O deputado Helio de Sousa (DEM) foi escolhido o novo líder do governo Marconi Perillo (PSDB) na Assembleia Legislativa. Ligado à família do ex-governador Otavio Lage, Helio passa a acumular as funções de líder do governo, presidente da Comissão de Finanças e presidente de uma CPI criada para investigar o governo que ele agora lidera. É a primeira vez na história da Assembleia que alguém acumula tantos cargos. Pior do que isso: ninguém da oposição se incomodou com o fato.
Regimentalmente, há uma brecha. Nada proíbe. Ou seja, Helio pode ocupar os três cargos, aparentemente conflitantes. Moralmente, no entanto, há problemas. Como pode alguém ser presidente da Comissão de Finanças, que mostra a viabilidade financeira de projetos do governador na Casa e, ao mesmo tempo, ser o líder do governo que ele tem obrigação de fiscalizar como presidente da tal comissão? Mais do que isso: como ele pode ser presidente de uma CPI que investiga as relações entre o governador Marconi Perillo e o bicheiro Carlinhos Cachoeira e, ao mesmo tempo, ser líder do governo que é investigado? Que mínimo de isenção tem Helio para um cargo
tão decisivo? Esses são problemas externos, evidentes, que deveriam incomodar uma oposição que insiste em dormir em berço esplêndido.
Ao assumir o cargo de vice-presidente da Assembleia no mês de fevereiro de 2013, Helio terá de abdicar do cargo de líder do governo. Aí, sim, há uma proibição regimental. Ou então terá de renunciar ao cargo na Mesa Diretora para o qual foi eleito
há uma semana.
Internamente, no entanto, há outro problema. Helder Valin deixou a liderança do governo sem necessidade. Ele só assume a presidência da Casa em fevereiro. Até lá, poderia continuar na liderança do governo. Mas a questão é que não deseja mais liderar esse governo (veja matéria aqui). Está insatisfeito com o governador Marconi Perillo, que quer trocar o presidente da Agecom e mexer em outros feudos
do parlamentar. Mais do que isso: é sintomático que o cargo de líder do governo foi oferecido a todos os quase dez parlamentares do PSDB e nenhum aceitou. Sobrou para Helio de Sousa, de um DEM que hoje é mais oposição do que governo, embora
a posição pessoal de Helio não seja essa. Sintoma de um governo fraco, que poucos ainda ousam defender.