23 de dezembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 25/05/2023 às 14:11

Mobilidade urbana e bem-estar coletivo: Governo Federal permanece preso ao passado

(Foto: Divulgação)
(Foto: Divulgação)

A falta de ação do governo federal em relação à mobilidade urbana sustentável e sua negligência em relação às parcelas mais vulneráveis da população revelam um quadro preocupante no contexto sociopolítico brasileiro. Ao analisarmos a política federal de incentivo à diminuição do custo do carro de entrada, através de isenções de impostos e créditos subsidiados, fica evidente uma priorização dos interesses individuais em detrimento do bem-estar coletivo e da promoção de uma mobilidade urbana mais equitativa.

Nesse contexto, é importante ressaltar que a mobilidade urbana sustentável é um tema de extrema relevância para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. Porém, as ações do governo federal têm mostrado uma falta de compromisso com essa questão, favorecendo aqueles que já possuem recursos para adquirir um veículo próprio, em detrimento da maioria da população que depende do transporte público como única opção de deslocamento.

Em contrapartida, observamos que em diversos países ao redor do mundo, políticas públicas efetivas são adotadas para promover a mobilidade urbana sustentável, especialmente no que diz respeito ao transporte público. Países como a Holanda, Suécia e Alemanha são exemplos de nações que possuem políticas voltadas para a qualidade do serviço, melhoria da velocidade comercial dos ônibus e tarifas acessíveis. Esses países compreenderam que o investimento em transporte coletivo de qualidade é essencial para a construção de cidades mais sustentáveis, além de promover a inclusão social e reduzir problemas como congestionamentos e poluição.

No entanto, no Brasil, o governo federal parece estar distante desse modelo, priorizando incentivos para aquisição de carros particulares em vez de investir em transporte público. Essa abordagem acaba por aprofundar as desigualdades sociais, uma vez que as camadas mais vulneráveis da população, que não possuem condições financeiras para adquirir um veículo, ficam à margem desse sistema.

Além disso, devemos considerar a situação do transporte semiurbano no Entorno do Distrito Federal, que é de responsabilidade da União. A falta de diálogo e cooperação entre o governo federal e os governos de Goiás e do DF para redução das tarifas e melhoria do sistema reflete a negligência em relação às necessidades da população que depende desse transporte para suas atividades diárias. Essa falta de investimento e de atenção demonstra uma falta de compromisso com a qualidade de vida e o bem-estar das comunidades afetadas.

A falta de ação do governo federal em relação à mobilidade urbana sustentável e sua negligência em relação ao transporte semiurbano no Entorno do Distrito Federal refletem uma abordagem ineficaz e insensível às necessidades da população. É fundamental que as políticas públicas sejam direcionadas para a construção de um sistema de transporte eficiente, inclusivo e ambientalmente responsável, levando em consideração as parcelas mais vulneráveis da sociedade. O governo federal precisa rever suas prioridades e assumir um compromisso real com a mobilidade urbana sustentável, investindo em transporte público de qualidade e criando soluções que beneficiem a todos, independentemente de sua condição social. Somente assim poderemos construir cidades mais justas, sustentáveis e acessíveis para todos os cidadãos.

Miguel Angelo Pricinote

Miguel Angelo Pricinote é Geógrafo, Mestre em Transporte, Fundador do Mova-se Fórum Nacional de Mobilidade e atual Subsecretário de Políticas para Cidades e Transporte do Governo de Goiás

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