17 de dezembro de 2024
Esportes • atualizado em 13/02/2020 às 01:31

Olimpíada do Rio fica sem custo total oficial

A Olimpíada do Rio ficou sem uma versão oficial do custo total do evento. Ex-dirigentes da APO (Autoridade Pública Olímpica) decidiram não atualizar dados do Plano de Políticas Públicas, um dos documentos oficiais para se chegar à conta.

Já a última versão da Matriz de Responsabilidades, documento que descreve gastos com instalações esportivas e serviços diretamente ligados aos Jogos, foi divulgada nesta quarta-feira (14) sem informações consideradas essenciais pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Ela aponta um investimento total de R$ 7,23 bilhões.

Somando dados dispersos, enviados à imprensa por cada ente público, o gasto total dos Jogos de acordo com a metodologia dos governos federal, estadual e municipal foi de R$ 42,8 bilhões.

Esta conta considera o Plano de Políticas Públicas -referente a obras de infraestrutura da cidade prometidas ao COI mas sem relação direta com os Jogos, como a linha 4 do metrô- a Matriz de Responsabilidade e o comitê organizador.

O TCU, contudo, indica que valores que superam R$ 4 bilhões não constam dos relatórios oficiais. Entre eles está inclusive o custeio da APO e da EOM (Empresa Olímpica Municipal), órgãos criados exclusivamente para a organização dos Jogos. A Matriz também não descreve, por exemplo, o gasto na construção do pavilhão 6 do Riocentro, usado como arena do boxe.

Também não consta do balanço verba dispendida com a segurança do evento, tanto dentro das arenas como o contingente extra nas ruas. Muito menos os benefícios fiscais para a realização dos Jogos.

A Aglo (Autoridade de Governança do Legado Olímpico) organizou nesta quarta uma audiência pública para divulgar a última versão da Matriz e o Plano de Legado. O ex-diretor-executivo da APO, Walter Silva Jr., disse que ficou decidido que o Plano de Políticas Públicas não seria atualizado oficialmente.

“Por lei, a APO tinha a missão de consolidar a Matriz, com os projetos exclusivamente olímpicos”, disse Silva Jr.

O representante da APO disse ainda que teve de fazer buscas no site de dados da Prefeitura do Rio para levantar os custos finais de algumas arenas -os dados antes eram enviados por cada governo para a APO.

É um cenário bem distinto do apresentado anos antes dos Jogos, quando o ex-presidente da APO, general Fernando Azevedo e Silva, apresentou a primeira versão dos documentos em janeiro de 2014 junto com representantes de todos os envolvidos nos Jogos.

A falta de transparência foi uma marca dos Jogos, de acordo com estudo do Instituto Ethos revelado há um ano.

A entidade avaliou 142 itens, de dados apresentados em sites a realização de audiências públicas sobre impacto dos Jogos na vida das regiões atingidas por obras.

De acordo com o instituto, os órgãos públicos não facilitam a obtenção de informações consolidadas sobre os Jogos, como gastos para o evento. O pior, segundo o Ethos, foi o governo do Estado, que recebeu nota 23,86, seguido do governo federal (38,42) e prefeitura (40,93).

“Não consigo um orçamento consolidado dos Jogos porque preciso analisar cada contrato das secretarias municipais e somá-los”, disse à época Paula Oda, coordenadora do projeto.

O TCU vai analisar no processo de auditoria já aberto sobre o tema a Matriz divulgada.

Legado

O presidente da Aglo, Paulo Márcio, expôs os planos para explorar o Parque Olímpico da Barra. A intenção é usar a área para eventos privados, esportivos e projetos sociais. A fim de gerar renda para ajudar na manutenção do espaço -calculado em R$ 45 milhões anuais-, estuda-se até em fazer um estacionamento no local.

A subsecretária de Esportes, Patrícia Amorim, disse que a Prefeitura do Rio não tem recursos para erguer as quatro escolas com o material proveniente da desmontagem da Arena do Futuro -local das competições de handebol. A “arena nômade” era um dos símbolos que a gestão Eduardo Paes (PMDB) apresentava como legado social da Olimpíada.

A gestão do Parque Olímpico da Barra se tornou um desafio após a concessão da área feita pela prefeitura, ainda na gestão Paes, não atraiu interessados aptos a gerir o espaço. Desde então, as arenas foram, em quase sua totalidade, transferidas para o Ministério do Esporte.

O plano divulgado será analisado pelo Ministério Público Federal, que propôs ação civil pública contra o governo federal exigindo a apresentação do planejamento de uso das arenas. (Folhapress)

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