Em entrevista ao Diário de Goiás, o presidente do SindiGoiânia, Ronaldo Gonzaga, fez duras críticas à postura do prefeito Sandro Mabel (UB) e apontou uma série de ações que, segundo ele, prejudicam os servidores públicos e a administração municipal. Gonzaga, que lidera o sindicato que representa os servidores da capital, não poupou palavras ao comentar sobre o tratamento dado pelo prefeito aos trabalhadores da prefeitura e as alegadas manipulações financeiras no município.
“Na verdade, o prefeito Mabel vem da iniciativa privada e tenta tratar o servidor público como se fosse da iniciativa privada, mas é totalmente diferente, tá?”, afirmou Gonzaga. Para o presidente do SindiGoiânia, a tentativa de aplicar práticas do setor privado no serviço público tem gerado consequências negativas para os servidores, especialmente no que diz respeito aos cortes de benefícios essenciais.
Em relação à situação financeira da prefeitura, Gonzaga refutou a alegação do prefeito de que a crise está diretamente ligada à folha de pagamento. “O servidor efetivo não é o que onera o município”, afirmou Gonzaga, destacando que, embora reconheça a importância dos comissionados na administração, o excesso de cargos comissionados seria um dos maiores responsáveis pelos custos elevados, e não os servidores efetivos.
Em sua fala, Gonzaga também questionou a veracidade da dívida municipal, alegando que os quase R$ 4 bilhões mencionados são exagerados e parte de uma tentativa de “vender o caos”. Ele expressa desconfiança de que essa dívida não seja real, sugerindo que a situação está sendo manipulada para justificar a implementação de um projeto de calamidade financeira. Gonzaga também menciona que irá investigar o fundo previdenciário e cobrir a administração sobre possíveis irregularidades.
Em suas redes sociais Gonzaga também se pronunciou sobre o assunto e a opinião dos internautas sobre as recentes declarações do prefeito Sandro Mabel sobre os servidores públicos municipais é unânime em sua crítica. Muitos apontam que o prefeito tem utilizado a mídia para demonizar a categoria, destacando uma pequena minoria de servidores que, segundo eles, não reflete a realidade da grande maioria dos trabalhadores da prefeitura. Para os internautas, Mabel tem pintado um retrato distorcido, tratando todos os servidores como se fossem culpados pela crise financeira que a cidade enfrenta.
Um internauta, por exemplo, destaca: “Mabel tá falando como se todo servidor público ganhasse fortunas e nem trabalhasse, sendo que a maioria dos que são desse tipo é porque tem costas quentes com políticos”. Essa frase reflete a indignação de quem sente que a crítica generalizada não representa a realidade da maioria dos servidores, que trabalham de forma séria e dedicada.
Outro comentário reafirma o desejo de que o sindicato tome uma postura mais firme em defesa dos servidores: “Tomara que dessa vez o sindicato tome partido dos servidores que realmente merecem ser valorizados, que não deixe a ditadura tomar conta”, indicando a percepção de que, no momento, os servidores estão sendo injustamente atacados e precisam de proteção. Muitos acreditam que o sindicato, ao assumir uma postura forte, pode ser um aliado importante nesse contexto.
Por outro lado, há internautas que afirmam a importância de reconhecer o trabalho dos servidores que realmente fazem a diferença na cidade. Um deles diz: “O servidor que trabalha, que presta um serviço público de qualidade na cidade de Goiânia e que carrega essa cidade nas costas precisa ser valorizado”, refletindo o sentimento de que muitos servidores estão sendo prejudicados pela forma como a crítica foi feita.
O presidente do sindicato criticou severamente a decisão de Mabel de cortar benefícios como o PBI e o GDI, que são gratificações salariais que ajudam a complementar a renda de servidores de cargos mais baixos. “Tem servidores que ganham um salário mínimo e, com essas gratificações, conseguiam complementar para cerca de R$ 2.500. Ele simplesmente cortou tudo, deixando esses servidores em uma situação complicada”, explicou Gonzaga, reforçando que muitos desses trabalhadores tinham compromissos financeiros baseados nessas gratificações.
Além disso, Gonzaga fez questão de ressaltar o que considera uma medida arbitrária do prefeito: “Ele tirou direitos como as férias dos servidores com uma canetada. Isso é um desrespeito.” O presidente do SindiGoiânia afirmou ainda que tentou dialogar diversas vezes com Mabel sobre a situação, mas que não obteve retorno, sendo ignorado pela administração municipal.
Conforme Gonzaga, durante a campanha, o prefeito prometeu ao sindicato que não tiraria direitos dos trabalhadores, mas que primeira coisa que ele fez foi descumprir essa promessa. “Agora ele se preocupa mais em fazer vídeos e criar uma narrativa de caos do que em resolver os reais problemas da prefeitura. Essa dívida de R$ 3 bilhões que ele menciona, para mim, parece uma construção para justificar ações questionáveis, como mexer nos fundos da previdência. Isso precisa ser investigado e esclarecido.”
Em sua entrevista, Ronaldo Gonzaga também abordou a possibilidade de uma greve como forma de protesto contra as ações do prefeito Sandro Mabel. No entanto, ao contrário de uma postura radical, ele destacou a importância da responsabilidade e da estratégia ao organizar esse tipo de movimento. Para ele, uma greve não deve ser levada de forma leviana, pois pode afetar diretamente os serviços prestados à população e os próprios servidores.
Eu sei como organizar uma greve, mas faço isso com responsabilidade. A prefeitura não pode funcionar assim, tratando servidores dedicados como se fossem o problema.
Gonzaga ainda destaca que, caso a greve aconteça, ela será conduzida de forma a não prejudicar a população. Em sua visão, a greve seria uma resposta necessária ao desrespeito mostrado pela administração municipal, mas com um foco claro: pressionar a gestão a dialogar e resolver os problemas sem penalizar os servidores que cumprem suas funções corretamente.
Essa abordagem pragmática, segundo ele, visa evitar que a greve se torne apenas um instrumento de paralisação, sem um efeito real de mudança. “Não estou aqui para defender servidor malandro”, afirmou, destacando que seu foco está em garantir direitos aos trabalhadores que estão comprometidos com suas funções, sem prejudicar aqueles que dependem dos serviços municipais.
O movimento grevista, portanto, seria uma maneira de mostrar à gestão municipal que a insatisfação está crescendo, mas sempre com o objetivo de buscar soluções que beneficiem tanto os servidores quanto a população de Goiânia.