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Brasil
| Em 10 meses atrás

Oficial que desmaiou em operação da PF em Goiânia era do Núcleo de Desinformação de Bolsonaro

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O tenente-coronel do Exército Guilherme Marques Almeida, que desmaiou quando os policiais federais bateram à porta dele na Vila Militar do Setor Marista, na manhã de quinta-feira (8), fazia parte do Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral. Hoje ironicamente comandante do Batalhão de Operações Psicológicas, ele  pertencia a um dos seis núcleos que, segundo a PF, agiram para dar um golpe de Estado, favorecendo Jair Bolsonaro, também alvo da operação.

Atualização: Exército nega desmaio. Leia nota ao final.

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A foto do oficial aparece desde ontem nos posts da famosa organização Sleeping Giants que combate discursos de ódio e desinformação digitais. Vários jornais do país registraram a situação constrangedora do militar que precisou de assistência ao desfalecer.

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O núcleo bolsonarista do oficial do Exército, que tinha posto de comando, era o encarregado de espalhar fake news e atacar o sistema eleitoral brasileiro.

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Ironia da situação

O tenente-coronel Guilherme Marques Almeida, que desmaiou em operação da PF, comanda Batalhão de Operações Psicológicas do 1º Batalhão de Operações Psicológicas do Exército, com sede em Goiânia. Ele assumiu em 9 de janeiro deste ano, de acordo com o portal Metrópole.

A unidade é vinculada ao Comando de Operações Especiais da Corporação, que reúne tropas de elite do Exército. Esse grupamento era tido como um braço essencial no roteiro do golpe preparado pelos bolsonaristas radicais.

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No ano passado, investigações apontaram que golpistas cogitaram prender o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. E um dos destinos dele seria exatamente uma cela nessa unidade de Goiânia. Outras propostas chegavam a falar em assassinato do ministro.

Nomes próximos

A PF cumpriu mandados expedidos por Alexandre de Moraes. O nome de Marques Almeida aparece junto de personagens já conhecidos, como Mauro Cesar Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, e Anderson Torres, ex-ministro da Justiça.

Segundo a PF, esse núcleo era responsável pela “produção, divulgação e amplificação de notícias falsas quanto à lisura das eleições presidenciais de 2022 para estimular seguidores a permanecerem na frente de quartéis e instalações das Forças Armadas no intuito de criar o ambiente propício para o Golpe de Estado”. Um dos acampamentos, inclusive, ficava na porta do Batalhão de Apoio às Operações Especiais do Exército no Jardim Guanabara.

Ainda de acordo com os investigadores, o mesmo grupo se encarregou de fazer “estudos” sobre a suposta falta de lisura nas eleições presidenciais de 2022. Além disso, agia sobre supostos registros de votos após o horário de fechamento das seções eleitorais e inconsistências no código-fonte das urnas, segundo informou o portal Metrópoles.

Diálogos entre oficial de Goiás e Mauro Cid

A investigação mostra que o tenente-coronel mantinha conversas por mensagens com Mauro Cid sobre as estratégias para questionar o processo eleitoral. Entre essas mensagens estava o conteúdo de uma live largamente disseminada pelos bolsonaristas para espalhar a versão de que as eleições estavam sob investigação.

Militar atuante em Goiás redigiu: “Acabou para o Lula”

As investigações também mostram diálogo entre o tenente-coronel e Mauro Cid pelo WhatsApp. Na época ocupando o Comando de Operações Terrestres do Exército, Guilherme Marques Almeida afirma que a fraude nas eleições estaria comprovada e escreve: “Acabou para o Lula”.

Para agravar, a PF apurou que o oficial se colocou à disposição para passar adiante o material com as fake news. Além disso, ainda comemorou a criação de um site em Portugal para hospedar as informações, que haviam sido retiradas do ar aqui no Brasil. “Nosso time é bom demais”, disse.

Suspensão do posto

O colunista do Metrópole, Rodrigo Rangel informou na quinta que o oficial precisou receber ajuda por causa do desmaio, mas logo em seguida se recuperou. Ainda informou que ele colaborou com a equipe que fazia a operação de busca em seu endereço.

Assim como outros militares alvos da operação, por ordem de Alexandre de Moraes o tenente-coronel que passou mal e desmaiou na presença da PF, está proibido de manter contato com outros investigados e de deixar o país, teve de entregar seu passaporte e está suspenso de sua função pública.

Exército se manifesta e nega desmaio

A reportagem buscou ouvir o oficial através do setor de imprensa do Exército. Após a publicação, foi enviada resposta em que a Força chama de desinformação o desmaio do oficial que teria sido relatado pelos agentes federais. Leia a íntegra abaixo.

Resposta do Exército

Atendendo à sua solicitação, formulada por meio de mensagem eletrônica, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que no momento não será possível realizar a atividade sobre o assunto em tela, por indisponibilidade de agenda. Sobre o que está sendo divulgado a respeito do militar, de que o mesmo teve um desmaio, este Centro informa que o fato não ocorreu e tais mensagens apenas contribuem para a desinformação da nossa sociedade.

Atenciosamente,

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DO EXÉRCITO

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Marília Assunção

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Também formada em História pela Universidade Católica de Goiás e pós-graduada em Regulação Econômica de Mercados pela Universidade de Brasília. Repórter de diferentes áreas para os jornais O Popular e Estadão (correspondente). Prêmios de jornalismo: duas edições do Crea/GO, Embratel e Esso em categoria nacional.