04 de dezembro de 2025
Segurança Pública • atualizado em 06/11/2025 às 08:40

Polícia prende 32 pessoas em Goiás por foguetório ligado ao Comando Vermelho, diz SSP-GO

Fogos de artifício iluminaram o céu de Goiânia e outras cidades goianas na noite de terça-feira (5); Polícia Militar e Civil realizaram operação conjunta
Foguetório em Goiânia teria sido “salve” do Comando Vermelho a integrantes mortos no Rio. Foto: Reprodução/Redes Sociais.
Foguetório em Goiânia teria sido “salve” do Comando Vermelho a integrantes mortos no Rio. Foto: Reprodução/Redes Sociais.

A Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) confirmou, nesta quarta-feira (6), a prisão de 32 pessoas suspeitas de participação no foguetório que iluminou o céu de diversas cidades goianas na noite anterior, incluindo Goiânia, Aparecida de Goiânia, Senador Canedo, Trindade, Abadia e Rio Verde. O episódio, marcado pelo lançamento simultâneo de fogos de artifício, levantou suspeitas de uma ação coordenada por integrantes ou simpatizantes do Comando Vermelho (CV).

De acordo com investigações preliminares, o foguetório teria sido uma homenagem a criminosos mortos durante a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro há uma semana, considerada a mais letal da história do estado, com 120 mortos, entre eles dois policiais civis e dois militares. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Rio, entre os mortos estavam cinco criminosos de Goiás, dois apontados como líderes de células do CV que atuavam no Estado.

Mensagens interceptadas pela polícia indicam que membros da facção em Goiás combinaram soltar os fogos simultaneamente, por volta das 22h de terça-feira. A Polícia Militar confirmou a prisão de algumas pessoas envolvidas nos atos ainda na noite do episódio, mas as investigações evoluíram nas horas seguintes.

32 pessoas foram presas em operação integrada

Segundo o secretário de Segurança Pública, Renato Brum dos Santos, a ação mobilizou equipes da Polícia Militar, Polícia Civil, Polícia Penal, Procon-GO e Superintendência de Inteligência da SSP. Do total de presos, 12 estavam em Goiânia, 9 em Aparecida, 6 em Abadia, 2 em Trindade e 3 em Rio Verde. Três dos conduzidos usavam tornozeleiras eletrônicas. Parte dos detidos foi autuada por apologia ao crime, porte ilegal de arma e participação em organização criminosa.

“Aqui em Goiás, bandido não se cria. Não vamos aceitar enaltecimento de criminosos. A resposta foi imediata e continuará firme”, afirmou o secretário.

Ação foi rápida, mas não totalmente previsível

Brum explicou que, apesar do monitoramento constante das forças de inteligência, o episódio não poderia ter sido evitado integralmente. “É quase humanamente impossível. As pessoas compraram artefatos legalmente e só entendemos a real motivação quando a ação começou. O simples ato de soltar fogos não é crime, o crime é o enaltecimento de facção. Nós tivemos que entender o que estava por trás disso”, declarou.

O secretário destacou ainda que apenas dois dos presos possuem ligação direta com facção criminosa, enquanto os demais são simpatizantes de torcidas organizadas que aderiram ao “oba-oba” das redes sociais. “Nós diferenciamos pelo histórico criminal e pelos vínculos já mapeados. Os líderes de facções estão isolados em Planaltina, incomunicáveis e sob regime especial. Os presídios estão sob total controle”, garantiu.

Governo reforça política de “tolerância zero”

Após o episódio, o secretário confirmou que se reuniu com o governador Ronaldo Caiado (UB), que reforçou a ordem de “tolerância zero” com qualquer tipo de manifestação ligada ao crime organizado. “O governador determinou: nenhum palmo do Estado será dominado por criminosos. A orientação foi clara agir com firmeza, inteligência e integração”, afirmou Brum.

Ele também citou as torcidas organizadas como um dos pontos de atenção das forças de segurança. “Infelizmente, há torcedores sérios, mas há também infiltrados ligados a organizações criminosas. Já fizemos mais de 80 prisões só neste ano ligadas a essa facção. Esses grupos tentam usar o futebol como fachada para atividades ilícitas”, pontuou.

Foguetório serviu de mapeamento para ações futuras

De acordo com o secretário, o episódio ajudou as forças de segurança a mapear áreas de atuação e pontos de influência da facção. “O foguetório serviu como mapeamento. A inteligência filmou, cruzou dados e nos ajudou a direcionar melhor as ações. O foco foi a Região Metropolitana, onde concentramos as prisões”, explicou.

Brum afirmou que o Estado segue em alerta, mas sem motivo para pânico. “A população pode ficar tranquila. Goiás tem ordem, liberdade e segurança. Estamos atentos, atuando de forma coordenada, e os índices criminais estão em queda. Será o sétimo ano consecutivo de redução”, ressaltou.

Durante as ações, o Procon-GO fiscalizou 30 estabelecimentos em Goiânia, Trindade, Senador Canedo e Anápolis, apreendendo cerca de 4 mil fogos de artifício.

Segundo o diretor do órgão, Antonísio Neto, foram encontradas irregularidades em armazenagem e ausência de licenciamento junto ao Corpo de Bombeiros. “O problema não é vender fogos, mas vender sem estrutura adequada e sem autorização. A fiscalização continua”, disse.

O chefe da Polícia Penal, Firmino Vieira, também reiterou que todas as lideranças criminosas estão isoladas na unidade de Planaltina. “Temos 85 unidades prisionais e nenhuma cela onde o Estado não entre. As facções estão neutralizadas e monitoradas”, afirmou.

Com a continuidade das operações e o monitoramento das redes sociais, a SSP-GO informou que novas prisões podem ocorrer nos próximos dias. O caso segue sob investigação da Polícia Civil, que analisa as mensagens trocadas entre os suspeitos e os vídeos divulgados nas redes sociais para apurar se houve, de fato, articulação entre membros da facção no Estado.


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