Aava Santiago saiu da favela no Rio de Janeiro, ainda criança, para a periferia de Goiânia, onde construiu uma nova vida e está trilhando uma trajetória política marcada, entre outras pautas, pela defesa dos direitos das mulheres.
Evangélica e presidente municipal do PSDB, a “malocrente” – uma mistura de “maloqueira” com “crente”, como ela mesmo se definiu durante entrevista à GloboNews – ganhou atenção nacional por seu apoio à candidatura do ex-presidente Lula (PT) contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno das eleições.
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Uma tucana com o PT não é algo que se vê todo dia, mas, desde cedo, Aava está acostumada a ser responsável por ações incomuns. Com 11 anos, antes de chegar a Goiás, ela foi eleita presidente do grêmio da Escola Municipal Thomé de Souza e, em seguida, prefeita-mirim da Zona Oeste do Rio de Janeiro.
“Nesta função, desenvolveu uma feira comunitária para que as mães e pais dos alunos fossem à escola ensinar suas profissões e atividades. Para que a feira acontecesse, os estudantes conseguiram parar o tráfico por um dia, um marco inédito na vida da comunidade escolar que, cotidianamente, tinha suas atividades interrompidas pela violência”, diz um trecho de sua biografia em seu site oficial.
Já em Goiânia, aos 16 anos, entrou para a graduação em Ciências Sociais na Universidade Federal de Goiás (UFG) e, pouco depois, começou a trabalhar na Superintendência da Juventude do Estado de Goiás. A partir de então, passou a participar da implementação de uma série de políticas públicas na área de educação, como Passe Livre Estudantil, Goiás Sem Fronteiras e Escola de Líderes.
Em 2016, Aava assumiu como presidente do Conselho Estadual de Juventude, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo. No ano seguinte, lançou o movimento Você Não Está Sozinha com o objetivo de acolher mulheres vítimas de violência.
A primeira candidatura na política partidária foi em 2018, quando concorreu a deputada estadual pelo Avante. Ela não foi eleita, porém, continuou engajada em causas sociais, tendo sido uma das idealizadoras do Núcleo de Enfrentamento à Violência Doméstica na Assembleia de Deus Pedro Ludovico (ADPEL).
Até que, em 2020, obteve sucesso nas urnas. De volta ao PSDB, conquistou uma vaga de vereadora em Goiânia. Na Câmara Municipal, ela preside a Comissão de Educação, Ciência, Cultura e Tecnologia e a Comissão de Direitos Humanos e Cidadania, além de ser Ouvidora da Mulher.
Com um estilo descontraído nas redes sociais, Aava disputou, nas últimas eleições, uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília, mas não conseguiu a vitória. Apesar disso, não se desanimou e se tornou uma das principais vozes, em Goiás, em defesa da eleição de Lula.
“Do lado certo da história, enfrentando o sequestro de nossa fé; por um país mais justo e com menos desigualdades, que defenda as infâncias e as possibilidades de futuro dignas; sem temer perseguições, mas sempre ao lado dos perseguidos”, escreveu a tucana em seu perfil no Instagram, após participar do encontro de evangélicos com o petista, em São Paulo.
Independentemente do resultado na disputa entre Lula e Bolsonaro, Aava terá o desafio de levar adiante pautas mais progressistas em um estado considerado conservador como Goiás. Há quem aposte que ela possa ser a cara da renovação do PSDB, e as eleições municipais de 2024 estão mais perto do que muita gente imagina.