O ano de 2021 foi difícil do início ao fim para o setor cultural. Durante os primeiros meses, grandes e pequenos artistas tentavam vencer a crise da pandemia da Covid-19, onde atividades não essenciais permaneceram suspensas, com a realização de eventos de forma virtual. Lives eram comuns, como forma até mesmo de levar arrecadações aos mais afetados.
Enquanto isso, o Big Brother Brasil foi, mais uma vez, um programa de grande repercussão. Consequentemente, a música “Batom de Cereja”, da dupla Israel e Rodolffo, bombou nas plataformas digitais após ser lançada no reality. De lá saíram, também, novos artistas, como a vencedora da edição, Juliette, que consolidou sua carreira como cantora e realizou o sonho de cantar com seus ídolos Caetano Veloso, Gilberto Gil e Chico César.
Em março, uma nova esperança: o início da vacinação contra a Covid-19 no Brasil. Embora a passos lentos, a população enxergava ali uma nova chance. A demora no alcance da idade para a imunização levou, no entanto, diversas pessoas. Dentre elas, grandes artistas como o ator e humorista, Paulo Gustavo, que não chegou a receber sequer a primeira dose da vacina.
Por outro lado, mesmo com duas doses já aplicadas no braço, a Covid-19 vitimou também Tarcísio Meira. Um dos maiores galãs da TV Brasileira, com mais de seis décadas de carreira, o ator morreu aos 85 anos, depois de passar uma semana internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Aos poucos, pôde ser vista uma luz no fim do túnel. Em maio, grande parte das atividades não essenciais eram permitidas com a manutenção de protocolos sanitários para evitar a disseminação do vírus, como a obrigatoriedade do uso de máscaras, distanciamento social e utilização de álcool em gel. Entretanto, na capital goiana, artistas do segmento musical lutavam para retornar ao trabalho. Isso porque os primeiros documentos municipais de flexibilização permitiam o funcionamento de várias atividades econômicas e de lazer, mas não mudavam com relação às apresentações musicais.
Com o passar das semanas, as medidas foram atualizadas e houve flexibilização para voz e violão e, já em julho, a permissão de mais músicos no palco, com os devidos protocolos exigidos. A partir de então, os artistas locais comemoravam, de fato, a conquista da volta das apresentações em bares, boates e demais estabelecimentos.
Já em outubro, um grande evento-teste para a retomada do segmento, permitiu a realização de um show do cantor Gusttavo Lima, para 15 mil pessoas. O evento aconteceu em Goiânia, sob determinações de regras sanitárias. Além do uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social, o público deveria apresentar cartão de vacinação e teste de Covid-19 negativo para ter a permissão para curtir a apresentação de perto.
O que ninguém esperava é que, um mês depois, um dos ícones da música sertaneja seria levado de uma forma trágica. A cantora Marília Mendonça, conhecida como rainha da sofrência, embarcou para um show em Minas Gerais e não voltou. O avião em que a jovem artista estava com sua equipe caiu no município de Caratinga, antes mesmo de chegar ao destino final.
A data era 5 de novembro. Estava prevista, em Goiânia, a volta do projeto Chorinho, promovido pela Prefeitura Municipal. O retorno do tradicional evento de rua, que acontece na cidade desde o ano de 2003, foi adiado em razão do luto. A noite de sexta-feira permaneceu com as ruas e estabelecimentos vazios, sem som, sem graça e sem cor, na capital da música sertaneja, devido à perda.
A morte da estrela goiana mobilizou todo o Brasil. No velório, realizado no ginásio Goiânia Arena, diversos artistas e amigos lamentaram o ocorrido. Dentre eles, Luiza, da dupla com Maurílio, que agora chora a morte de seu parceiro. No penúltimo dia do ano de 2021, o setor cultural sofre, mais uma perda. Maurílio foi internado após passar mal durante a gravação de um DVD e sofrer três paradas cardíacas. Diagnosticado com tromboembolismo pulmonar, o cantor, dono da segunda voz da dupla, permaneceu duas semanas no hospital.
Também nos últimos dias do ano, o cantor Zé Neto, da dupla com Cristiano, informou ter sido diagnosticado com monilíase oral. De acordo com a assessoria da dupla, a infecção é causada por um fungo em razão do uso de corticóide para tratar focos de vidro fosco no pulmão. Deste modo, as cantoras Maiara e Maraísa farão a substituição dos artistas no réveillon “Volta ao Mundo”, que será realizado no Cel da OAB, em Aparecida de Goiânia.
Integrantes do projeto “Patroas”, criado em parceria com a cantora Marília Mendonça, a apresentação da dupla será dedicada em homenagem à amiga, com a esperança de um 2022 melhor, cheio de vida e saúde.