SAMIR CARVALHO
SANTOS, SP (UOL/FOLHAPRESS) – As declarações do presidente eleito do Santos, José Carlos Peres, sobre a condenação de Robinho na Itália, tinham feito com que as negociações para o possível retorno do ídolo ao clube esfriassem. No entanto, o UOL Esporte apurou que a nova diretoria santista voltou a conversar com o jogador e seu estafe para tentar contratá-lo. A reaproximação foi encabeçada pelo novo diretor executivo de futebol do clube, Gustavo Vieira, sobrinho de Raí.
Gustavo Vieira recebe o aval de Peres para conversar com Robinho. O novo presidente, inclusive, tem o desejo de que Robinho vista a camisa 10 do Santos, deixada por Lucas Lima, que fechou com o Palmeiras. Mas isso é tratado como segundo plano no momento. A prioridade é chegar a um acordo financeiro que não seja prejudicial aos cofres do clube paulista.
O acerto com Robinho não é tão simples. A diretoria santista ouviu do jogador que outros clubes estão interessados em seu futebol. Outra vertente é que o campeão brasileiro pelo clube em 2002 e 2004 precisa passar pelo aval de Jair Ventura, técnico que é considerado “99% contratado” para 2018 nos bastidores da Vila Belmiro. Por conta disso, José Carlos Peres prefere, publicamente, não confirmar nenhum número de camisa para Robinho.
Além disso, existe uma ala na nova diretoria que leva a sério a condenação de Robinho na Itália e, por isso, encabeça uma “corrente contra” a contratação do jogador. O atacante foi condenado a nove anos de prisão, em 1ª instância, por violência sexual. O atleta nega ter cometido crime. Outra parte, porém, defende a chegada do atacante.
Eles alegam que vêm conversando com torcedores e estes não veem os problemas judiciais de Robinho como empecilho para seu retorno à Vila Belmiro.
José Carlos Peres, inclusive, chegou a declarar publicamente que Robinho precisa primeiramente encerrar o processo judicial na Itália caso queira retornar ao time da Vila. O novo mandatário santista ainda disse que o clube não quer manchar sua marca contratando qualquer jogador com problema na Justiça.
A advogada do jogador, Marisa Alija, reprovou o discurso de José Carlos Peres. Segundo Marisa, Modesto Roma, presidente derrotado nas urnas no início deste mês, na Vila Belmiro, deixou o clube em patamar alto, e Peres precisa se preocupar em manter o trabalho e não com a vida pessoal de seu jogador.
Além da condenação na Itália, outros atos recentes de Robinho fazem os torcedores e diretoria se dividirem sobre a contratação. Alguns o consideram traidor, principalmente por ter rejeitado uma proposta do clube para jogar no Atlético-MG, enquanto a outra metade defende o perdão ao atleta e o vê como um ídolo eterno, após os títulos brasileiros de 2002 e 2004. Com a notícia recente de sua condenação por estupro na Itália, a pressão em torno do tema tornou-se ainda maior.
CONDENAÇÃO
A Justiça da Itália condenou o atacante Robinho a nove anos de prisão por “violência sexual em grupo” contra uma jovem albanesa em uma boate da capital da Lombardia em janeiro de 2013, durante a sua passagem pelo Milan, da Itália. O jogador nega as acusações.
Segundo a imprensa italiana, Robinho teria praticado o ato com outras cinco pessoas. A jovem tinha 22 anos de idade na época. O atleta foi condenado na nona seção do Tribunal de Milão, presidida por Mariolina Panasiti.
Em sua resolução, a corte afirmou que os acusados “abusaram das condições de inferioridade psíquica e física da pessoa agredida, que havia ingerido substâncias alcoólicas, com meios insidiosos e fraudulentos, de forma que bebeu até ficar inconsciente e sem condições de se defender”.
Ao UOL Esporte, a advogada de Robinho, Marisa Alija negou qualquer participação do jogador no incidente e enviou a seguinte declaração: “Sobre o assunto envolvendo o atacante Robinho, em um fato ocorrido há alguns anos, esclareço que meu cliente já se defendeu das acusações, afirmando não ter qualquer participação no episódio”, explicou.
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