O secretário da Retomada, César Moura, demonstrou preocupação com os efeitos da aprovação da reforma tributária para o setor cultural e alegou que ainda não sabe como os valores destinados à área serão obtidos, uma vez que os recursos são provenientes do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é estadual e será extinto. As declarações foram dadas ao editor do Diário de Goiás, Altair Tavares, durante a prestação de contas do programa Claque Retomada Cultural, na manhã desta segunda-feira (10/7).

“Não sabemos ainda. Escutamos falas de deputados que ficaram favoráveis à reforma, mas não está escrito. Abrimos o texto e não encontramos onde está. A nossa preocupação é que isso vai ser discutido posteriormente. Vamos discutir isso num cenário onde o Governo Federal já tem [as leis] Paulo Gustavo e Aldir Blanc 2, onde já tem Lei Rouanet. Vamos ter ambiente lá para esses mesmos deputados aprovarem mais incentivos para os Estados?”, questionou.

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O que preocupa o secretário é a extinção de programas como a Lei Goyazes e Fundo de Arte e Cultura (FAC). “Hoje em Goiás a gente tem R$ 40 milhões da Lei Goyazes. A gente não tem mais fonte, não tem como aplicar a Lei Goyazes depois da reforma tributária. O Fundo de Arte e Cultura (FAC) tinha uma boa parte dele que vinha do Produzir, do incentivo fiscal. Não vai ter mais incentivo fiscal a partir de 2025”, explicou Moura.

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Para o titular da Retomada, é necessário saber em que cenário a manutenção dos recursos para projetos culturais será discutido.

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“A gente viu uma aprovação de uma reforma tributária com chuva de emendas, na madrugada. Vai ter esse mesmo esforço do Governo Federal para aprovar uma lei de cultura? A gente não espera e o texto que está hoje lá não tem nada. Aí eu vejo outros problemas. Tem setores que pagavam imposto municipal, ISSQN, e agora vão pagar um percentual do novo imposto que, em qualquer alíquota que você colocar, é mais do que o imposto municipal. A gente teve um aumento também de tributação para o setor cultural e para quem presta o serviço para essas atividades. São muitas dúvidas que eu acho que, se a gente tivesse tido tempo para discutir uma lei tão importante para o Estado e para o país, poderíamos tirar essas dúvidas”, pontuou.

Leis de incentivo após a reforma tributária

César Moura revela pessimismo em relação ao tema. E afirma que, se os incentivos não vão acabar, os deputados precisam incluir a forma como será feita no texto da reforma tributária, mas acredita que não haverá esforços.

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“Essa insegurança que vai ser discutida depois é que a gente sabe que não vai ter esse esforço do Governo Federal, com R$ 7 bilhões para aprovar uma reforma em uma noite, não vai ter quando tiver que ser aprovado um benefício para o setor cultural”, criticou.

De acordo com o secretário, todas as leis de incentivo à cultura terão que ser refeitas com a aprovação da reforma. “O pessoal tem que entender que se eu acabei com a fonte que alimenta um fundo, eu acabei com o fundo. E o que foi feito nessa reforma foi acabado, dessa parte”, detalhou.

Além da questão cultural, César Moura falou sobre a necessidade de reconstrução do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO), que terá o mesmo problema.

“A gente sabe que os governos federais, ano após ano, tentam acabar com o FCO. E agora ele tem que ser recriado, porque acabou a fonte do fundo. Então, a nossa preocupação é essa. Foi muito difícil colocar lá em 88, o Fundo Constitucional do Centro-Oeste e agora a gente tem que fazer de novo. Então, as pessoas [tem que] entender a complexidade do que foi votado. Não é uma coisa simples”, reiterou.

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