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Cidades
| Em 11 meses atrás

Polícia Civil encerra investigações do caso Amanda Partata; confira as conclusões

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O inquérito policial que investiga a morte de Leonardo Pereira Alves, de 58 anos, e de Luzia Tereza Alves, de 86, mãe e filho que morreram por envenenamento em Goiânia entre a noite do dia 17 e madrugada do dia 18 de dezembro chegou ao fim. Segundo informações da Polícia Civil, logo no início das investigações já foi verificado que os únicos alimentos que as vítimas haviam ingerido teria sido levado no dia do crime pela ex-nora da vítima, Amanda Partata Mortoza. A investigação durou 12 dias.

Imagens mostram que no dia da perícia no local do crime, Amanda esteve presente e informou que havia tomado café da manhã com as vítimas e com o marido de Luzia, identificado como João. Por isso, a suspeita foi conduzida para a Delegacia de Homicídios, para ser formalmente ouvida.

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Já no primeiro interrogatório, a investigada demonstrou nervosismo e, ao ser perguntada sobre o trajeto no dia do crime, o delegado solicitou o histórico do aplicativo Uber, mas Amanda bloqueou o celular e afirmou que só falaria na presença de um advogado, despertando suspeitas na Polícia Civil.

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Ameaças

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A Delegacia de Homicídios também descobriu que o filho da vítima, ex-namorado de Amanda, estava sofrendo ameaças e perseguições por perfis falsos criados nas redes sociais, além de ligações de números de telefone diferentes. As ameaças eram dirigidas a ele e à família. Em um dos prints divulgados, é possível ver um perfil publicando que “depois não adianta chorar em cima do sangue deles” e que “vai ver o que vão fazer com sua namorada e filho nesse final de semana. Você foi avisado”. As ameaças seguiam desde julho de 2023.

De acordo com os expostos no relatório, os perfis falsos foram criados por Amanda Partata Mortaza e o número de telefone que conversou com a vítima sobre denúncia de assédio sexual está no nome do irmão da investigada, mas o número cadastrado e o e-mail informados são de Amanda.

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“Percebe-se que, tanto os perfis fakes criados na plataforma do Instagram bem como o número utilizado para relatar de uma suposta denúncia de assédio sexual perpetrada pela vítima todos estão relacionados a pessoa de Amanda Partata Mortaza, que em determinado momento, mentiu para a vítima que também estaria sendo stalkeada e ameaçada sendo que tal situação não procede”, diz o relatório.

Trajeto de Amanda

Conforme informado pela Polícia Civil, Amanda chegou à Goiânia de Itumbiara no dia 14 de dezembro e se hospedou em um hotel do Setor Marista. Já no dia 15 de dezembro, a investigada foi até a academia do hotel e conversou com ex-namorado pelo WhatsApp dizendo que estava passando mal e que teria passado a noite com sangramento. Pela manhã, Amanda saiu dizendo que iria para uma consulta médica.

Ainda no dia 15 de dezembro, Amanda foi a uma loja de roupas de grife, gastando aproximadamente R$ 3 mil em vestidos e, ao retornar, não saiu novamente. Já no dia 16 de dezembro, Amanda sai novamente dizendo para o ex-namorado que iria a uma consulta médica e, ao retornar ao hotel, recebeu uma encomenda em uma caixa de papelão.

No dia 17 de dezembro, na manhã do crime, Amanda foi a um mercado e comprou diversos alimentos, dentre eles pães de queijos, suco e bolos no pote, além de uma orquídea. Com os alimentos em mãos, ela foi até a casa das vítimas e foi recebida com um abraço pela vítima. Ao voltar para o hotel, ela pega a mala e volta para Itumbiara por meio de aplicativo de caronas.

Na noite do dia do crime, Amanda “toma conhecimento do agravamento do estado de saúde das vítimas e retorna para Goiânia alegando que precisava se consultar no médico por ter ingerido os mesmos alimentos que as vítimas”, conforme informado pela Polícia Civil. No dia seguinte, a investigada foi ao local do crime e logo depois, conduzida para a Delegacia de Homicídios para o primeiro interrogatório.

Investigações

Em dois dias de investigações a Delegacia de Homicídios concluiu que Amanda estava ameaçando e perseguindo a família do ex-namorado e que ela havia levado às vítimas os alimentos ingeridos antes de morrerem. “Com isso, o delegado Carlos Alfama representou pela prisão temporária de Amanda, o que foi deferido pelo Poder Judiciário”, diz a Polícia Civil.

Com a prisão, a Delegacia de Homicídios recebeu dezenas de notícias de pessoas que buscavam contribuir com a investigação, sendo uma delas o motorista de aplicativo que entregou a encomenda para ela. “No depoimento, o motorista informou que a encomenda que teria sido entregue seria uma caixa de uma indústria de produtos químicos e farmacêuticos (cujo nome foi ocultado por questão de segurança) e que o produto teria nota fiscal”, afirmou a corporação.

Nos prints divulgados, Amanda manda mensagem para o motorista perguntando se ele poderia levar uma encomenda de Itumbiara para Goiânia e, ao ser questionada sobre o tipo de encomenda, a investigada afirmou que seria uma medicação lacrada e com nota fiscal. Então, o motorista diz que levaria.

“Diante dessa informação, o delegado Carlos Alfama representou pela quebra do sigilo fiscal de Amanda Partata Mortoza, o que foi deferido pelo Poder Judiciário. Nas notas fiscais referentes às compras feitas por Amanda, foram encontradas duas compras de veneno”, informa a Polícia.

Com a quebra de sigilo, ficou comprovado que Amanda realizou a compra do veneno utilizado para os homicídios, sendo este o mesmo encontrado nos alimentos servidos às vítimas.

Motivação

Em prints de conversas pelo WhatsApp entre Amanda Partata e o ex-namorado, a investigada questiona qual o maior medo dele. Em resposta, o rapaz diz que iria responder para que ela não falasse que ele era “um babaca”, mas que seria “evasivo”. “O mesmo de todo ateu. Adoro viver”, respondeu.

Em seguida, Amanda tenta confirmar a resposta perguntando se esse medo seria morrer. “Você tem mais medo de morrer que de perder (no sentido morrer) quem você ama? Mas adorei sua resposta hahahaha. Que legal que a minha filha terá três pessoas próximas e importantes que desacreditam”, disse.

Gravidez

No dia 14 de dezembro, Amanda enviou para o ex-namorado e publicou nas redes sociais um ultrassom com idade gestacional de 23 semanas. “No entanto, de acordo com as informações do ex-namorado, quando foi internada depois do crime o exame de Beta HCG deu ‘zerado’, o que indica que não estava grávida há pelo menos 1 mês. Ou seja, exame apresentado era falso”, disse a Polícia.

Uma busca domiciliar foi realizada pela Delegacia de Homicídios na residência de Amanda, em que foram encontrados exames de gravidez de agosto e dezembro deste ano, provando que ela nunca esteve grávida.

Depois de esclarecido o crime, na quinta-feira (28), Amanda foi submetida a um novo interrogatório e, perguntada se teria algo a alegar em sua defesa, “informou que irá permanecer em silêncio”.

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Maria Paula

Jornalista formada pela PUC-GO em 2022 e MBA em Marketing pela USP.