17 de março de 2025
OPERAÇÃO DA PF

Operação Arthron prende em Luziânia ex-candidato a vereador por fraude no Farmácia Popular e tráfico

Preso em Luziânia por fraude no Programa Farmácia Popular, ex-candidato era líder nas operações de tráfico de drogas vindas da Bolívia, Colômbia e Peru
Material apreendido na operação ocorrida em Luziânia, DF e mais cinco estados - Foto: divulgação / PF
Material apreendido na operação ocorrida em Luziânia, DF e mais cinco estados - Foto: divulgação / PF

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (13), a Operação Arthron (articulação em grego), para desarticular e descapitalizar um grupo criminoso envolvido no tráfico internacional de drogas e em fraudes milionárias contra o Programa Farmácia Popular do Governo Federal. As ações ocorreram no Distrito Federal, Goiás e mais cinco estados. Em Goiás, Luziânia, no Entorno do DF, foi o foco principal da operação.

Em Luziânia, entre ao menos três investigados, está um homem que chegou a disputar as eleições municipais de 2024 como candidato a vereador. O nome do investigado não foi revelado. Ele foi preso na operação desta quinta.

A investigação começou em 2022, após a prisão em flagrante de dois indivíduos que estavam transportando grande quantidade de cocaína com destino a Luziânia. A droga seria entregue a esse traficante da região. Ao longo da investigação os agentes apuraram que esse suspeito estava envolvido diretamente na recepção e distribuição de grande volume de cocaína proveniente de países como Bolívia, Colômbia e Peru, liderando a operação.

Dinheiro apreendido na operação – Foto: divulgação/PF

Ao todo, foram cumpridos nesta quinta, 106 mandados expedidos pela Justiça Federal em Goiás. Entre eles, seis de prisão, 26 de busca e apreensão e 28 medidas restritivas de direitos. Além disso, foram sequestrados bens móveis e imóveis dos investigados, e determinado o bloqueio de mais de R$ 39 milhões. A operação também teve desdobramentos na Paraíba, Mato Grosso, Acre e Minas Gerais.

As investigações apontaram que o grupo criminoso adquiria farmácias cadastradas no Programa Farmácia Popular que haviam encerrado suas atividades. Em seguida, realizavam alterações societárias para vinculá-las a laranjas e aumentavam artificialmente a venda de medicamentos. Essas transações fraudulentas geravam pagamentos que eram desviados para financiar a compra de entorpecentes.

De acordo com a Polícia Federal, antes das fraudes, essas farmácias recebiam repasses mensais de, no máximo, R$ 5 mil. Com a manipulação dos registros, passaram a faturar entre R$ 60 mil e R$ 90 mil por mês. Os criminosos utilizavam identidades de consumidores sem eles saberem, registrando compras de medicamentos que nunca foram entregues.

O esquema envolvia uma rede de empresas fantasmas e um operador que atuava como “despachante” junto aos órgãos públicos responsáveis pelo programa. O objetivo era dificultar o rastreamento das transações e a identificação dos verdadeiros beneficiários do dinheiro desviado.

A PF destacou que, além dos lucros obtidos com o tráfico de drogas, a quadrilha causou enormes prejuízos à sociedade ao desviar recursos destinados à saúde pública. O impacto financeiro do golpe levou ao aumento do valor total bloqueado na operação, incluindo uma parcela destinada à reparação de danos morais coletivos.

O passo a passo da fraude

Alvo das fraudes, o Programa Farmácia Popular do Brasil – PFPB é um programa do Governo Federal que visa complementar a disponibilização de medicamentos utilizados na Atenção Primária à Saúde, por meio de parceria com farmácias da rede privada. De acordo com a PF, as fraudes ocorriam assim:

i) Os investigados adquiriam empresas que estavam licitamente cadastradas no PFPB, mas que haviam encerrado suas atividades;

ii) Faziam as alterações societárias pertinentes e, na maioria dos casos, vinculava as Pessoas Jurídicas a pessoas interpostas;

iii) As alterações societárias e os ajustes junto ao PFPB eram intermediados por Investigada que, aparentemente, atuava como espécie de “despachante” junto aos órgãos públicos atuantes no programa;

iv) Realizadas as alterações, ocorria aumento do número de lançamentos de medicamentos comercializados por meio do Farmácia Popular, seja na modalidade gratuidade ou subsidiada;

v) Liberação dos pagamentos em favor dos envolvidos que se valiam de diferentes tipologias voltadas a dificultar a identificação dos reais beneficiários.


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