O prefeito de Senador Canedo, Fernando Pellozo (PSD) está completando seu primeiro ano de mandato à frente da gestão administrativa da cidade. Pegou uma cidade com problemas no saneamento e vivenciando o que qualquer outro município no mundo também estivesse: a pandemia do novo coronavírus em seu vácuo. Em entrevista ao Diário de Goiás, o pessedista faz um balanço do seu primeiro ano de mandato.
A crise hídrica na cidade é um problema quase endêmico para Senador Canedo. Mas Pellozo diz que vai resolver. Só esse ano, foram investidos mais de R$ 30 milhões, de acordo com o gestor. Para os próximos três anos, serão R$ 120 milhões. “Totalizando 150 milhões para garantir água para os próximos 50 anos”, promete.
Para além da falta d’água e de uma pandemia em curso, Pellozo enfrentou problemas políticos de relacionamento com a Câmara dos Vereadores e viu seu mandato ameaçado sem ter sequer completado seis meses à frente ao cargo mas as arestas foram resolvidas. “Eu assumi voltado exclusivamente para resolver problemas e muito preocupado apenas na parte técnica, acabei não fazendo a natural composição com a Câmara dos Vereadores e passei pelos problemas que passamos. Estabelecido o diálogo e aberto o espaço na gestão a resposta foi a melhor possível e hoje a Câmara tem nos ajudado a resolver problemas e tem apontado também as falhas e nos ajudado a buscar soluções”, destaca.
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DG: Como avalia e qual o balanço faz do seu primeiro ano de mandato frente à Prefeitura de Senador Canedo?
Fernando Pellozo: Foi um ano de muito aprendizado e o que conseguimos avaliar com positividade foi a questão de ter resolvido o problema histórico da falta de água. Eu moro aqui há 29 anos e sempre houve. Com as ações que a gente fez nas ações da empresa municipal, a Sanesc, conseguimos preparar Senador Canedo para que não houvesse falta de água por problemas de manutenção ou logística. Esse foi um aprendizado. O outro foi ser prefeito em plena pandemia. Pegamos a cidade sem um leito de UTI e através de parceria com o Governo do Estado, conseguimos implantar 91 leitos no auge da pandemia. Hoje estamos com 10 leitos e num total de 41 leitos contando com as enfermarias. Foi um ano desafiador ainda mais para a gente que é prefeito de primeira viagem.
DG: O que foi feito para resolver o problema da gestão hídrica de falta d’água?
FP: Na questão da água, fizemos um investimento total de 30 milhões este ano. DUrante os próximos três, pretendemos investir mais 120 milhões, totalizando 150 milhões para garantir água para os próximos 50 anos. Contamos com o apoio do Ministério Público e com empreendedores que através de Termos de Ajustamento de Conduta junto ao MP adiantaram dinheiro para garantir que as obras fossem feitas em tempo hábil porque em serviço público as vezes é muito burocrático licitações. Assumimos no dia 1º de janeiro com bairros que estavam há 20 dias sem água e não dava tempo para licitar. Através do MP e em parceria com os empreendedores, conseguimos recursos em tempo hábil para fazer o que chamamos de plano emergencial, que concluímos recentemente, com prazo dado pelo MP, porque ele é parceiro no sentido de garantir o serviço da população. Se passasse da época, tinha multa.
DG: O senhor assumiu com uma pandemia em curso. O que foi feito e o balanço que faz da saúde?
FP: Na saúde, o Estado investiu mais de R$ 10 milhões nesses leitos de UTI que foram disponibilizados e infelizmente foi uma das pastas que pegamos mais prejudicadas no ponto de vista financeiro. Até o último cálculo que fizemos, o déficit de dívidas, contas a pagar, fornecedores, da Saúde, o que ela deixou de arrecadar chegava a 37 milhões este ano. Foi um ano de muito desafio para a saúde. Estamos finalizando a pandemia mas temos em frente uma epidemia de dengue aqui no município, por parte, um pouco também da questão do não-cuidado com os lixos e lotes baldios. A Prefeitura já retirou 140 mil toneladas de entulho na cidade este ano, mas ainda permanece muito lixo. A gente tira e infelizmente vão colocando. Pedimos apoio para a população nos ajudar a cuidar da cidade.
DG: Com relação a dengue, o senhor tem dados sobre como a epidemia tem se comportado na cidade?
FP: São bem recentes. Essa epidemia, há duas semanas, deflagrou aqui em Senador Canedo. Eu não tenho números atuais, mas nossas unidades de Pronto Atendimento, as UPAs, estão recebendo uma demanda muito grande de pessoas que acabam tendo diagnóstico de dengue.
DG: Parece que é algo que tem afetado toda a Região Metropolitana…
FP: Sim, até vendo uma fala da Flúvia [Amorim, Superintendente de Vigilância da Secretária de Estado de Goiás], o que houve é que a dengue e a gripe são problemas sazonais. Tem épocas que essas doenças acontecem que é no começo da chuva. Aqui pegou a gente de jeito porque foram números acima do esperado.
DG: Falando sobre política, o senhor passou por momentos turbulentos nos primeiros meses de mandato com alguns problemas junto à Câmara dos Vereadores. Qual o balanço que faz desse relacionamento? Conseguiu resolver os problemas?
FP: Tudo foi resolvido com diálogo. Eu assumi voltado exclusivamente para resolver problemas e muito preocupado apenas na parte técnica, acabei não fazendo a natural composição com a Câmara dos Vereadores e passei pelos problemas que passamos. Estabelecido o diálogo e aberto o espaço na gestão a resposta foi a melhor possível e hoje a Câmara tem nos ajudado a resolver problemas e tem apontado também as falhas e nos ajudado a buscar soluções. O cenário hoje é dessa harmonia e dessa ajuda, seja cobrando, seja trazendo soluções.
DG: Sobre o futuro, quais as expectativas para o segundo ano de mandato?
FP: Vamos ter uma leve perda na arrecadação em 2022 e isso nos leva a trabalhar com mais atenção na questão de folha de pagamento. Vamos ter que começar 2022 um pouco mais leve porque a previsão é que a arrecadação seja um pouco menor devido a mudança de cálculo do COINF e Canedo é onde temos a base do polo petroquímico e boa parte da arrecadação está vinculada ao combustível.
DG: Porque haverá essa queda de arrecadação?
FP: A fórmula que estão reduzindo o combustível é reduzindo impostos e é onde os combustíveis dependem desses impostos para a arrecadação de receitas. A tendência é que Senador Canedo tenha uma queda de arrecadação.
DG: A criação de hospitais tem sido o sonho de muitas prefeituras pelo interior. Senador Canedo também tem algum projeto nesse sentido?
FP: Devido às condições adversas de pandemia e pegar a Prefeitura endivida fazer o hospital até seria tranquilo, mas manter um hospital seria muito caro. Nesse biênio 2022, 2023 estamos cogitando fazer parceria público-privada com uma entidade ou empresa que construa um hospital e a Prefeitura usufrua dos seus serviços, comprando os serviços com tabela SUS. Isso seria bom porque seria um hospital de alta qualidade, particular, onde a população usuária dos serviços e a Prefeitura pagaria tabela SUS. Estamos construindo essa parceria para que algum empreendedor possa construir esse hospital e a Prefeitura possa usar em forma de parceria público-privada.
DG: Seria uma espécie de OS nos moldes que o Estado faz?
FP: É um convênio mesmo. A empresa construiria o hospital e pagamos pelas cirurgias e os serviços utilizados.