23 de dezembro de 2024
Entrevista • atualizado em 31/05/2023 às 07:37

Rogério Cruz almeja apoio de Caiado, fala sobre embates travados na Câmara e como vai viabilizar gestão para as eleições 2024

Ao Diário de Goiás, Rogério Cruz fala sobre relação com governador, espera diálogo com Daniel Vilela nos “próximos dias” e apesar de não saber o tamanho da base no legislativo, garante que hoje tem “maioria”
Rogério Cruz, em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás (Foto: Jackson Rodrigues)
Rogério Cruz, em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás (Foto: Jackson Rodrigues)

Com pouco mais de um ano para as eleições de 2024 darem seu pontapé inicial, o prefeito Rogério Cruz (Republicanos) articula vislumbrando governabilidade a sua gestão em busca de chegar competitivo ao pleito. Em entrevista exclusiva ao Diário de Goiás, destaca encerrar a reforma administrativa, iniciada ainda em 2022 e que tem esperanças de se viabilizar para se tornar o candidato apoiado pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), em Goiânia.

Prestes a receber PP e PDT na gestão, chegando ao fim da reforma do seu secretariado, Rogério Cruz vê um problema diante de seu caminho: a bancada do MDB que deseja indicar um nome para a gestão e os interesses do presidente da sigla, Daniel Vilela em lançar candidatura própria para 2024. O republicano quer a garantia de apoio agora.

Se não bastasse isso, há indicativos que os ruídos e entraves que teve com a Câmara dos Vereadores não tenha chegado ao fim. O prefeito não soube dizer qual o tamanho de sua base apesar de indicar ter “maioria”. Também evitou, por duas vezes, responder se a relação com o presidente do legislativo goianiense, Romário Policarpo (Patriota) está mesmo pacificada e, em meio a indicações de vereadores para cargos no primeiro escalão, mandou o recado: “Quem decide secretariado é o executivo”.

Rogério Cruz ainda pontuou sobre gestão, as obras que vem tocando, como as que integram o programa Goiânia Adiante, o BRT que deve ter algum avanço dentro dos próximos meses e a relação do seu partido Republicanos com o Governo Federal.

Ao Diário de Goiás, Rogério Cruz fala sobre relação com governador, espera diálogo com Daniel Vilela nos “próximos dias” e apesar de não saber o tamanho da base no legislativo, garante que hoje tem “maioria”
Prefeito Rogério Cruz concede entrevista exclusiva aos jornalistas Altair Tavares, Vassil Oliveira e Domingos Ketelbey (Foto: Jackson Rodrigues)

Leia a entrevista na íntegra com o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos):

Altair Tavares: Quando a reforma administrativa de sua gestão, iniciada no ano passado, vai encerrar?

Rogério Cruz; Uma reforma administrativa todos sabemos da importância que ela tem. Sempre fazemos com que as mudanças que acontecem possam fazer a gestão alcançar seus objetivos. Cada um como sempre digo, tem o seu momento de colocar o tijolinho e colaborar com a gestão. Neste momento, estamos trabalhando para trazer mais força a gestão e partidos para estar conosco, trabalhando cada dia mais para que possamos acrescentar no plano de governo a execução daquilo que já temos oferecido à população.

AT: Nesse diálogo, o senhor tem como foco a eleição do ano que vem..

Os partidos querem colaborar com a gestão. A partir deste momento, eles nos procuram para as conversas. Surgindo a oportunidade, estaremos abrindo portas para que eles possam vir com seus representantes e colaborem com a gestão.

Domingos Ketelbey: O senhor teve rodadas recentes de conversas com o PP e o PDT. Quais outros partidos estão em diálogo e quais os cargos negociados?

Já temos conversas bem dialogadas com o PP, PDT, o Solidariedade que já está conosco na gestão de alguns meses para cá. Temos o PMB que está na gestão há um bom tempo. Temos o Avante, chegamos a conversar a alguns dias atrás com o presidente nacional para construir o plano de governo e executar aquilo que a cidade precisa. Quando temos pessoas desse nível como a Flávia Morais, líder da bancada no Congresso, o próprio Alexandre Baldy isso fortalece muito. É uma soma de ideias e uma soma de resultados que temos de entregar a população.

AT: O senhor está conseguindo garantir o apoio para a reeleição? 

Isso é por meio do diálogo que acontece a partir do momento que sentamos à mesa. E o que estamos fazendo? Sentamos a mesa, estamos já caminhando para fechar esses assuntos com esses representantes partidários e em seguida, já com assunto à mesa, colocar as cartas. 24 tá chegando, todos tem os seus interesses para que possamos juntos construir o nosso plano de governo para Goiânia.

Vassil Oliveira: Nesse momento, não há compromisso de nenhum desses partidos com sua reeleição?

Estamos buscando sempre isso. A ideia é buscar fortalecer a gestão neste momento e nesses meses que faltam para concluir nosso mandato, mas caso haja o fortalecimento e o interesse da nossa parte para que possamos prosseguir o nosso mandato haverá essa conversa com esses partidos que já estão sentados conoscos.

DK: O PP já indicou que se entrar na gestão, a discussão de 2024 fica para 2024. Como o senhor vê isso?

Se o PP tiver comigo em 2024 preparando essa gestão, a ideia é fantástica. O PP é um partido reconhecido, com muita responsabilidade e transparente e no país é forte que sabe fazer acontecer as questões de plano de governo. O Republicanos com o PP já tem um diálogo desde o ano passado quando iniciou-se a questão da federação mas ambos decidiram não caminhar com essa configuração. Além do Alexandre Baldy ter essa conversa e um bom relacionamento com o Marcos Pereira. Agora estamos finalizando essa conversa para que o PP esteja com a nossa gestão.

Eu acredito que o governador Ronaldo Caiado tem sim uma esperança que eu me viabilize. Claro, estamos trabalhando para isso, o trabalho não é fácil.

Rogério Cruz sobre apoio do chefe do executivo em 2024

VO: O senhor hoje tem o apoio do governador Ronaldo Caiado? Como está sua conversa nesse sentido com o governador?

Eu acredito que as conversas e diálogos que sempre foram bons com o governador Ronaldo Caiado são importantes. Mas quando se trata de política, cada um quer buscar o seu espaço e o espaço que o governador busca neste momento é a pessoa que vai se viabilizar. E isso acontece em qualquer lugar, seja partidáriamente falando, seja governos ou não. Eles procuram um candidato que viabilize fortalecendo a candidatura. Eu acredito que o governador Ronaldo Caiado tem sim uma esperança que eu me viabilize. Claro, estamos trabalhando para isso, o trabalho não é fácil. É árduo mas com certeza, com uma equipe de excelência que temos hoje no governo municipal iremos alcançar nosso objetivo.

AT: Pergunta curiosa: como acontecem esses diálogos?

São diálogos políticos. Eu e o governador somos dois executivos, posso abrir aspas que somos os principais do estado de Goiás. Eu estou na capital e ele é governador de Estado. Acredito que todo o diálogo traz benefícios. O governador Ronaldo Caiado sempre foi um homem de diálogo e eu gosto de diálogos. Nesses diálogos acontecem conversas políticas para que possamos trazer, primeiro, eu em Goiânia e ele em Goiás, e é óbvio que se Goiânia consegue fortalecer o Governo de Goiás com certeza o Governo de Goiás apoia a capital. É uma via de mão dupla. O governador sempre tem sido muito solicito as nossas conversas e demandas. O governador é muito aberto aos diálogos e temos tido conversas positivas e eu acredito que quando chegar o momento certo de tratarmos o assunto concernentes de 2024 com certeza ele terá portas abertas. 

Rogério Cruz (Republicanos), ao lado do governador Ronaldo Caiado (União Brasil): republicano esperançoso em se viabilizar para caminhar com o governador em 2024 (Foto: Prefeitura de Goiânia)

VO: Quais os partidos que o senhor veria dificuldade em conversar? Que não haveria possibilidade de um projeto político?

Todos os partidos que entram para colaborar numa gestão são bem vindos. Acredito que a partir do momento que você passa a dialogar com partido é porque há interesse em ajudar a gestão. Eu tenho um bom relacionamento com os deputados estaduais do PT, tenho bom relacionamento com deputados e vereadores de outros partidos até de outras bases. Nada impede que o diálogo aconteça para fortalecer a gestão na capital.

Eu tenho um bom relacionamento com os deputados estaduais do PT, tenho bom relacionamento com deputados e vereadores de outros partidos até de outras bases.

Rogério Cruz sobre relacionamento com partidos oposicionistas

AT: As votações do Republicanos, seu partido, tem mostrado uma aproximação com a base do Governo Federal. Como o senhor vê isso?

O presidente Marcos Pereira sempre deixou bem claro que o Republicanos seria um partido independente e que busca harmonia com o Governo Federal. E ele é muito aberto para isso. Como sempre digo, o diálogo resolve muitos problemas. Marcos Pereira é do diálogo e de ouvir e tomar decisões não precipitadas mas decisões corretas que possam saber que as pessoas entendam que o Republicanos está ajudando o país. Se o presidente Marcos Pereira tem aberto esse diálogo com o Governo Federal é para benefício do próprio país.

AT: Mas seu partido nunca apoiou o governo Lula e sempre andou com Bolsonaro. Não seria uma incoerência?

A democracia é uma coisa muito bacana. Ela é livre e os partidos também são livres. A partir do momento que os parlamentares assume a sua cadeira e quer fazer jus aos votos que recebeu dos eleitores ele vai trabalhar de uma forma que possa colaborar com a gestão de quem está a frente, no caso lá, do governo Lula. Eu vejo uma oportunidade de que o parlamentar, ele consegue sentar a mesa e dialogar colocando a mesa aquilo que o partido pensa e toma. O Republicanos não trabalhou com o Governo Federal mas se o Governo Federal tem vantagens em beneficiar a população, não tenho dúvidas que o parlamentar do Republicanos estará junto com o Governo Federal para alinhar e trazer benefícios a população.

Eu respeito muito o vice-governador mas o diálogo tem de acontecer, além de conversamos com a bancada do MDB e com o presidente metropolitano, Henrique Alves e agora chegaremos ao presidente estadual

Rogério Cruz sobre conversa com Daniel Vilela

DK: Há um diálogo com o presidente do MDB, Daniel Vilela para tratar sobre eleições 2024? O que falta para que ele ocorra?

O presidente do MDB Daniel Vilela, eu tenho sempre estado sentado com a base de vereadores que desde o inicio da gestão, mesmo com tudo que aconteceu, os vereadores eleitos ficaram com a nossa base e estão até hoje, como também os suplentes. Todos os seis vereadores eleitos pelo MDB e os suplentes todos ficaram na minha base. Hoje existe um diálogo e sempre sentamos a mesa com a bancada do MDB que é a maior bancada da Câmara Municipal, inclusive já há previsão de uma agenda com o vice-governador Daniel Vilela para poder discutir a questão de 24 com o MDB.

AT: Mas quando será essa agenda?

Já foi solicitado. Essa semana o chefe do gabinete do vice-governador Pedro Chaves, já entrou em contato com o vereador Henrique Alves para garantir essa agenda que será marcada muito em breve. Todas as agendas que tenho encontrado com o vice-governador são para eventos. Mas para o diálogo partídário tem de ser separado. Eu respeito muito o vice-governador mas o diálogo tem de acontecer, além de conversamos com a bancada do MDB e com o presidente metropolitano, Henrique Alves e agora chegaremos ao presidente estadual.

AT: O Goiânia Adiante é um projeto de governo da gestão Rogério Cruz?

Faz parte também [do plano de Governo do Maguito]. O Goiânia Adiante foi criado dentro do plano de governo, eu não posso desviá-lo. Temos de seguir o plano de governo até o final do mandato. Não tenho dúvidas que o Goiânia Adiante faz parte dessa base. Colocamos como prioridade terminar obras que o governo Iris Rezende e outros governos deixaram.

AT: Tem obras que são problemáticas e refletem em outras. O BRT, por exemplo, que não começou na sua gestão, é uma obra mais problemática porque nunca termina e dá a impressão que tudo está emperrado…

É a mais problemática porque é um projeto de 2009 que se iniciou em 2015 para ser concluído em 2020. Quando se trata de um projeto que vem do Governo Federal temos certas limitações. Mas reconheço o trabalho que foi implantado pelo saudoso Paulo Garcia. Pude conhecer bastante esse processo e hoje poder estar preparando para fazer essa entrega a população, para mim é motivo de alegria. Já conversamos com a empresa que faz parte desse processo, já está garantido a partir de julho. Isso trará uma garantia que o cidadão sairá de casa no horário pontual e voltará no horário pontual.  

VO: O que fazer para chegar em 2024 e evitar ter inúmeras obras não entregues?

Na verdade, todas as nossas obras e projetos estão planejados. Cairam chuvas além dos limites este ano e perdemos o prazo de iniciar alguns dos projetos. No Goiânia Adiante são vários projetos e dentro, temos prioridades que são aqueles que temos a garantia de serem entregues dentro desta gestão. Todos que estão iniciando, são projetos que vamos concluir ainda em 2024.

AT: Qual é o vice dos sonhos?

A decisão de vice é partidária. São conversas com partidos, entra o diretório nacional e estadual, uma gama de pessoas para poder definir isso. Trata-se muito do apoio que aquele partido dará para aquela campanha, e aí, tem as decisões que concretizamos isso. 

AT: Pode ser “A” vice também…

Poderia, claro. Eu já tive oportunidade de ter várias conversas com pessoas, que já falaram do interesse em estar comigo. São vários, não vamos citar nomes. Temos vários nomes. Os partidos e os nomes que existem em Goiás são preparadíssimos. Isso é uma decisão mais pra frente para tomarmos juntos com partidos que estarão conosco garantindo o apoio para 2024.

AT: O senhor disse num jornal da cidade que via a filha do governador Ronaldo Caiado como um bom nome…

É um excelente nome, inclusive eu tive a oportunidade de convidar a Anna Vitória para voltar a Goiânia e ser nossa procuradora. Eu até liguei para o governador Ronaldo Caiado, mas os projetos desenhados dela impediram que ela assumisse o cargo. Mas agradeceu muito. É um nome que é atraente, além da filha do governador, uma advogada muito bem preparada, conhecimento técnico, já foi procuradora do Município seria um dos nomes se a Ana Paula fosse uma vice na prefeitura de Goiânia.

VO: Foi ato falho ter citado a Ana Paula, filha do Iris Rezende ou foi algo proposital?

Ana Vitória [risos]. A Ana Paula ela tem decisões a serem tomadas, ela tem uma família que preza pelo nome de Iris Rezende, tem trabalhado conosco, culturalmente falando para continuar a celebrar nome do Iris. Ela sempre diz isso que quer manter o nome de Iris a vista de todos. Iris foi um icône não só em Goiás, mas no Brasil. Fez uma revolução no Ministério da Agricultura. Vale a pena conversar com a Ana Paula até na cultura. Anna Vitória seria um nome muito importante para todos nós.

DK: O senhor passou por algumas fissuras e ruídos com a Câmara dos Vereadores. Qual o tamanho da sua base hoje?

Todos os vereadores que hoje estão na nossa base, isso já foi demonstrado a alguns dias, são projetos que estão andando na Câmara. Um exemplo são as leis complementares da Câmara, não estão paradas, estão sendo encaminhadas, algumas já passaram pela CCJ outras já foram aprovadas em primeira votação. Os vereadores tem mostrado apoio a nossa gestão. Eu não posso garantir números, mas são positivos quando se trata de projetos do Executivo o que nos dá uma larga vantagem de poder dizer que temos uma base na Câmara, não posso dizer a quantidade mas é uma base que tem construido juntamente conosco inclusive nessas leis complementares que estão tramitando na Câmara.

DK: Pelas contas do líder do Governo, Anselmo Pereira até o fim do ano passado o senhor tinha uma base expressiva de 24 a 26 vereadores. O senhor conseguiu recuperar esses vereadores para o seu entorno?

Posso dizer que a maioria está conosco hoje. 

O prefeito Rogério Cruz (Republicanos) prestigia recondução do presidente da Câmara Romário Policarpo ao cargo (Foto: Jackson Rodrigues)

DK: A relação com Policarpo está pacificada?

O Romário Policarpo tem todas as suas prerrogativas, é meu amigo pessoal, fomos vereadores juntos. Tive a oportunidade de votar a favor dele para estar presidente daquela Casa duas vezes e o Romário tem hoje o poder de ser o presidente da Câmara. Agora, decisões quando se trata de decisões em que o governo municipal toma atitude e a Câmara toma a sua atitude. São dois poderes distintos mas que precisam andar em harmonia. Toda a crítica construtiva é bem vinda e os vereadores têm elas, assim como o presidente da Casa as tem. Estamos buscando soluções para elas.

Quando se trata da decisão do secretariado, a decisão é do executivo porque quem vai trabalhar na secretaria vai trabalhar com o prefeito.

Rogério Cruz em recado a vereadores

VO: A pergunta foi: a relação com Policarpo está pacificada? Porque parece que há alguns ruídos nesse sentido, inclusive com indicações de secretariado por parte do presidente da Câmara…

A decisão de secretariado, por mais que venha um nome indicado do partido como o Avante, por exemplo, a decisão é do executivo. O executivo é quem decide quem assumirá a pasta, por mais que o partido queira entrar ou outro nome apareça para ser colocado a mesa, o executivo vai analisar. Eu vou analisar e dizer se o nome está bom ou não. Mas tudo é definido no Executivo. Os vereadores tem tido um trabalho assíduo com o executivo e é justo que todos tenham seu espaço. Quando se trata da decisão do secretariado, a decisão é do executivo porque quem vai trabalhar na secretaria vai trabalhar com o prefeito. O único secretário que trabalha com a Câmara, é o secretário de Governo.

VO: O senhor evitou falar sobre a relação com o Policarpo nas duas respostas. Esse cuidado todo indica o quê? Há algum problema?

A minha relação com o Policarpo é pessoal e normal. Não temos diferenças, o que quero dizer é que cada um tem o seu momento de construir. O Policarpo tem o seu momento de construir. Se suas críticas são construtivas, são bem vindas. Eu aceito numa boa.  Eu faço questão de respondê-las. O Policarpo tem suas justificativas como presidente da Câmara, mas as decisões do executivo têm de partir do executivo.


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