23 de novembro de 2024
CRÂNIO INTACTO • atualizado em 14/10/2023 às 19:00

Procedimento inédito trata aneurisma cerebral na rede pública de Goiás

Técnica usa imagens que dispensam a abertura do crânio e tem uma eficácia estimada em aproximadamente 95%
Imagem durante o procedimento realizado na paciente do HGG - Fotos: Idtech
Imagem durante o procedimento realizado na paciente do HGG - Fotos: Idtech

A Secretaria Estadual de Saúde divulgou a realização de uma cirurgia inédita em Goiás para tratamento de aneurisma cerebral. O procedimento é minimamente invasivo, com uso de imagens que dispensam a abertura do crânio, e foi realizado gratuitamente em uma paciente de 53 anos, com recursos do Fundo Estadual de Saúde. O custo apenas com materiais especiais (OPMEs) foi de R$ 76 mil.

O procedimento foi realizado no Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) com a participação do neurocirurgião Michel Frudit, que veio de São Paulo para auxiliar a equipe do HGG, conforme divulgado pelo governo estadual.

Sem dor ou trauma

“Esse tipo de técnica serve para tornar algo que é muito complexo em algo simples. Então, se for bem feito, vai ser um procedimento muito tranquilo, rápido, muito pouco invasivo, nada doloroso ou traumatizante para o paciente”, explicou Frudit.

A cirurgia foi feita totalmente por imagem, com o auxílio de quatro monitores, ligados a um aparelho de hemodinâmica moderno avaliado em mais de R$ 2 milhões, adquirido pelo Estado há cerca de um ano.

“O equipamento serve como se fosse uma extensão dos nossos óculos. Os materiais especiais utilizados levam o mesmo nome dos stents, que são utilizados em outros órgãos, mas não tem a função de dilatar ou de abrir alguma coisa que está entupida. Aqui, a função desse stent é eliminar o fluxo dentro do aneurisma”, detalhou o especialista.

Segundo ele, esse tipo de cirurgia tem hoje uma eficácia de aproximadamente 95%.

Cuidados especiais

A situação da paciente requereu cuidados especiais, tendo em vista que a mulher possui comorbidade (hipertensão arterial) e fatores genéticos ligados ao aneurisma cerebral, como a morte do pai e do irmão pelo mesmo problema de saúde.

O médico neurorradiologista intervencionista do HGG, Antenor Tavares explicou que “o aneurisma cerebral, uma vez que ele cresce, principalmente em pacientes hipertensos, que é o caso, pode levar à ruptura, chamada hemorragia subaracnóidea, com um prognóstico, ou seja, uma mortalidade de 50% aproximadamente”. Ele já fazia o acompanhamento do caso e liderou o procedimento realizado ontem.

De acordo com o médico e chefe do serviço de neurocirurgia do HGG, Herbert Almeida, o aneurisma é uma das patologias intracranianas mais complicadas, com alto índice de mortalidade.

Aprendizado

A equipe do hospital, já capacitada para lidar com situações como essa, agora conta com nova técnica, que deverá auxiliar centenas de pacientes.

“A gente tem algumas opções de tratamento, uma delas é a abordagem direta por cirurgia aberta, com clipagem do aneurisma, que nós fazemos aqui. Outra opção é a intervenção endovascular, que é o que foi feito hoje. São poucos hospitais que têm essa opção no Brasil”, afirmou.

O médico Antenor Tavares ressalta que a paciente recebeu alta neste sábado, e a expectativa é de uma recuperação rápida. “A paciente está com pressão normal, sem cefaléia (dor de cabeça) e sem queixas. A recuperação neste caso foi em tempo recorde, além disso, ela teve alta da Unidade de Terapia Intensiva sem nenhum déficit. A partir de agora fará o tratamento contínuo com uso de medicamentos e exames de prevenção, para monitoramento da saúde”, conclui.


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