O senador Renan Calheiros (MDB-AL) defendeu a convocação do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, na reta final dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. A convocação do chefe da pasta, no entanto, não tem consenso entre os integrantes do colegiado.
A convocação de Braga Netto chegou a ser solicitada por alguns senadores, como Renan e Alessandro Vieira (Cidadania-SE), mas não foi aprovada. O argumento é ouvir Braga Netto sobre o período em que ele chefiou a Casa Civil, responsável pela articulação do governo na pandemia de covid-19.
A pressão para o depoimento do ministro da Defesa aumentou após Braga Netto assinar uma nota com os comandantes das Forças Armadas criticando o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). O senador atacou o que chamou de “lado podre das Forças Armadas” ao determinar a prisão do ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias, ex-integrante da Força Aérea Brasileira (FAB).
A CPI mira na atuação de militares no Ministério da Saúde no período em que Eduardo Pazuello chefiou a pasta e promoveu a nomeação de uma série de integrantes e ex-integrantes das Forças Armadas em cargos estratégicos. Por isso, a comissão quer implicar os militares nas denúncias contra o governo por atos praticados na pandemia. Outro alvo de um novo depoimento é o ex-secretário-executivo do ministério Elcio Franco.
“Ele (Braga Netto), mais do que qualquer um, por ter sido o coordenador do comitê de enfrentamento da covid, precisa vir. Mas esse é o ponto de vista do relator. Para que seja o ponto de vista da comissão, nós precisamos ter maioria nesse encaminhamento”, disse Renan Calheiros em entrevista a jornalistas no Senado.
Por Daniel Weterman, Estadão Conteúdo