceu porque ele é preto. Mesmo falando que era morador do condomínio, o vizinho não quis saber. Para mim, foi racismo sim”, afirmou. (Por Fábio Grellet – Estadão Conteúdo).
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