“A oposição tem de ter juízo para vencer. Se unir e escolher o melhor nome”, essa é a opinião do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, que, em entrevista ao Jornal O Hoje, afirmou que o grupo que hoje está em oposição ao governador Marconi Perillo precisa “acertar” o perfil de candidato que o povo espera.
“Nas eleições passadas, não vencemos, mas pelo menos foi disputado pau a pau, e escolhemos o que estava liderando melhor. Agora, ganhar ou perder, isso é do jogo. Não acredito que tenha havido erro por parte da oposição”, avaliou.
“Você define nome com dois anos de antecedência e perde. Define com um mês de antecedência e ganha a eleição. O problema é acertar no perfil que a população espera”, complementou.
“No ano em que completará o quinto como prefeito da segunda maior cidade do Estado, Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela (PMDB) considera que os avanços são gigantescos, em comparação ao ano de 2009, quando iniciou mandato de prefeito pela primeira vez em sua carreira política.
Grande parte do desenvolvimento do município de 500 mil habitantes, ele atribui às conquistas obtidas graças ao bom relacionamento com o governo federal, e não deixa de destacar a relação republicana com o governador Marconi Perillo (PSDB).
Nesta entrevista, concedida durante visita ao jornal O HOJE, o prefeito discute a relação com os governos, critica a ameaça do PMDB de esvaziar a base da presidente Dilma Rousseff (PT) em um momento em que a crise no País é, segundo ele, resultado da estagnação de todos os partidos políticos; e debate a necessidade de transformação das relações e do sistema político.
Desenvolvimento de Aparecida
Está dando salto gigantesco, principalmente com apoio do governo federal. Já asfaltamos 70 bairros, e estamos asfaltando neste momento mais 15. Construímos o novo fórum, o Conjunto Águas Claras, que é modelo no Brasil dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, e estamos programados para fazermos mais 10 mil casas populares. Tínhamos 20% de rede de esgoto, e hoje temos 30%; e vamos chegar aos 80%. Acredito também que no meu mandato universalizaremos a água tratada. O grande problema de Aparecida era o asfalto, e hoje não é mais. Hoje, é segurança – que é de responsabilidade do Estado – e saúde, cuja maior participação é do governo federal.
Quando assumimos, a cidade tinha só três Cais. Hoje, já construímos uma UPA, e cinco unidades básicas, 10 postos de saúde e temos 14 a serem licitados. Já conseguimos autorização da Anac para construir o aeroporto e a Universidade Federal já conseguimos a área. Já temos o IFG funcionando, com o primeiro curso noturno de engenharia civil do Centro Oeste. Estamos também construindo 43 novas creches. Quando eu assumi, tínhamos apenas sete, e estávamos defasados em relação a escolas profissionalizantes. Acredito que evoluímos muito, e mais na área da educação. Aparecida foi também a primeira a pagar o piso nacional dos professores. O entrosamento com o governo federal foi muito importante em todas essas conquistas. Está possibilitando investimentos da ordem de R$ 1,5 bilhão atualmente.
Passe livre
Entendo que temos de nos reunir todos: governador, prefeito de Goiânia e os da região metropolitana. Tem de ser feito com muita responsabilidade e fazendo contas. Não adianta querer que uma ou outra prefeitura pague aquilo que ela não dá conta. É possível buscar um denominador comum para que não pese para ninguém. O ideal seria que essa proposta se estendesse para as empregadas domésticas, porteiros de edifícios, garçons. Aparecida está disposta a desonerar impostos, contribuições e retirar o que está pesando. Temos como bom exemplo o Reitup, programa pelo qual o governo federal, estaduais e municipais não cobram mais nenhum imposto, desonera tudo. É lógico que o preço cai drasticamente. Mas é linear, diferente da nossa proposta, que é só região metropolitana.
Relação com governador
Essas críticas que recebo por parte da oposição pela minha boa relação com o governador são imcompreensíveis. O governador tem um bom relacionamento com a presidente Dilma, que tem relacionamento bom com todos os governadores. Por que eu tenho de ter um mau relacionamento com o governador? Eu sou governo também. Todos os governos têm de se relacionar bem. Eu acho que a classe política em si tem de se relacionar melhor. Acredito que ela foi se autodestruindo em razão dessas brigas, levando desvantagens. O que o povo ganha com essas intrigas? Só perde.
Acho que no dia em que a classe política entender que precisa estar mais unida, que acabaram as eleições ela tem de descer do palanque e ir trabalhar pelo povo. Enquanto isso não acontecer a classe política só vai sofrer desgastes até chegar a um ponto insustentável. Hoje, tudo é culpa da classe política, mas não é bem assim. O Senado deve aprovar uma matéria que acho fundamental: o representante do Ministério Público errou, tem de ser exonerado. Cometeu crime, tem de ser exonerado. Hoje, o que acontece é: errou, é promovido e aposentado com salário altíssimo. Isso é um privilégio que precisa acabar. Aposentadoria de político precisa acabar. Hoje está todo mundo gritando, mas há 20 anos eu já venho denunciando isso. Não paguei aposentadoria política no meu governo, acabei com aposentadoria na Assembleia, e acho que pagar aposentadoria é um absurdo.
Ameaça de deixar a base
Não é hora para isso. O PMDB está errando e muito. Por que na hora que a Dilma estava com o maior índice de popularidade o PMDB não propôs isso? Agora que o País está em uma situação difícil vem propor? Sou totalmente contra. O PMDB tem obrigação moral, tem de ter decência e honestidade e continuar apoiando. Quem é parceiro tem de ser nas horas fáceis e difíceis. Aliança para outro mandato é outra coisa. Se o PMDB quiser bancar outra candidatura, tem esse direito, como todos os outros partidos, mas não é hora de falar nisso.
O partido está em uma aliança, foi eleito para ajudar e tem de ajudar até o último dia do governo. Eu tenho posição firme: acredito que a presidente Dilma está fazendo o correto. Se tudo não está muito bem, a culpa não é só dela. É de uma conjuntura inteira, inclusive dos partidos políticos. O PSDB, lá atrás, poderia ter feito a reforma. Por que não fez? Eu venho defendendo isso há muito tempo. Acabar com financiamento das campanhas, com a obrigatoriedade do voto, com os suplentes de senadores, com os mandatos de oito anos. Tudo isso tem de ser extinto.
Chegada de Friboi
Não teve racha com a chegada dele, e nem vai ter. Aquele que tiver em melhores condições de vencer as eleições vai ser o candidato. Não adianta querer impor ou sugerir esse ou aquele. A população vai sinalizar isso: se a população quer um jovem, se quer um experiente. Temos de fazer pesquisas quantitativas e qualitativas. O partido tem de zelar por isso. Eu não serei candidato, porque tenho mandato para cumprir. Agora, Iris é um grande administrador, um grande líder. Júnior Friboi é uma grande promessa. Temos também o prefeito de Anápolis, de Jataí, que já mostraram ser bons gestores. Alguns deputados estaduais têm se destacado também.
Eleições de 2014
A oposição tem de ter juízo para vencer. Se unir e escolher o melhor nome. Nas eleições passadas, não vencemos, mas pelo menos foi disputado pau a pau, e escolhemos o que estava liderando melhor. Agora, ganhar ou perder, isso é do jogo. Não acredito que tenha havido erro por parte da oposição. Foi mérito de quem ganhou, que soube fazer uma campanha mais aguerrida, fazer as promessas que o povo estava esperando. Às vezes, você perde não só por mérito seu, mas pelo mérito de quem ganhou também. Você define nome com dois anos de antecedência e perde. Define com um mês de antecedência e ganha a eleição. O problema é acertar no perfil que a população espera.”