Por Almir Leite
O Santos voltou a passar sufoco, não teve competência para ganhar em casa da limitada equipe do Deportivo Táchira, repetiu na Vila Belmiro o empate por 1 a 1 da Venezuela, teve de decidir nos pênaltis e foi castigado. Perdeu por 4 a 2 na noite desta quarta-feira e está eliminado da Copa Sul-Americana.
A queda complica ainda mais a situação do técnico argentino Fabián Bustos, que vem sendo contestado pela torcida e também internamente pelos conselheiros santistas e está com o emprego em grande risco.
Pressionado, Bustos fez algumas alterações no Santos – mexeu jogadores e na forma de jogar – com o intuito de deixar o time mais consistente e objetivo. O zagueiro Kaiky foi escalado pelo lado direito da defesa, posicionando-se como lateral quando o time era atacado. Quando o Santos tinha a bola, Ângelo e Lucas Braga ficavam bem abertos, para aumentar os espaços. E Bruno Oliveira procurava organizar a equipe.
No início, o Santos se impôs ao Táchira. Passou a atacar constantemente, mas aí se deparou com um problema: a falta de eficiência nas conclusões. Em quatro minutos, dos 9 aos 13, foram quatro finalizações, com Marcos Leonardo (Varela colocou a escanteio), Lucas Pires (por cima), Bruno Oliveira (a zaga desviou) e Bauermann (nesta, Varela fez grande defesa em cabeçada). Lucas Braga e Ângelo também erraram o alvo pouco depois.
Aí, veio o castigo. Em uma jogada em que o Santos estava todo no ataque e reclamou de um toque de mão de Hernández em cruzamento de Bruno Oliveira, o Táchira recuperou a bola e Uribe foi lançado logo depois da linha do meio de campo. O atacante avançou, se enrolou ao tentar driblar João Paulo, mas a bola desviou em Rodrigo Fernández e entrou.
O VAR foi acionado para verificar os dois lances. Após 5 minutos de análise, concluiu que não houve toque de mão do venezuelano e, na sequência, Uribe estava em posição legal -Bauermann dava condição de jogo. Consequência: Táchira 1 a 0.
A partida continuou igual. O Santos criando e perdendo chances. Então, apareceu um outro problema: o nervosismo dos jogadores. Com isso, passou a permitir os contra-ataques, perigosos, do Táchira.
A sorte santista é que os venezuelanos não têm muita intimidade com a bola. Do contrário, iriam para o intervalo com vantagem maior. Não foram porque aos 39 minutos Hernández, de frente para o gol depois de rebote de João Paulo, chutou em cima de Uribe e a bola foi para fora. E, aos 48, em outro contra-ataque que terminaria com a expulsão de Rodrigo Fernández, por parar com falta na entrada da área Hernández, que ia em direção ao gol, Cova isolou a bola na cobrança da infração.
No fim do primeiro tempo a torcida, que passou a etapa tentando empurrar o Santos, deu vazão à revolta. Xingou e vaiou Bustos e os jogadores e reclamou com o coro: “Não é mole não, tem que honrar a camisa do Peixão!”.
Bustos decidiu arriscar mais na segunda etapa. Trocou Kaiky por Rwan, reforçando o ataque. Para proteger um pouco a frágil defesa, colocou o volante Sandry no lugar de Bruno Oliveira. O Santos foi para cima. Aos 3 minutos, Lucas Pires acertou a trave em cobrança de falta. Pouco depois o lateral tentou outra vez de fora da área e Varela defendeu.
Demorou, mas o empate aconteceu. Aos 25 minutos, Lucas Pires cruzou da esquerda, a bola passou por toda a área, quase saiu, mas deu tempo de Lucas Barbosa dominar, cruzar na cabeça de Sánchez, que acabara de entrar e tocou para Marcos Leonardo bater e marcar.
O Santos manteve a pressão, perdeu chances claras, e pela falta de competência, teve de encarar a disputa por pênaltis. E perdeu Ricardo Goulart, que entrou apenas para bater pênalti, bateu na mão do goleiro. Lucas Barbosa também perdeu. Sandry fez, assim como Sánchez. Pelo Táchira marcaram Farías, Simisterra, Arace e Fernández.
CEARÁ AVANÇA
O time cearense voltou a vencer o The Strongest nesta quarta, desta vez no Castelão, e assegurou com tranquilidade sua classificação às quartas de final da Copa sul-americana. Se na ida o time brasileiro havia vencido por 2 a 1, nesta noite o triunfo foi incontestável: 3 a 0. Os gols foram marcados por Richardson, Victor Luís e Lima.
Invicto na competição, com oito vitórias em oito jogos, o Ceará agora espera pela definição do seu próximo adversário. Ele sairá do duelo entre São Paulo e Universidad Católica. As duas equipes se enfrentarão nesta quinta, no Morumbi. O time da casa está em vantagem por ter vencido o jogo de ida por 4 a 2.
FICHA TÉCNICA:
SANTOS 1 (4) X (2) 1 DEPORTIVO TÁCHIRA
SANTOS – João Paulo; Kaiky (Rwan), Luiz Felipe e Bauermann; Lucas Pires (Ricardo Goulart), Rodrigo Fernández, Zanocelo (Sánchez) e Bruno Oliveira (Sandry); Ângelo (Lucas Barbosa), Marcos Leonardo e Lucas Braga. Técnico: Fabián Bustos.
DEPORTIVO TÁCHIRA – Valera; Camacho, Restrepo, Ariano e Marrufo; Garcés, Cova, Chacon (Arace) e Francisco Flores; Robert Hernández (Figueroa) e Uribe (Simisterra). Técnico: Alexandre Pallarés.
GOLS – Uribe, aos 27 minutos do primeiro tempo. Marcos Leonardo, aos 25 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Francisco Flores, Cova, Marcos Leonardo, João Paulo, Uribe, Chacon, Lucas Pires, Ariano.
CARTÃO VERMELHO – Rodrigo Fernández.
ÁRBITRO – Kevin Ortega (Peru).
RENDA – R$ 363.280,00.
PÚBLICO – 11.081 pagantes.
LOCAL – Vila Belmiro, em Santos (SP).
(Conteúdo Estadão)
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