As alterações propostas no Plano Diretor podem elevar o preço dos imóveis em Goiânia. O ponto do texto que pode aumentar os valores é o de controle de adensamento. Com um número menor de unidades permitida num terreno, a moradia deve ficar mais cara para comportar os custos.
Segundo o presidente da Associação das Empresas de Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Fernando Razuk, limitar o adensamento é positivo na perspectiva da cidade, mas inevitavelmente impacta nos preços. “Como vai haver um controle de adensamento, isso pressiona uma redução da oferta. A tendência, portanto, é de aumento de preço. A gente adensa menos o terreno, consequentemente o preço fica maior. Com a redução da oferta, pode ter pressão de preço para cima. A médio e longo prazo, tende a forçar valorização dos imóveis nas regiões mais desejadas”, diz.
O aumento ficaria para a partir de 2023, porém, uma vez que todo o planejamento do mercado imobiliário para 2022 está montado. “A curto prazo, ele (Plano Diretor) acaba influenciando pouco. A gente leva de 12 a 18 meses para preparar um lançamento. Do ano que vem, os terrenos estão comprados e projetos desenvolvidos”, pontua Razuk.
A Ademi-GO defende a aprovação do Plano Diretor. Razuk, inclusive, rebateu críticos que alegam que o projeto não passa por uma discussão profunda. “A discussão existe desde 2017. Já foi amplamente discutido. São quatro anos. O Estatuto das Cidades recomenda dez anos de revisão entre um Plano Diretor e outro, e esse prazo venceu há quatro anos. Para o presidente, o avanço do texto daria segurança aos empreendedores.
Mercado imobiliário deve ter ano histórico, mas valores podem subir
Independentemente do Plano Diretor, a tendência é que os imóveis sigam se valorizando. De acordo com a Ademi-GO, houve valorização de cerca de 40% no metro quadrado goianiense em 2021. Uma pesquisa, apresentada em parceria com a Brain Consultoria, mostra que o preço médio do metro quadrado na capital chegou a R$ 6.095, com boa valorização, especialmente, nos dois últimos trimestres. “O preço teve que subir bastante para viabilizar novos empreendimentos, o que forçou a valorização dos imóveis”, explicou Razuk,
A alta dos preços se dá por aspectos de oferta e demanda, a elevação dos custos dos insumos e uma taxa de juros majorada. “Como o processo inflacionário deve seguir, o custo de construção continuará pressionado e imaginamos valorização de 10% a 20% no próximo ano”, estimou o presidente da Ademi-GO.
Razuk, porém, vê um cenário favorável para o investimento em imóveis. Ele ressalta que a taxa de juros imobiliários fica abaixo da Selic, variando de 8% a 9%, e torna o setor atrativo. “Os juros do financiamento imobiliário, para um país como o Brasil, com juros altos, continua sendo barato. Dá atratividade para os bancos financiarem a um juro baixo. Apesar de toda instabilidade do cenário político, a gente acompanha que muito investidor acaba indo para imóvel como forma de investimento seguro”, avalia.
Em 2021, a Ademi-GO espera um crescimento de vendas entre 20% e 30%. O ano é tido pelos empresários do setor como um dos melhores da história. “Foi um ano excelente do ponto de vista de venda”, diz Razuk. Para se ter ideia do boom, em 2020, que já foi considerado um bom ano, foram 4.851 unidades comercializadas até setembro na capital. Neste ano, houve crescimento de 60% até setembro, com 7.760 unidades vendidas, além de um crescimento de 80% do Valor Geral de Vendas (VGV), atingindo R$ 3,4 bilhões.
O sócio-consultor da Brain, Marcelo Gonçalves, destacou que o ano começou atendendo aqueles clientes que tinham necessidade de moradia. Contudo, também apareceu um enorme mercado consumidor que desejavam melhores condições, também garantindo crescimento das vendas de imóveis de alto padrão. “Aproveitamos o momento e oferecemos produtos para os consumidores que queriam comprar.”
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