10 de agosto de 2024
Brasil • atualizado em 13/02/2020 às 01:36

Operação prende mais de 60 PMs suspeitos de elo com tráfico no Rio

Polícia Civil do RJ deflagra megaoperação para prender 96 PMs e 70 traficantes
Polícia Civil do RJ deflagra megaoperação para prender 96 PMs e 70 traficantes

Ao menos 62 policiais militares foram presos nesta quinta-feira (29) numa ação para desarticular um esquema de corrupção em São Gonçalo, cidade na região metropolitana do Rio. A operação deteve ainda 22 traficantes e mais dois “recolhedores de propinas”.

No total, foram 184 mandados de prisão preventiva expedidos, com 96 PMs indiciados. Entre eles, a maioria era de sargentos e cabos. A patente mais alta entre os detidos é a de um subtenente.

Com 800 homens, o 7º Batalhão da PM, único do município, foi o principal alvo da apuração.

Segundo os investigadores, o esquema envolvia o pagamento de propina por traficantes de 50 comunidades da cidade e rendia cerca de R$ 1 milhão por mês aos policiais. “É um dia triste, mas necessário”, disse o secretário de Segurança Roberto Sá.

Os policiais presos vão responder por organização criminosa e corrupção passiva.

O ESQUEMA

Segundo a investigação, os militares ofereciam uma série de “serviços aos traficantes”, que incluíam de aluguel de fuzis até a escolta dos criminosos nos deslocamentos de uma comunidade para a outra da cidade.

Agentes envolvidos na operação afirmam que o pagamento de propinas era feito até mesmo dentro do batalhão da polícia.

Carros oficiais eram usados para recolher a propina nas bocas de fumo.

De acordo com a Polícia Civil, os PMs também sequestravam traficantes. Caso o resgate, que chegava a R$ 5.000, não fosse pago, os policiais levavam os “reféns” presos para a delegacia.

Os policiais foram flagrados ainda “assaltando” um ponto de venda de drogas na cidade. Segundo o inquérito, os PMs assumiram o comando do ponto e negociavam os produtos ilícitos por preços menores com os usuários.

O objetivo seria fazer dinheiro rápido.

A operação, batizada de Calabar, é uma das maiores já realizadas envolvendo casos de corrupção entre PMs e traficantes.

A investigação teve início no ano passado na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo e contou com o apoio da Corregedoria da Polícia Militar e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

COMANDANTE

Com 1 milhão de habitantes São Gonçalo é hoje um dos municípios mais violentos do Estado do Rio -tem 30 homicídios para cada 100 mil habitantes, três vezes superior ao índice considerado como epidemia pela OMS (Organização Mundial da Saúde)

Há seis anos, batalhão da cidade foi cenário de outro crime com envolvimento de policiais.

Em 2014, o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva Oliveira, ex-comandante da unidade, foi condenado a 36 anos de prisão em regime fechado pela morte da juíza Patrícia Acioli, assassinada em 2011.

A juíza atuava contra grupos de extermínio formados por policias militares do batalhão comandado por Oliveira, que era acusado de ser o mentor de seu assassinato.

Ele foi considerado culpado por homicídio triplamente qualificado (por motivo torpe, mediante emboscada e com o objetivo de assegurar a impunidade) e por formação de quadrilha armada.

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