O prefeito de Palmas (TO), Eduardo Siqueira Campos (Podemos), foi preso na manhã desta sexta-feira (27) pela Polícia Federal (PF) durante uma nova fase da Operação Sisamnes, que investiga a venda de sentenças judiciais e o vazamento sistemático de informações sigilosas de inquéritos em trâmite no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A ação foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), e também resultou na prisão do policial civil Marcos Albernaz e do advogado Antonio Ianowich Filho. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em três endereços em Palmas.
Por que o prefeito de Palmas foi preso
Segundo a Polícia Federal, Eduardo Siqueira Campos é suspeito de integrar um grupo que acessava e repassava informações sigilosas de inquéritos da PF e decisões judiciais do STJ para proteger aliados políticos e atrapalhar operações em curso.
Mensagens e gravações encontradas no celular do advogado Thiago Marcos Barbosa, sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), apontam que o prefeito tinha conhecimento antecipado sobre ações policiais, como as operações Fames-19 e Maximus.
Em conversas, Siqueira mencionava inclusive nomes de ministros e detalhes das investigações, como no caso da operação Maet, de 2010, quando teria sido alertado previamente pelo ministro João Otávio de Noronha, que nega envolvimento.
Vazamentos sistemáticos e rede de influência
De acordo com a PF, os vazamentos eram frequentes e bem articulados, envolvendo agentes públicos, advogados e operadores externos. O objetivo seria proteger pessoas próximas ao grupo político investigado e frustrar ações da polícia.
A corporação afirma que o grupo construiu uma rede de influência para acessar informações sensíveis sobre operações em andamento. Siqueira Campos teria atuado como intermediário entre os informantes e os beneficiários do esquema.
Relação com Thiago Barbosa e o governador
O nome do prefeito apareceu na investigação a partir do celular apreendido de Thiago Marcos Barbosa, que está preso desde março. Em áudios e mensagens, os dois tratavam de detalhes sobre investigações sigilosas, segundo os investigadores.
Eduardo Siqueira admitiu manter “relação de afeto” com Thiago, mas negou qualquer repasse de informação privilegiada. Disse apenas ter indicado um advogado ao sobrinho do governador.
Histórico de investigações anteriores
Esta não é a primeira vez que o prefeito de Palmas aparece em investigações da PF. Em maio deste ano, ele foi alvo de buscas na 9ª fase da própria Sisamnes, quando a corporação chegou a pedir seu afastamento do cargo, negado pelo STF.
Siqueira Campos também foi citado na Operação Acrônimo, em 2016, que apurou o pagamento de propinas ligadas ao ex-ministro Fernando Pimentel, e na Operação Ápia, que investigou esquemas de corrupção em agências estaduais do Tocantins.
Prefeito nega acusações
Em coletiva realizada no mês passado, Siqueira afirmou que não possui acesso privilegiado a decisões judiciais e negou envolvimento nos vazamentos. “Eu sou fonte de muita gente. Mas não tenho nenhuma informação privilegiada”, disse o prefeito à imprensa, tentando se afastar das suspeitas.
Apesar da negativa, os diálogos obtidos pela PF e decisões judiciais baseadas nas provas levaram à decretação da prisão preventiva do gestor.
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