17 de dezembro de 2024
Reorganização administrativa • atualizado em 29/03/2022 às 08:49

Presidente do Imas espera colocar ‘casa em ordem’ dentro dos próximos seis meses

Em entrevista ao Diário de Goiás, Jefferson Leite destaca forma como o órgão estava sendo conduzido e as mudanças administrativas que fez nos últimos dois meses
Imas tem sido alvo de crise e polêmicas (Foto: Divulgação)
Imas tem sido alvo de crise e polêmicas (Foto: Divulgação)

Em meio à crise que o Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores de Goiânia (Imas) tem passado ao longo dos últimos meses, com troca de direção, suspensão por parte de prestadores de serviços aos servidores municipais e uma série de outros problemas,  o presidente do órgão, Jefferson Leite da Silva, reconhece que é necessário com extrema emergência de se fazer uma adequação de recursos financeiros na casa. 

Desde que assumiu a presidência, Jefferson Leite encontrou vários desafios pela frente. Entre eles, colocar todos os pagamentos do instituto dentro de uma ordem cronológica, ou seja, de acordo com ele tinha prestador que já estava prestes a receber o mês de outubro de 2021, e em contrapartida, outros que nem sequer haviam recebido o mês de janeiro do ano passado. Algo inadmissível. 

Leite garante que hoje, todos os prestadores, seja pessoa física ou jurídica, estão dentro de um mesmo nível já pagos até o mês de setembro de 2021.  No serviço de oncologia, por exemplo, onde a crise mais se exala, Jefferson afirma que o pagamento será feito no mais tardar até esta terça-feira (29/03). Por isso, avalia que ‘coisas interessantes’ já foram feitas ao longo desses cinquenta dias que assumiu a gestão do órgão.

Agora a casa está empenhada em regularizar os pagamentos referente a outubro, novembro e dezembro. Se existe a possibilidade de sanear e colocar o órgão em dia, tirando o cenário de crise? Jefferson acredita que sim e vê um futuro melhor do que o passado. Ele crava que dentro dos próximos seis meses consiga colocar a ‘coisa no prumo’ e dar ao órgão’.

O presidente do órgão, Jefferson Leite concedeu uma longa entrevista ao Diário de Goiás nesta segunda-feira (28/03). Leia a conversa com o jornalista Domingos Ketelbey na íntegra:

Domingos Ketelbey: Qual o principal diagnóstico que o senhor faz do Instituto desde que assumiu o órgão?

Jefferson Leite: O principal diagnóstico que fazemos é que o Instituto tem que fazer uma readequação de receita e despesa. O Instituto recebe 12 milhões e meio por mês e gasta 18, 20, 22 milhões. A necessidade e uma emergência de fazer uma adequação entre receita e despesa. Essa é uma questão urgente. A gente como servidor, igual eu sou, sabia que essa conta uma hora chegar. Precisamos urgentemente dessa readequação de recursos financeiras entre entradas e saídas.  

DK: Como o senhor está buscando essa readequação? Qual o principal desafio nesse sentido?

JL: O primeiro grande desafio concluí ele na semana passada que foi colocar os pagamento do Instituto respeitando uma ordem cronológica. O meu primeiro ato quando assumi no dia 4 de fevereiro foi suspender os pagamentos que estavam previstos e regularizá-los em ordem cronológica. Tinha prestadores que estavam prestes a receber o mês de outubro de 2021 e outros que sequer haviam recebido janeiro de 2021. Uma diferença de nove, dez meses. Coloquei tanto os prestadores de pessoas físicas e jurídicas, todas no mesmo nível, hoje se me perguntar estou com todos os prestadores físicos e jurídicos pagos até o mês de setembro. O que não recebeu de setembro para atrás tem com algum problema de certidão, no hospital… Seria um problema do prestador e não do instituto. Agora é trabalhar para angariar e captar recursos para ir regularizando os outros mêses, outubro, novembro dezembro.  

DK: Diante desse cenário mais positivo, existe a possibilidade de paralisação e interrupção de serviços como vimos há alguns meses? 

JL: O risco existe porque cada atendimento empresarial tem seu estilo de ser conduzido. Cada empresário tem seu estilo. O que posso afirmar é que temsos buscando de forma incessante para regularizar os pagamentos de todos eles. Tem aqueles que vão dar credibilidade para gente. Estou aqui há dois meses e acho que alguma coisa de interessante já foi feita.  

DK: O que pode destacar de importante e interessante que já foi feito ao longo desses dois meses?

JL: Posso afirmar que hoje, se existe algum estabelecimento que não estejam atendendo, o número é bem menor do que quando chegamos. Quando assumi por exemplo, os hospitais de alta complexidade não estavam atendendo, de jeito nenhum. Sentei com eles com a Ahpaceg e estabeleci com eles uma forma de trabalho e fiz o compromisso de regularizar o pagamento deles até o mês de agosto, naquela época, e assim fiz. Acho que essa forma de trabalhar, transparente e segura, que também não vai prometer aquilo que a gente não pode fazer isso tem reforçado o elo com os prestadores. 

DK: Entre os 650 prestadores do IMAS, tem atendimentos que não estão sendo feitos? 

JL: É possível que sejam polos bem pequenos que não estejam atendendo. Mas são, por exemplo, questões eletivas. Em hospitais por exemplo, urgência e emergência não podem deixar de atender. Porém o eletivo não, o eletivo mesmo assim acho que o número é bem pequeno dentro desse universo de 650 prestadores. 

DK: Como ficam os tratamentos oncológicos?  

JL: Nós temos quatro serviços de oncologia. Então eu imagino que amanhã (hoje, 29), no mais tardar, eu consigo regularizar toda situação da parte de oncologia. Todos os prestadores estarão regularizados os pagamentos até o mês de setembro.  

DK: Há pacientes de oncologia que estão com atendimento pendente por falta de pagamento? 

JL: Não. Não existe essa pendência. Os prestadores estão atendendo normal, eu que quero regularizar o pagamento referente ao mês de setembro. Efetuar o pagamento até amanhã (29), mas eles não pararam de atender, estão atendendo normalmente. 

DK: Como está sendo conduzido o IMAS desde quando o senhor assumiu o cargo? 

JL: Ao longo destes cinquenta e poucos dias, está bem claro que a nossa condução é bem transparente e muito objetiva, otimizando os serviços, os recursos financeiros, receita de despesa e garantir o pagamento daquele serviço prestado. 

DK: Como fica o órgão daqui pra frente? 

JL: A gente vem pra cá com esse objetivo: resgatar a credibilidade junto à sociedade, aos usuários, aos prestadores, nós viemos com esse objetivo. Estamos trabalhando nesta linha. Agora vai ter momentos que vai ocorrer alguma crise, isso é natural. Até porque vamos ter que fazer ajustes em todos os serviços contratados e isso pode gerar algum desconforto, mas faz parte de todo processo de reorganização de serviço, de adequação e acomodação de recursos financeiros e orçamentários, mas isso é natural do processo . 

DK: Dentro dessa reorganização de serviço, entra a privatização do órgão? 

JL: Isso nunca foi cogitado [a privatização]. Isso nunca foi objeto dessa gestão, nem do prefeito e muito menos foi sequer ventilado conosco. Se o instituto fizer sua adequação, vai ser auto sustentável. Porque vou passar para os outros fazer se eu posso fazer? Não tem motivo. Esse tipo de conversa nunca houve por parte do instituto nem muito menos por parte do chefe do executivo, Rogério Cruz. 

DK: O senhor esteve reunido na última sexta-feira (25) com alguns vereadores na sede do órgão. O que foi debatido nesse encontro?

JL: Houve uma situação de um vídeo compartilhado na Câmara onde alguns vereadores mencionaram que eu estava ‘sentado em cima do dinheiro do instituto’ e não estava pagando os prestadores. Isso nunca ocorreu. Na verdade não é isso que está acontecendo, e os vereadores vieram aqui e eu demonstrei pra eles qual era a conduta que a gente estava adotando a fim de não deixar margem a questões de privilégios e benefícios, ou seja, vamos pagar todos os prestadores e pessoas físicas quando tiver lançado o pagamento de todos eles. Não haverá margem para pagamentos privilegiados. A discussão com os vereadores foi justamente para mostrar a transparência e a forma que estamos conduzindo. 

DK: O pagamento de prestadores pessoas físicas já foi feito?

JL: Nós vamos pagar todos os prestadores pessoas físicas. Quando estiver lançado o pagamento de todos eles, a gente dá destaque para a finanças poder mandar para o banco para na hora de sair o pagamento, sair de todos sem dar privilégio. Na quarta-feira eu paguei todos os hospitais, na quinta e sexta-feira eu paguei laboratórios, cooperativas etc. O que ficaram para trás foram os bancos de sangue, que são o Ingoh, Hemolabes, Sistema de Terapia e Oncor, mas eles vão ser pagos até amanhã (29). Então, a discussão com os vereadores foi justamente para mostrar a transparência e a forma que nós estamos conduzindo. O dinheiro não é meu, o dinheiro é do instituto, dos usuários. Eu tenho que ter a segurança jurídica de que todos os pagamentos serão efetuados no mesmo dia. Não posso dar margem a nenhum tipo de especulação de que A ou B está sendo privilegiado com pagamento adiantado.

DK: Então o presidente está dizendo que antes existiam privilégios no IMAS em relação a pagamentos?

JL: Quando eu cheguei aqui, os pagamentos eram feitos sem respeitar nenhum critério, uma ordem cronológica. O Tribunal de Contas do Município (TCM) estabelece todo pagamento inclusive dentro da ordem cronológica, e isso não existia aqui. Então tinha privilégios, mas hoje é ordem cronológica, isso que nós mostrarmos para os vereadores  Anselmo Pereira (MDB), Mauro Rubem (PT) e Anderson Sales (UB). Nós viemos aqui para fazer uma gestão de transparente mesmo.

DK: O que levou o IMAS a essa situação?

Quem acompanha a prefeitura sabe que o IMAS historicamente é um instituto que tem um viés político muito forte. Ele é um plano exercitado por diversos fatores, primeiro que os grandes salários da prefeitura não estão no IMAS. Segundo, as arrecadações são muito baixas e terceiro, há necessidade de reorganizar as questões de dependências e etc. Essa conta uma hora ia chegar. Historicamente o instituto gasta mais do que recebe, uma hora a conta ia chegar, e chegou. Se não fosse agora na gestão de Rogério Cruz, poderia chegar na próxima, ou poderia ter chegado na anterior, uma hora ia chegar. O IMAS historicamente tem um déficit financeiro dentro da sua arrecadação, e aí, vai criando um bola de neve e essa bola ‘estourou’. A questão de organização de serviços, de protocolo para atendimento a gente vai resolvendo. 

DK: Qual a sua projeção de gestão em relação ao IMAS?

JL: Imagino que com seis meses a gente possa ter uma visão melhor do instituto como um todo. Ter um instituto mais enxuto, onde você consegue compatibilizar receita e despesas, onde eu gasto dentro da minha realidade, ter um trabalho de auditoria mais presente, um trabalho de regulação mais presente, tudo isso precisa ser feito do IMAS. Todo e qualquer plano de saúde ele tem que ter uma estrutura a frente e ter uma boa retaguarda de autorizações, de regulação, de auditoria. E é isso que vamos fazer e estabelecer uma regra do jogo. Temos de fazer dele um plano de saude como outro qualquer: Unimed, Amil, Hapvida e qualquer outro plano. Tem que ter as normas estabelecidas para o jogo. E é isso que vamos fazer. Imagino que em seis meses a gente consiga colocar a coisa no ‘prumo’.


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