05 de dezembro de 2025
EM ANÁLISE

ONS alerta para risco de apagão e sugere volta do horário de verão no Brasil

Relatório do Operador Nacional do Sistema Elétrico aponta desafios de suprimento de energia nos próximos cinco anos
Entre medidas recomendadas pelo ONS está a volta do horário de verão - Foto: arquivo/ divulgação
Entre medidas recomendadas pelo ONS está a volta do horário de verão - Foto: arquivo/ divulgação

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) acendeu um sinal de alerta para o futuro do suprimento de energia no Brasil e sugeriu o retorno do horário de verão como alternativa para mitigar riscos. Segundo o Plano da Operação Energética (PEN 2025), lançado na terça-feira (8), o sistema elétrico nacional pode enfrentar problemas para atender à demanda de potência nos horários de pico, especialmente no fim do dia, pelos próximos cinco anos, caso leilões de potência não sejam realizados.

Diante do cenário preocupante, o ONS apontou o retorno do horário de verão entre as medidas alternativas estudadas.

A avaliação do ONS, que abrange o período de 2025 a 2029, aponta a crescente necessidade de despacho de usinas térmicas flexíveis para suprir a demanda nos horários de pico. É nesse contexto que a retomada do horário de verão, suspenso durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, é mencionada como uma possibilidade. A recomendação, contudo, dependerá das projeções de atendimento dos próximos meses, indicando que a medida está sendo seriamente considerada para garantir a estabilidade do sistema.

O documento detalha que a geração de energia no país tem crescido, impulsionada majoritariamente por fontes intermitentes, como a eólica, solar e a mini e microgeração distribuída (MMGD). Embora essas fontes sejam cruciais para a transição energética, a solar e a MMGD, em particular, produzem significativamente menos energia no período noturno, justamente quando a demanda por potência atinge seu pico.

Essa mudança no perfil da matriz elétrica, com a maior participação de renováveis, tem imposto novos desafios à operação do Sistema Interligado Nacional (SIN). O ONS destaca a necessidade de maior flexibilidade operacional, especialmente das usinas hidrelétricas, que são mais controláveis, e a importância do despacho de termelétricas. A expectativa é de um acréscimo de 36 Gigawatts (GW) na capacidade instalada até 2029, totalizando 268 GW. A MMGD, em conjunto com a fonte solar, deverá representar 32,9% da matriz elétrica, tornando a solar a segunda maior fonte em capacidade instalada do SIN.

A avaliação do ONS é categórica: o sistema precisará estar preparado para elevados montantes de despacho termelétrico no segundo semestre de 2025, principalmente a partir de outubro. O relatório prevê que grande parte dos cenários já indica a necessidade de uso da reserva de potência ao longo do segundo semestre deste ano. No entanto, o ONS salienta que não recomenda a inclusão de geração térmica com alta inflexibilidade ou longo tempo de acionamento, priorizando a flexibilidade demandada pelas rápidas variações de potência.

A realização de leilões anuais de reserva de capacidade na forma de potência é vista como premente pelo ONS para buscar o equilíbrio estrutural no atendimento aos requisitos de potência. O PEN 2024 já havia indicado a violação dos critérios de garantia de suprimento de potência em 2025, e os resultados do PEN 2025 mostram um aprofundamento dessas violações nos anos seguintes (2026-2029).

Um leilão crucial, previsto para agosto do ano passado, foi judicializado e teve suas regras revogadas em abril pelo Ministério de Minas e Energia, cancelando a disputa que visava contratar potência de hidrelétricas, termelétricas a gás natural e biocombustíveis.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que, se uma nova portaria for publicada, um novo leilão será coordenado, aproveitando o aprendizado e os documentos já elaborados.

Outro ponto de atenção é a inserção de cargas especiais no sistema, como plantas de datacenters e hidrogênio verde, que demandam alto suprimento de energia e possuem baixa flexibilidade. O ONS enfatiza que uma atenção especial deve ser dada para viabilizar o atendimento dessas cargas no período de ponta noturno, momento em que o sistema já apresenta maior dificuldade em atender aos requisitos de carga.

Com informações da Agência Brasil


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