Na manhã desta terça-feira (26/03) o deputado emedebista Paulo Cezar conduziu na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) uma audiência pública que debateu as falhas na prestação de serviço de fornecimento de energia elétrica pela empresa Enel em Goiás. Do evento participaram o deputado Amaury Ribeiro (PRB); o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Eduardo Veras; o produtor rural de Palminopólis Edilberto Marra Carneiro; o representante da Enel, Marco Henrique Pavano; e outros produtores rurais convidados.
Após ouvir muitas queixas com relação a qualidade do fornecimento elétrico e como são mal recebidas as reclamações dos produtores de leite, o deputado Paulo Cezar falou que sua proposta emergencial é que em dez dias a Enel apresente um plano para restabelecer ou amenizar a situação das falhas da energia em Goiás. “Se a Enel não resolver a situação vamos acabar com todas as regalias que o Estado dá para eles. Daqui a dez dias vamos realizar outra audiência para obter essas respostas”, confirmou.
O representante da Enel, Marco Henrique Pavano, demonstrou disposição para encontrar uma solução diante dos problemas causados pela Enel. Ele ressaltou que estava se colocando à disposição de todos os membros da Casa Legislativa e que planos emergenciais existentes continuariam em andamento para tentar sanar todos os problemas.
O deputado Amaury Ribeiro – um dos maiores ativistas na revisão dos contratos com a Enel – se posicionou de forma dura. “A Enel fala muito de investimentos, mas não dá pra entender como houve investimentos, se o quadro demonstra uma piora considerável no fornecimento de energia e nos serviços da empresa como um todo”, afirmou.
Ribeiro disse que, na prática, o produtor rural goiano hoje sequer consegue falar na central da Enel: “Ninguém atende e muitos ficam até quatro dias sem energia elétrica, arcando sozinho com os prejuízos”, reforçou.
O deputado disse que a qualidade da Enel não aumentou, pelo contrário, é vergonhosa. “Mas nem por isso, o preço caiu, pelo contrário, as tarifas aumentaram absurdamente.”
Por fim, Amaury Ribeiro lembrou que a Enel tem um contrato e que, para ser mantido, a empresa precisa entregar melhorias que justifiquem os incentivos, “senão esses incentivos devem ser cortados”.
Estado abriu mão de recursos
Titular da Comissão de Serviços e Obras Públicas da Alego, o deputado Paulo Cezar Martins também é autor do Projeto de Lei que pede revogação dos benefícios concedidos pela Estado à Enel até 2045. “O Estado deveria estar arrecadando e não abrindo mão de recursos em benefício de empresas”, declarou o deputado.
Segundo o parlamentar, o que justificou a apresentação da proposta foi a má qualidade nos erviços prestados pela Enel em todo o Estado. “A empresa precisa melhorar índices em 40%, mas só chegou a 10%. O avanço em qualidade foi muito pouco, além do baixo investimento para a expansão da rede”, disse.
Vale lembrar que está em curso na Alego uma Comissão Parlamentar de Inquérito CPI) para investigar supostas irregularidades na privatização da Companhia Energética de Goiás (Celg), além da qualidade dos serviços prestados pela sua sucessora em Goiás.
Faeg e produtores do interior também participam do debate
O vice-presidente institucional da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Eduardo Veraz também esteve presente na reunião na manhã desta terça-feira e sustentou que a situação dos produtores da cadeia rural, principalmente os produtores de leite, está precária por conta de problemas estruturais.
“No Brasil tínhamos 1 milhão e meio de produtores de leite, hoje temos 1 milhão e 100 mil. Isso quer dizer que temos problemas estruturais e complexos. Dependemos de associações federativas e sindicatos para encontrarmos um caminho viável para o produtor de leite em Goiás”, disse Veraz.
Ele explicou que Faeg tem uma comissão que acompanha todos esses problemas. “Eles elaboraram uma série de estudos com pilares para tratar de novas normas e padrões de qualidade. Para o produtor cumprir isso precisa de premissas como fornecimento de energia, boas estradas. É preciso viabilizar a atividade do produtor”, falou o vice-presidente da Faeg.
Veraz também ressaltou a necessidade de incentivar a cooperação para desenvolver novas tecnologias de produtos e treinamentos para aumentar a produção no campo.
Produtor de leite em Palminópolis, Edilberto Marra Carneiro também lamentou que a falta de energia em sua cidade prejudique sua produção. Ele destacou que teve grandes prejuízos em sua propriedade por conta da qualidade do serviço fornecido pela Enel. “O produtor de leite brasileiro será um dos mais competitivos a nível mundial. Temos condições de produção como nenhum outro produtor. Mas, precisamos de condições para produzir. Precisamos de infraestrutura adequada. Não temos energia e nem estrada adequadas. Há regiões que ficam até quatro dias sem energia”, destacou.
Não bastasse um serviço ruim, Carneiro também reclama do atendimetno fornecido pela empresa italiana. “Tive um caso seríssimo em minha fazenda e até hoje a Enel não tomou nenhuma providência”, contou.
Edilberto Marra falou ainda que os produtores de leite estão encaminhando várias propostas para o Governo de Goiás. “Nossa proposta sustenta que qualquer indústria goiana que importasse leite perdesse o incentivo fiscal correspondente ao volume importado. Isso é uma questão de justiça. É a hora de valorizar o produtor goiano que está competindo em condições desleais com outros países”, finalizou.
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