09 de agosto de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 12/02/2020 às 23:39

Largada a passos lentos

 

A primeira semana da campanha política autorizada pelo TRE, ainda não foi efetivamente para as ruas. Os atrasos têm vários motivos, mas o que chama a atenção no cenário da disputa para a prefeitura de Goiânia, mesmo após a definição das chapas, são os primeiros passos tímidos, e conturbados com feridas da pré-campanha, causadas principalmente por desgastes das investigações da Polícia Federal e CPIs.

Os números das primeiras pesquisas não definem a intenção do eleitor, mas já acendem uma luz para alguns postulantes. Já viram o espaço em que precisam crescer, onde devem trabalhar, e principalmente quem atacar. O desafio de se fazer conhecido é grande para todos. A administração atual é um alvo certo dos opositores mais expressivos. Os candidatos das menores legendas figuram para levantar seus partidos, e sinalizam quem poderiam apoiar em eventual 2º turno.

A coligação Goiânia 24 horas, em suas primeiras aparições na mídia, talvez foi a de discurso mais contundente, batendo na tecla da segurança pública. Algumas promessas polêmicas como reduzir a criminalidade em 70%, com patrulhamento de “anjos de bairro”, e pagamento de hora extra para a polícia. Toca em pontos sensíveis da população, machucada com tantos índices de violência de vários tipos. Prometer melhorias de porcentagem tão alta podem comprometer a candidatura e gerar mais desconfiança.

Nota-se a preocupação do candidato Jovair Arantes de polarizar a disputa com Paulo Garcia. Contudo pesa de certa forma ser candidato ligado ao desgastado governo estadual, e tentando se aproximar do federal, o qual é aliado, mesmo sendo esse do partido do adversário. Tenta desmerecer a condição de vice que assumiu o mandato do eleito Íris Rezende. Condição de vice que ele mesmo teve na gestão de Darci Accorsi, entre 1993 e 1996. Tomar uma multa de R$ 45,00, passível de recurso, foi um começo atribulado.

A Coligação Goiânia Sustentável, do prefeito Paulo Garcia, também tomou um susto com o Ministério Público pedindo a inelegibilidade dele. O caso pode não complicar tanto, os cacos pra se recolher continuam. A defesa do governo atual passa por outros problemas desde os brinquedos defeituosos do Mutirama, até as instabilidades da saúde, peso muitas vezes transferido pelo estado.

A falta de um nome experimentado no executivo também tira o brilho da disputa. A maioria tem experiência no legislativo, porém isso é pouco para quem é acostumado a ter gente do calibre de Íris Rezende encabeçando uma chapa. As igrejas têm seus representantes, como vices e postulantes, mas possivelmente não farão diferença significativa, porém sempre é uma arma para se angariar mais votos.

Os candidatos outrora aliados do governo municipal, Simeyson Silveira e Isaura Lemos, podem ganhar mais espaço, mas enfrentam rejeição e desconhecimento, assim como o midiático Elias Júnior e José Netho. Os de mais esquerda, Profº Reinaldo Pantaleão e Rubens Donizete defendem mudanças mais radicais e brigam por espaço maior na mídia.

Disputas jurídicas a parte, os problemas não vão acabar. O desafio de consolidar os nomes bate de frente com o descrédito do mundo político pelo eleitorado. O debate ainda pode demorar a acalorar, mas terá muitos motivos para o confronto de ideias, e a luta pelo voto do desestimulado eleitor goianiense.

 


Paullo Di Castro é jornalista e blogueiro.