O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse, durante entrevista à Rádio Jangadeiro, do Ceará, na manhã desta quinta-feira (7), que reconstruir o Brasil será uma tarefa imensurável. O ex-presidente disse ainda que se sente orgulhoso por ter a confiança do povo brasileiro, 12 anos depois de ter deixado a presidência e após de ter passado por tudo o que passou.
“Reconstruir o país depois da destruição será uma tarefa imensurável. Será coisa muito grande” Fico muito feliz quando vejo que depois de 12 anos que deixei, depois de tudo que fizeram comigo, me consideram melhor presidente. Isso me deixa muito feliz”, destaca Lula.
Lula comentou também sobre a possível aliança com o PSB para ter o ex-governador paulista Geraldo Alckmin como vice. De acordo com o petista, tudo começará a ser analisado a partir desta sexta-feira (8), após reunião com o partido. Segundo Lula, essa será uma aliança forte para trabalhar pela reconstrução do Brasil para fazer o país voltar a crescer.
Ainda de acordo com Lula, o que está na disputa, é a democracia contra o autoritarismo do atual governo. “A disputa vai se dar entre democracia e autoritarismo, como vemos o atual governo brasileiro. Bolsonaro não é adversário, sempre se comporta como inimigo, com muita agressividade”.
Ainda durante a entrevista, o ex-presidente relembrou a relação com o setor produtivo e da criação, em seu governo, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que reuniu empresários e sindicalistas para discutir políticas e que teve muitas das ideias incorporadas pelo governo.
“Qualquer empresário sabe que nunca antes foram tratados com dignidade, decência e respeito que eu tratei. Sou o único presidente da história do Brasil que criou um Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Eram 90 empresários, junto com sindicalistas, que participavam para ajudar o Brasil a elaborar as políticas nesse país”, ressaltou.
Para Lula, essa relação é essencial para voltar a colocar o Brasil nos trilhos, já que o país passa por um momento de falta de credibilidade no cenário internacional, e que ela precisa ser recuperada para voltar a voltar a receber investimentos estrangeiros.
“É bastante viável que para a gente recuperar o país, a gente vai ter que fazer investimentos fortes no setor de infraestrutura e que a gente vai ter que voltar a conquistar a credibilidade de investidores externos para fazer investimentos produtivos no país. E aí o governo vai ter que tomar uma atitude para ter credibilidade. Se o governo não tiver credibilidade e a sociedade não acreditar, a chance do Brasil voltar a crescer é mínima”, disse.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a inflação que corrói a renda dos trabalhadores brasileiros poderia estar sob um maior controle do governo, se a atual administração fizesse seu trabalho.
“Hoje as coisas estão caras e o povo não está consumindo como já consumiu. A cenoura teve um aumento de 384% ao ano. Por isso, falo que precisamos voltar a comer um churrasquinho, com carne ou legumes, porque precisamos recuperar o poder de compra do povo”, disse o ex-presidente.
Lula afirmou que a falta de responsabilidade do governo Bolsonaro influencia diretamente na inflação e, por consequência, na queda do poder de compra do povo brasileiro nos últimos anos. “Não temos uma inflação de consumo, 50% da inflação brasileira hoje é de preços administrados pelo governo. É energia elétrica, é gasolina, é óleo diesel, é o preço do gás, preços que o governo poderia controlar e não está controlando”, ressaltou.
Além do descontrole em preços administrados pelo governo, o ex-presidente também falou sobre outra medida desastrosa do governo, que afetou diretamente o preço dos alimentos no Brasil: o fim dos estoques reguladores mantidos pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
“A gente tinha no nosso tempo a Conab, que funcionava como estoque regulador. Você guardava feijão, milho, quando o preço começava a subir, você começava a liberar para ajudar a reduzir o preço. A Conab acabou, não tem mais estoque regulador. O governo agiu com muita irresponsabilidade, inclusive no controle da inflação. O povo não está podendo comprar carne, não está podendo comprar nem a nossa querida macaxeira”, criticou.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender hoje a reconstrução do potencial de refino de combustíveis da Petrobras para evitar que o Brasil faça importação de derivados do petróleo e os preços deixarem de ser “dolarizados”.
“O Brasil está exportando óleo cru, quando na verdade a gente poderia estar exportando derivados a um preço muito maior e o Brasil ganhando muito mais”, disse, afirmando também não fazer sentido a gasolina estar R$ 7,50 e o óleo diesel R$ 6,80, em Fortaleza. “Poderia custar menos, é só aumentar a capacidade de refino daquele produto que nós temos de forma suficiente no Brasil. Então, nós precisamos fazer as refinarias. Em vez de fazer, eles estão vendendo as refinarias e quem comprou não vai baratear preços”, disse.
Lula afirmou que a irresponsabilidade administrativa dos governos que sucederam o PT levou ao desmonte da Petrobras, à decisão de vender a BR e de não dar continuidade a projetos de refinarias que estavam em curso nos governos dele e da ex-presidenta Dilma Rousseff.
“A irresponsabilidade deles paralisou refinarias. Se tivessem continuado, as refinarias do Ceará e do Maranhão já estariam prontas”, disse criticando também o argumento de que a venda da BR Distribuidora traria concorrência e redução de preços. Segundo o ex-presidente, hoje são 392 empresas importando gasolina, o que faz com que os preços sejam “dolarizados”, ou seja, reajustados conforme a variação do mercado internacional.
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