O presidente da Agência Goiana de Turismo (Goiás Turismo), Fabrício Amaral, não está preocupado com a nota média do Festival Italiano de Nova Veneza que caiu para 4,36 em relação aos 4,44 da edição anterior em 2022. Ele defende que a avaliação seja ampla, levando em consideração os últimos cinco anos e diz que vai conversar com a Prefeitura do município para discutirem melhorias para as próximas edições. A avaliação geral da festividade, continua alta e chegou a 92,9%.
No entanto, Fabrício Amaral acredita que Nova Veneza peca em não fomentar a cultura italiana do município durante todo o ano. “Acho que o maior desafio é estimular a cidade e trabalhar o conceito de 365 dias no ano. Com exceção da festa, vamos chegar em Nova Veneza e não vou encontrar aquela essência que encontrei”, salienta em entrevista ao Diário de Goiás.
Por isso, defende que sejam realizadas ‘pílulas’ do evento durante todo o ano. Ele explica como pode ser feita a dinâmica. “Se trabalharmos uma ação a cada mês, a cada trinta dias, a melhor dança, o melhor vinho, o estímulo da produção do vinho, da gastronomia. Acaba que as pessoas vão sair de Goiânia e da região metropolitana e passar um final de semana”, pontua.
Leia a entrevista na íntegra com o presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral
Domingos Ketelbey: Presidente, como a Goiás Turismo vê os números dessa relatório elaborado pela própria agência que apesar da avaliação alta, a média final da edição em 2023 ficou abaixo em relação a do ano anterior?
Fabrício Amaral: Vamos avaliar esses números junto com a Prefeitura de Nova Veneza. Como a margem de toda a pesquisa é de alguns patamares para mais ou menos, temos que avaliar onde que houve a diminuição. A gente fala de números absolutos mas temos de observar vários aspectos. A Prefeitura tem de nos ajudar. Vamos sentar com a Prefeitura e fazer um comparativo dos últimos cinco anos com exceção da pandemia, não só do ano passado. De todo o modo, não nos preocupa. Vamos sentar com a Prefeitura para buscar melhorias.
Domingos Ketelbey: O relatório diz que um dos problemas que os participantes mais viram no Festival foram relacionados a infraestrutura, como melhorias no estacionamento e ampliação de banheiros. Há queixas também de falta de acessibilidade para pessoas com mobilidade reduzida. O Governo vai sentar com a Prefeitura para melhorar essas questões?
Fabrício Amaral: Não tenha dúvidas, isso será discutido, sim. No geral, a festa foi muito bem organizada e nos impressionou. O mais importante da festa que eu ressalto é o conceito: quando você sai de casa e se depara com o conceito preservado de uma cidade italiana. Isso mexe com nosso íntimo, dentro de Goiás, que tem famílias que valorizam a forma de tratar a festa. Comida muito boa. Shows muito tematizados e uma parceria com Joinville e outras comunidades que têm uma civilização italiana forte.
Domingos Ketelbey: A ideia então é colocar na mesa o debate de mais ações envolvendo o Festival ao longo do ano?
Fabrício Amaral: Se trabalharmos uma ação a cada mês, a cada trinta dias, a melhor dança, o melhor vinho, o estímulo da produção do vinho, da gastronomia. Acaba que as pessoas vão sair de Goiânia e da região metropolitana e passar um final de semana. Automaticamente a pessoa vai abastecer o carro, gastar com alguma bebida, uma boa comida, às vezes ele vai até se hospedar na cidade. Isso gera toda uma cadeia para a economia local. Terá demandará custos para a organização mas o Governo pode ajudar com recursos financeiros. São pequenas ações que você começa fazendo uma pré-festa, digamos assim.
Domingos Ketelbey: Seriam ‘pílulas’ que preencheriam todo um calendário para o evento ao longo do ano?
Fabrício Amaral: Isso. Serão ‘pílulas’ do Festival envolvendo as comunidades. Se a comunidade está envolvida, as pessoas que vão lá sentem verdade em todo o festival. Vamos trabalhar as escolas, empregar as pessoas de lá. Com planejamento e bons profissionais de eventos a gente consegue brincar, digamos assim, com o festival todo o ano.
Domingos Ketelbey: Qual o custo que o Governo de Goiás teve com o Festival Italiano de Nova Veneza?
Fabrício Amaral: Esse ano foi 500 mil reais por meio de incentivos fiscais. Abrimos um monte de impostos. Mas não temos nenhuma dificuldade para aportar recursos para essas ‘pílulas’ que a gente falou. Acho que o grande problema do turismo e os prefeitos têm se sensibilizado aos poucos. Caldas Novas tem uma vocação, Chapada tem outra, Alexânia e Abadiânia penderam para o Lago Corumbá com uma vocação gigante para o naútico. E a questão de Nova Veneza é muito forte. As famílias tem origem italiana. Os filhos sentem orgulho disso e há comida boa. Onde tem gente e comida boa, em qualquer lugar do mundo reúne gente. Temos de virar um pouco a chave e fazer política pública de fato.
Domingos Ketelbey: Entrevistamos o Secretário de Turismo de Nova Veneza que sugeriu a criação de um Centro Cultural para abrigar futuras edições do Festival. O que acha da ideia?
Fabrício Amaral: Eu gosto da ideia. Embora aquele espaço poderíamos mantê-lo. Ele se tornou pequeno mas aquele espaço poderia ser o espaço gastronômico dos 365 dias do ano. Coloca os dez restaurantes do festival, umas duas, três pousadinhas. Você fica no metro quadrado ali vivendo a experiência de um bom vinho, da boa massa italiana e da boa música. De toda a cultura que o local oferece. Agora um espaço específico, como o Cavalhódromo de Pirenópolis, por exemplo, ele se torna uma Arena Multiuso para outros eventos culturais, eventos educacionais ao longo do ano. Não é barato, mas é fazer o projeto e apresentar ao governador para de repente viabilizar isso.
Leia mais sobre: Goiás Turismo / Governo de Goiás / Cidades / Variedades