Em meio à crise econômica, mais pessoas têm recorrido ao penhor de joias como forma de empréstimo. Segundo a Caixa Econômica Federal, o penhor movimentou R$ 7,2 bilhões em novos contratos e renovações no primeiro semestre deste ano, número 11,3% maior em relação ao mesmo período do ano passado.
O Penhor da Caixa tem uma taxa de juro de 2,1% ao mês e pode ser renovado quantas vezes o cliente quiser. O empréstimo poderá chegar até 100% do valor do bem para clientes com conta salário na Caixa e relacionamento com o banco. Depois de quitar o contrato, o cliente recebe seu bem de volta.
São aceitos bens confeccionados em ouro, prata, diamantes, pérolas, relógio ou canetas de valor. O cliente leva a joia para avaliação especializada na Caixa e recebe o dinheiro na hora.
“É aquele velho ditado, entrega-se os anéis para não entregar os dedos e as mãos. As pessoas estão literalmente entregando os anéis”, diz o professor do departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Universidade de Brasília, Roberto Bocaccio Piscitelli.
“O endividamento aumentou e as condições de cumprimento das obrigações está cada vez mais difícil. As pessoas estão enfrentando uma crise de desemprego sem precedentes, muitos estão endividados ou continuam trabalhando, mas perderam renda, com redução de jornada”. Segundo ele, normalmente, o penhor não é a primeira opção e acaba sendo um recurso usando por aqueles que já esgotaram outras formas de crédito. “Possivelmente, tem outros atrasos ou inadimplência. Normalmente, o penhor é uma das últimas coisas que a pessoa recorre por representar o risco de perder um patrimônio, que às vezes tem grande valor de uso.”
Apesar de ser uma das últimas opções, o penhor apresenta condições mais vantajosas que outros empréstimos, tanto em questão de juro quanto pelo fato de ser uma linha sem burocracia, pois dispensa
avaliação de risco de crédito.
O percentual de famílias que relataram ter dívidas entre cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro alcançou 56,4% em junho deste ano, segundo Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). O percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso aumentou entre maio e junho de 2017, passando de 24,2% para
24,3%.
Uma dica de Piscitelli é que ao contrair um empréstimo, a pessoa busque quitar as dívidas. A partir dai, é necessário que toda a família reveja o modo de vida. “É preciso examinar cuidadosamente o orçamento para saber o que pode cortar ou reduzir. Quase sempre isso é possível, quase sempre se conhece pouco do orçamento doméstico, quase sempre vamos verificar que têm despesas que podem ser reduzidas ou cortadas temporariamente”, orienta e acrescenta: “A situação impõe sacrifícios e tem que colocar a família no meio disso, senão não adianta. Onde não há cooperação doméstica, onde uns apertam e outros folgam, não adianta”.
Com informações da Agência Brasil
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