22 de novembro de 2024
Rachadinha • atualizado em 15/05/2023 às 10:01

PF diz que Mauro Cid depositou dinheiro vivo para Michelle Bolsonaro

Investigação confirmou mensagens que revelam esquema de desvio de recursos e rachadinhas
Os repasses totalizaram R$ 8.600,00. (Foto: Divulgação)
Os repasses totalizaram R$ 8.600,00. (Foto: Divulgação)

A Polícia Federal (PF) identificou uma suspeita de desvio de recursos e rachadinha no Palácio do Planalto no governo de Jair Bolsonaro através de depósitos em dinheiro vivo que foram feitos pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid à ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro. A informação é do jornal O Estado de S.Paulo.

Segundo a defesa de Bolsonaro e Michelle, não houve irregularidades e ainda afirmou, por meio de nota, que tem “absoluta convicção que todos os pagamentos referentes ao dia a dia da família eram feitos com recursos próprios.”

No último sábado (13), foi revelado pela PF o diálogo entre Mauro Cid e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, assessora de Michelle.

Preso no último dia 3 de maio durante operação que da PF sobre fraudes em certificados de vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde, Mauro Cid disse a então assessora que era importante ressaltar com ela [Michelle], que o comprovante de depósito é de pagamento.

“Se ela (Michelle) perguntar pra você ou falar alguma coisa ou comentar, é importante ressaltar com ela que é o comprovante que ela tem. É um comprovante de depósito, é comprovante de pagamento. Não é um comprovante dela pagando nem do presidente pagando. Entendeu? É um comprovante que alguém tá pagando. Tanto que a gente saca o dinheiro e dá pra ela pagar ou sei lá quem paga ali. Então, não tem como comprovar que esse dinheiro efetivamente sai da conta do presidente”, disse Mauro Cid, em 25 de novembro de 2020, a Giselle dos Santos Carneiro da Silva, assessora da então primeira-dama, de acordo com áudio obtido pela PF.

“É a mesma coisa do Flávio”, disse Mauro Cid a Giselle em outro trecho do áudio, reforçando a preocupação com o caso.

A PF também identificou uma empresa com contrato na Codevasf como origem de recursos transferidos a um integrante do Palácio do Planalto, que seria responsável pelo pagamento das despesas de Michelle Bolsonaro.

Foram encontrados, em mensagens por WhatsApp, sete comprovantes de depósitos em dinheiro vivo feitos por Cid, enviados por imagens. O dinheiro foi encaminhado às assessoras da ex-primeira-dama.

Os repasses totalizaram R$ 8.600,00. Os depósitos eram feitos em pequenos valores, de forma fracionada, para impedir o alerta aos órgãos de controle e a identificação de irregularidades, uma prática comum nos casos de rachadinha, segundo a investigação.

Outra transferência bancária, no valor de R$ 5.000,00 foi realizada em junho de 2021 diretamente da conta de Mauro Cid para a conta de Michelle. 

Devido às transações, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou a quebra do sigilo bancário de Mauro Cid e outros servidores que trabalhavam na Ajudância de Ordens da Presidência. A PF busca identificar outras transações suspeitas envolvendo a primeira-dama e a Ajudância de Ordens.


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