O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou durante palestra promovida pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta segunda-feira (22), que divergências entre o banco e o governo federal afetam a inflação. De acordo com ele, isso influencia diretamente na alta das expectativas.
Para Campos Neto, “o ruído entre o governo e o Banco Central gerou uma incerteza em relação a capacidade do Banco Central de atingir os objetivos”, pontuou. No entanto, o presidente do BC afirma que não vê problemas com as críticas recebidas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em diversas ocasiões, Lula mencionou sua contrariedade quanto às taxas de juros cobradas pelo BC. Entretanto, Campos Neto acredita que é um direito do presidente não concordar. “O presidente tem direito de entrar em um debate sobre taxa de juros que está acontecendo em vários outros países”, ponderou.
Com efeito, o presidente do BC defende as manobras feitas ano passado para conter a inflação, entre elas, o aumento da taxa básica de juros. “Se a gente não tivesse autonomia, o período de eleição brasileira teria mais volatilidade nos mercados. Óbvio que é difícil comprovar isso”, destacou.
Apesar das críticas sobre a alta, o Boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira (22), aponta a redução na previsão de inflação do mercado. O resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é de queda de 6,03% para 5,8% este ano. Para 2024, a projeção da inflação ficou em 4,13%. Já em 2025 e 2026, as previsões são de 4% para os dois anos.
Por fim, o presidente do BC diz acreditar que aumentar a meta de inflação não traria efeitos positivos. “Mudar a meta agora para cima não geraria flexibilidade [para a política fiscal do governo]”, disse. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação é de 3,25% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 1,75% e o superior, 4,75%.
Com informações da Agência Brasil