Um grupo de pessoas promoveu, um beijaço no restaurante Carne de Sol 1008, localizado no setor Pedro Ludovico Teixeira, em Goiânia, após um suposto caso de homofobia contra um casal de homossexuais no estabelecimento. O evento foi promovido pela internet e tinha horário marcado às 13h deste domingo (14). Nem a chuva forte que caiu na capital no domingo impediu a realização do protesto.
Os manifestantes se concentraram no Parque Areião e foram a pé ao restaurante pela rua 1008. Embaixo da chuva torrencial foi lido um protesto em frente ao estabelecimento.
A descrição do evento na rede social Facebook diz “Dia após dia, casais gays são discriminados em bares e restaurantes, que acham que não há problema em nos cutucarem e dizer ‘Poderiam parar de se encostar? Isso aqui é ambiente de família’, como se fôssemos todos peças de afronta à sociedade”.
De acordo com reportagem divulgada pelo jornal O Popular, o advogado do restaurante, Cláudio Camozzi, acompanhou o protesto de perto nos dois restaurantes. Segundo ele, houve excessos por parte do casal, além de negar as ameças. De acordo com o advogado, a pedido de outros clientes, um garçom teria pedido para que os dois diminuíssem as carícias. O defensor disse ainda que os rapazes só foram abordados pelos garçons porque tentaram sair sem pagar a conta.
VEJA O TEXTO DO PROTESTO:
Senhoras e senhores clientes, senhor Cleiton José Gonçalves, proprietário do bar e restaurante 1008, e Cidade de Goiânia,
Este é um ato-protesto, mas, antes de tudo, é um ato-manifesto, de respeito à diversidade e à livre expressão de amor. Por isso ousamos dizer que o que trouxemos para essa tarde de domingo é um ato de amor.
Parece simples, mas ainda é mais simples que as pessoas entendam que o amor se manifesta de diversas formas e que todas elas merecem respeito.
Não mais estamos dispostas e dispostos a ouvir “este é um bar familiar”, porque nossas famílias, que estão aprendendo ou já aprenderam a respeitar formas diferentes de amar, se indignam quando voltamos destruídos, desmoralizados, violentados por gente que não se presta a saber o que é realmente o amor ou mesmo a empatia. Se nossas famílias vêm aprendendo, a sociedade também pode. E deve. E eu gostaria de lembrar que a Idade Média já acabou faz tempo.
Não estamos mais dispostas e dispostos a ouvir que o lugar dos negros é na senzala, que o das mulheres é na cozinha, das travestis na prostituição forçada, e que o lugar de gays, lésbicas e transexuais é no armário. O lugar das pessoas é onde elas quiserem.
Estamos em todos os lugares. Não vamos mais ser violentados. Não vamos mais ser tratados como cidadãos de segunda classe. Se o dinheiro hétero vale, o nosso também vale. Se as carícias hetero valem, as nossas também valem. Exigimos respeito! Exigimos direitos iguais, nem menos, nem mais!”. 1008, Nunca mais!
Este ato-manifesto é oferecido também, e principalmente, a todas as pessoas LGBTs que não aparecem nos jornais. Que têm suas vozes silenciadas pela exclusão e por todos os outros tipos de violência. Este é um ato-manifesto pelas afeminadas que são xingadas nas ruas, pelas lésbicas que apanham dos pais de suas companheiras, pelas pessoas trans que não têm seus nomes respeitados e pelas centenas de travestis que são assassinadas de forma brutal nesse país.
Um estabelecimento como esse não ignora apenas a lei maior desse país, a Constituição, no seu artigo 5º, em que todos são iguais perante a lei. Um estabelecimento como esse ignora o que possa ser o amor. Esse, sim, um crime que não cabe à lei julgar.
Este ato é, portanto, um ato de amor que compartilharmos com vcs. Boicote à homofobia, e um viva o respeito às diferenças!
Atualizada 15/02/16 às 12:08
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