A produtora T4F (Time For Fun), responsável por trazer a cantora Taylor Swift para o Brasil está, provavelmente, em uma de suas piores crises. Isso por que, desde a última sexta-feira (17), a empresa tem sido cobrada por milhares de pessoas nas redes sociais por diversos motivos, um dos principais deles o de não dar apoio à família de Ana Clara Benevides, fã que morreu no primeiro show da artista norte-americana.
Com isso, o nome de Fernando Alterio tem começado a aparecer com mais frequência na mídia. Ele é o presidente do conselho e acionista controlador da T4F e considerado a figura mais importante na história. Com 70 anos, Alterio está no meio artístico desde o início dos anos 1980 e, nas redes sociais, costuma aparecer em viagens internacionais regadas a luxo. Entre os destinos estão, Veneza, na Itália, Paris, Jerusalém e Grécia.
De acordo com informações divulgadas na grande imprensa, Alterio criou a T4F em 1983, quando a empresa ainda se chamava CIE Brasil. O nome Time For Fun veio apenas em 2007, quando ele recapitalizou a companhia após crises financeiras e assinando contratos para a realização de turnês de artistas pop no Brasil.
Na primeira leva, ao conseguir fechar contratos com Madonna, Coldplay, Britney Spears, e os festivais Lollapalooza e Primavera Sound, estima-se que a empresa tenha rendido cerca de R$ 100 milhões em acordos, além de se consolidar no mercado.
Mesmo assim, não é de agora que problemas surgiram. A empresa foi denunciada pelo Ministério Público Federal por suposto trabalho análogo à escravidão na edição deste ano festival Lollapalooza, ocorrido em abril, em São Paulo. Na denúncia contra a T4F, trabalhadores foram identificados em condições análogas à escravidão na montagem do Loolapalooza.
De acordo com relatos, os trabalhadores eles eram responsáveis pelo transporte e manutenção das bebidas do evento, ficavam dia e noite no local, mas dormiam em tenda em tiras de papelão e ganhavam diárias de R$ 160 por 12 horas de trabalho, sem direito a recebimento de hora extra.
EM sua defesa, após ser notificada, a T4F responsabilizou a empresa YS Comercio de Alimentos, que havia sido contratada para o serviço relacionado às bebidas e afirmou que rescindiu o contrato com a empresa, que era terceirizada. Vale lembrar que o Loolapalooza encerrou o contrato para fazer o festival com Fernando Alterio, que estava em vigor desde 2013, sem expor o motivo. Além disso, no mesmo mês ele deixou o cargo de CEO da empresa, e virou acionista controlador e presidente do conselho de administração da T4F.
Depois disso, chegou a vez das polêmicas envolvendo Taylor Swift. Segundo relatos, o grande sonho de Alterio era trazê-la ao Brasil a “qualquer preço”. Outras informações dizem que o empresário pagou o cachê milionário do próprio bolso, sem ter patrocinadores, e que a vinda da cantora teria movimentado R$ 400 milhões no Brasil.
A partir daí, e das polêmicas envolvendo o show de Swift, o Ministério Público do Rio investiga os motivos da organização ter sido considerada falha no estádio Nilton Santos mesmo com os fãs tendo pago tão caro pelos ingressos. Entre as reclamações havia a de falta de ventilação, pouca água disponível e a preços altos e até pessoas com queimaduras de segundo grau por conta de placas de metal colocadas no chão.
Enquanto isso, a T4F faz com que os empresários e envolvidos comecem a sentir os resultados da crise de imagem no bolso: nesta segunda (20), as ações da empresa, que estão em capital aberto na bolsa de valores de São Paulo, caíram 9,6%. Além disso, no Reclame Aqui, principal site de atendimentos ao consumidor, a empresa passou a ter nota 5 de 10, se tornando uma empresa não indicada para pessoas.
Por fim, o Procon-RJ está processando a empresa em R$ 13 milhões de multa pelos problemas com os shows de Taylor Swift no Brasil. Até o momento, nem Alterio, nem a T4F responderam aos contatos da imprensa e segue em silêncio sobre as polêmicas, tendo se posicionado apenas pela morte de Ana Benevides.