22 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 11/11/2022 às 17:27

Lula reorienta a revisão sobre teto de gastos apesar da pressão do mercado

O desafio do Lula é equilibrar a gula do mercado rentista e ao mesmo tempo é preciso alimentar quem tem fome. Os dados mostram que em 2022, o Segundo Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia de Covid-19 no Brasil apontou que 33,1 milhões de pessoas não têm garantido a alimentação básica — o que representa 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome.

Lula receberá do Governo Bolsonaro uma herança maldita, não só na economia, mas em todos os setores estratégicos do país, uma indústria nacional totalmente destruída. Para se ter uma ideia do tamanho do hiato, durante a pandemia importamos máscaras cirúrgicas da China.

Na última segunda-feira (07) a reunião da Subcomissão Temporária para Acompanhamento da Educação na Pandemia, praticamente chegou à conclusão de que o teto de gastos vem inviabilizando a educação. 

As despesas e os investimentos na educação pública brasileira vêm diminuindo desde 2016 e a recuperação do setor deverá ser lenta, segundo debatedores que participaram de audiência pública interativa. Consultor de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados, Claudio Riyudi Tanno afirmou que o teto de gastos públicos (Emenda Constitucional 95) vem restringindo significativamente o crescimento dos investimentos na educação pública.

Lula resolveu enfrentar o mercado, colocou na mesa o debate teto de gastos, um mecanismo de controle fiscal que não atente mais a realidade do Brasil. Como o Mercado reagiu? Claro, de forma imatura, sem olhar para as necessidades do país e sem se sensibilizar com a fome dos mais pobres, resolveu enfrentar Lula sem travar o debate com base na realidade brasileira e comportou-se como um menino mimado elevando as taxas de juros! 

Lula aceita o debate, nunca fugiu e sempre foi claro na sua posição de alimentar quem tem fome. Lula também sabe que o teto de gastos foi modificado cinco vezes nos últimos anos e sofreu seu golpe final com o orçamento secreto.

Em Brasília a reverberação sobre o teto de gastos não é a mesma que ecoa nos arranha-céus da Faria Lima. Hoje a república brasileira pensa um mecanismo de controle fiscal de verdade, com regras que atenda às necessidades do país e que realmente funcione.

Hoje quem defende o atual teto de gastos, defende uma política fiscal ineficaz. Conheço o presidente a distância, mas o suficiente, para compreender que será um desafio para os investidores brasileiros, o debate do teto de gastos entrou na pauta do dia. Cabe ao mercado se adaptar aos novos tempos de um governo eleito democraticamente.

Lula já mostrou que é grande, mas é humano! A volta a Brasília foi emocionante e carregada de representações. Foi ao STF, ao estilo Mandela passou a mensagem que superou o passado e entende como poucos a liturgia do poder. Depois resolveu falar para uma bancada, que ao seu lado sofreu as maiores perseguições e injustiças na luta em defesa da democracia.

No calor da emoção ainda não desceu do palanque eleitoral, natural para os grandes líderes populares, continua falando como candidato, ao mesmo tempo que o mundo, no vácuo deixado por Bolsonaro, já o vê como presidente.


Caminhamos para uma inflação real, muito maior que a inflação maquiada por Bolsonaro, com ajuda do guru Paulo Guedes. Inflação penaliza, em qualquer parte do mundo, os pobres. Parte dos críticos e analistas de mercado argumentam que Lula fala em enfrentar a fome com aumento de gastos, e não sugere o equilíbrio para o balanço fiscal.

Jornalistas pedem cuidados com as palavras, a realidade impõe que Lula só deva falar de economia após o anúncio do futuro ministro, sua equipe econômica e um plano de combate à inflação. No momento, falar de gasto antes de escolher um ministro só irá gerar especulações e instabilidade na bolsa. Lula acerta ao colocar o teto de gasto na ordem do dia, analistas acertam em pedir prudência nas palavras e tenho certeza de que podemos combater a fome ao mesmo tempo que controlamos os gastos.

Casado com Kariny Melo e pai do Ítalo Melo. Hoje lutando para pegar um diploma de jornalista. Na vida o que vale é ter histórias para contar.

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