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Política
| Em 3 anos atrás

Revista Time destaca pré-candidatura de Lula em edição intitulada como “O segundo ato”

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O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), é destaque da nova edição da Revista Time, com data de 23 a 30 de maio. O exemplar destaca a pré-candidatura do político, descrito na capa da norte-americana como “o líder mais popular do Brasil”, além de sua trajetória nos últimos anos, desde a condenação na Operação Lava Jato, prisão, exclusão das eleições de 2018 e a saída da cadeia após anulação de crimes pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

A edição salienta que tal decisão “preparou o terreno para um duelo entre Lula e o atual presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro nas eleições de outubro de 2022”. Além de evidenciar os percentuais de pesquisas, nas quais apontam o petista à frente de Bolsonaro, a Time ressalta que Lula promete “levar o Brasil de volta aos bons tempos da sua Presidência”, encerrada com taxa de aprovação de 83%. “Isso implicaria reavivar uma economia debilitada, salvar uma democracia ameaçada e recuperar uma nação marcada pela segunda maior taxa mundial de mortalidade ligada à Covid-19 e por dois anos de gestão caótica da pandemia”, pontua.

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Em seguida, a revista traz detalhes da entrevista concedida pelo petista ao veículo, no fim do mês. O primeiro questionamento foi voltado ao seu retorno à política. Na ocasião, Lula disse tratar-se de algo do qual nunca desistiu. “A política está em cada célula minha, a política está no meu sangue, está na minha cabeça. Porque o problema não é a política simplesmente, o problema é a causa que te leva à política. E eu tenho uma causa”, afirmou. 

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“Quando deixei a Presidência em 2010, efetivamente eu não pensava mais em ser candidato à Presidência da República. Entretanto, o que eu estou vendo, doze anos depois, é que tudo aquilo que foi política para beneficiar o povo pobre, todas as políticas de inclusão social, o que nós fizemos para melhorar a qualidade das universidades, das escolas técnicas, melhorar a qualidade do salário, melhorar a qualidade do emprego, tudo isso foi destruído, desmontado”, acrescentou, com a ressalva de que o governo começou a ser ocupado após “golpe” à presidente Dilma Rousseff. “Eram pessoas que tinham o objetivo de destruir todas as conquistas que o povo brasileiro tinha obtido desde 1943”, frisou.

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Lula salientou existir a expectativa para que ele volte a presidir o país, pelo fato das boas lembranças do tempo em que foi presidente. De acordo com o político, foi um período onde “as pessoas tinham aumento de salário e os reajustes salariais eram acima da inflação”. Neste sentido, o petista destaca só ter sentido estar candidato à Presidência da República pelo fato de acreditar ser capaz de fazer mais e, ainda, melhor do que já foi feito: “Eu tenho clareza de que eu posso resolver os problemas [do Brasil]. Eu tenho a certeza de que esses problemas só serão resolvidos quando os pobres estiverem participando da economia, quando os pobres estiverem participando do orçamento, quando os pobres estiverem trabalhando, quando os pobres estiverem comendo. Isso só é possível se você tiver um governo que tenha compromisso com as pessoas mais pobres”.

Com relação à guerra na Ucrânia, apontou a OTAN como principal problema, ligado aos Estados Unidos e à União Europeia. “As conversas foram muito poucas. Se você quer paz, você tem que ter paciência. Eles poderiam ter sentado numa mesa de negociação e passado 10 dias, 15 dias, 20 dias, um mês discutindo para tentar encontrar a solução. Então eu acho que o diálogo só dá certo quando ele é levado a sério”, disse. “E agora, às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um culpado”, acrescentou. 

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Sobre Biden, o petista alegou acreditar que o líder não tomou a decisão correta na guerra entre Rússia e Ucrânia. “Os Estados Unidos têm um peso muito grande e ele poderia evitar isso, e não estimular. Poderia ter falado mais, poderia ter participado mais, o Biden poderia ter pegado um avião e descido em Moscou para conversar com o Putin. É esta atitude que se espera de um líder. Que ele tenha interferência para que as coisas não aconteçam de forma atabalhoada”, pontuou. O político também ressaltou que, na condição de presidente da República, caso lhe oferecessem entrada na OTAN, ele não aceitaria. “Porque eu sou um cara que só pensa em paz. Eu não penso em guerra”, salientou.

A reportagem destacou, ainda, em entrevista, que, no Brasil, durante a pandemia, a população negra sofreu um risco de mortalidade maior que os brancos, além de uma taxa maior de desemprego e violência. Questionado a respeito de uma mudança com relação a isso, Lula afirmou se tratar de algo que deve começar a ser ensinado dentro de casa e na escola. Ele ressaltou que o atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, entretanto, estimula o racismo. “O Bolsonaro despertou o ódio, despertou o preconceito”, disse. 

Por fim, com relação aos momentos vividos nos últimos cinco anos, o petista relatou se tratar de algo que ficará marcado. “Se eu dissesse a você que eu não fiquei magoado, que eu não fiquei muito nervoso com os mentirosos que montaram essa quadrilha para me condenar, eu estaria mentindo. Eu tinha consciência do que estava acontecendo no Brasil: o impeachment da Dilma não poderia terminar na Dilma, porque não tinha nenhum sentido fazer o impeachment da Dilma e dois anos depois o Lula voltar a ser presidente da República. Então era preciso afastar o Lula. E como eles não tinham como afastar, eles resolveram construir um rosário de mentiras contra mim para poder me colocar na cadeia”, pontuou.

“Eu me preparei para sair da cadeia sem ódio, sem mágoa, sem ressentimento, apenas lembrando que aquilo foi um processo histórico que eu não posso esquecer. Eu não posso esquecer, mas eu não posso colocar na mesa esse assunto todo dia porque é uma coisa do passado. Eu quero pensar no futuro”, salientou, além de destacar o sentimento de orgulho em provar que um metalúrgico que não tem diploma universitário tem mais competência para governar o Brasil do que a elite brasileira. “Porque a arte de governar é você saber utilizar o coração junto com a razão”, afirmou.

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