O prédio que Joesley Batista, dono da JBS, diz ter comprado “fazendo de conta” que valia R$ 17,3 milhões, com o propósito de repassar dinheiro a Aécio Neves (PSDB-MG), foi posto à venda em Belo Horizonte por menos de 15% do que foi pago pelo empresário.
Uma avaliação da Justiça, que determinou o leilão do bem, fixou em R$ 2,5 milhões o preço do imóvel. O lance mínimo para arrematá-lo foi ainda menor -R$ 750 mil-, valor equivalente a um apartamento de três quartos no Plano Piloto, em Brasília.
O pregão para definir o futuro do edifício, além de um lote vizinho, estava marcado para 22 de novembro, mas foi suspenso porque a J&F, holding que controla a JBS, apresentou embargos à Justiça, com pedido de liminar.
Em sua delação, Joesley disse que, a pedido de Aécio, aceitou pagar preço superfaturado pelo imóvel para cobrir dívidas de campanha do senador. O prédio era da editora Ediminas, do empresário Flávio Carneiro, ligado ao congressista. No local, funcionava o jornal “Hoje em Dia”.
O negócio foi feito em setembro de 2015 e o pagamento, parcelado. “Precisava de R$ 17 milhões e tinha um imóvel que dava para fazer de conta que valia R$ 17 milhões”, afirmou Joesley.
A Justiça do Trabalho mandou penhorar o prédio para quitar dívida de R$ 100 mil da Ediminas com um entregador de jornais.
A 30ª Vara do Trabalho de BH mandou suspender o leilão até, ao menos, o julgamento dos embargos da J&F. A holding argumenta que o bem já está em seu nome e que não cabe vendê-lo para quitar débitos da editora.
Embora Joesley tenha dito que o prédio foi superfaturado, a J&F contraria a versão dele e sustenta que vale R$ 18 milhões. Aécio, em nota, diz que não teve “relação com a compra ou venda do prédio”, “não tendo os delatores apresentado prova da acusação”.
(FOLHA PRESS)
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