A Petrobras colocou à venda, por um preço mínimo de US$ 40 milhões, duas sondas de perfuração que lhe custaram US$ 720 milhões no início da década. As unidades fazem parte de um pacote de sete sondas que serão leiloadas pela estatal em maio.
As sondas P-59 e P-60 foram construídas por um consórcio formado por Odebrecht, UTC e Queiroz Galvão (todas investigadas na Operação Lava Jato) em um canteiro de obras da própria Petrobras na Bahia.
Foram as primeiras unidades deste tipo construídas no Brasil em 30 anos, evento comemorado pelo governo na época como mais um passo na retomada da indústria naval brasileira.
“Eu quero dizer a vocês que parcerias como essa, que significa a volta para o Brasil de estaleiros que estavam desaparecido de nosso cenário desde 1980, parcerias como essa, entre uma empresa como a Petrobras e esses estaleiros, é o que vamos buscar”, discursou a então presidente Dilma Rousseff na cerimônia de batismo da P-59, em 2012.
Segundo comunicados distribuídos na ocasião, cada unidade custou à estatal US$ 360 milhões. Em edital publicado esta semana, a empresa estipula o preço mínimo de US$ 20 milhões para cada uma.
“É um absurdo vender duas sondas tão novas por esse preço. Aliás, não é hora de vender nada”, critica o coordenador da FUP (Federação Única dos Petroleiros), José Maria Rangel, que faz oposição ao plano de venda de ativos da estatal.
As unidades foram entregues à Petrobras em 2013. A partir de 2015, chegaram a ser usadas como hotel flutuante, dando apoio a operações de manutenção em outras plataformas.
Ao contrário dos modernos navios-sonda, que flutuam e podem ser levados a águas ultraprofundas, P-59 e P-60 são unidades autoelevatórias: são apoiadas no fundo do mar por três torres de 145 metros. Dessa forma, estão restritas a operações em lâminas d’água inferiores a 106 metros de profundidade.
O edital de licitação inclui ainda as sondas P-III, P-X, P-XVI, P-XVII, P-XXIII, todas mais antigas e também focadas na exploração de petróleo em zonas mais rasas do que o pré-sal.
A partir de 2015, com o corte de investimentos nessas regiões, a Petrobras começou a “hibernar” essas unidades -isto é, elas foram deslocadas a estaleiros e ficaram atracadas à espera de serviço.
Para as quatro primeiras, não há lance mínimo. Para a P-XXIII, que passou por reformas recentemente, o interessado terá que pagar ao menos US$ 500 mil.
EXCESSO
A Petrobras vem realizando um trabalho de adequação de sua frota de sondas ao novo cenário de investimentos após a Lava Jato e à queda do preço do petróleo. Decidiu renegociar contratos com fornecedores e chegou a romper unilateralmente com algumas unidades.
Além disso, vem tentando reduzir o número de contratos com a Sete Brasil, empresa criada no governo Lula para se tornar a principal fornecedora de sondas para o pré-sal. Dos 49 contratos iniciais, a estatal tentava preservar menos de 10.
De acordo com dados da empresa Baker Hughes, há hoje no Brasil 11 sondas de perfuração de poços marítimos em operação, sete a menos do que um ano atrás. No auge da atividade exploratória, em 2011, o número chegou a 50.
Procurada, a empresa ainda não comentou o assunto. (Folhapress)
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