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O dia em que Gomide virou (pré)candidato e o PT foi à luta contra Marconi

Foi contagiante. Na manhã deste sábado, 29, o auditório da Câmara Municipal de Goiânia estava lotado de militantes petistas que exalavam convicção de vitória. Nenhum participante daquela convenção partidária parecia duvidar que o prefeito de Anápolis, Antônio Gomide, será, de fato, candidato ao Governo do Estado. Um animava o outro. E a euforia se espalhava a cada palavra de ordem, a cada brilho de estrela no olhar.

Muitos até evidenciaram certo descontentamento – como foi o caso do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia, que deixou o evento antes do fim. Mas um descontentamento causado pela certeza de que, aos olhos dos companheiros de partido, o caminho tomado, hoje, é praticamente sem volta. Paulo é Iris Rezende, nome do PMDB. O PT é Gomide.

Os gritos de guerra fizeram a primavera goiana sentir o calor do verão. O fim de março pareceu mais junho, ou mesmo inicio de outubro, véspera de eleição. A empolgação era incontida. Desmedida. Era petista.

A animação de Gomide só parecia menor, ou mais composta, que do deputado federal Rubens Otoni, seu irmão. Este puxava gritos de guerra, ovacionava os correligionários, abraçava e agradecia a presença de todos como desse vida a um sonho próprio. O sonho de disputar o Governo de Goiás.

Otoni anunciou, do lado de fora do auditório, a unanimidade entre 328 delegados da sigla que consagrou seu irmão como pré-candidato. Ele pediu espaço, buscou o dono da festa e acionou a militância para que o grito de guerra começasse.

“O PT tem nome, já aprovou, Gomide governador!”

“Ah, tem jeito não, Gomide é candidato pra ganhar a eleição!”

E o prefeito caminhou como se em destino ao Palácio das Esmeraldas.

Primeiro, agradeceu. Olhou firme. E ao anunciar que deixaria o Executivo anapolino, se emocionou. Engoliu seco. Aí… Deu continuidade:

“Deixo a prefeitura de Anápolis ciente da responsabilidade que carrego. Minha atitude é resultado da escolha de todos nós. Estou caminhando, mas não caminho sozinho. Meu recado ao povo de Anápolis é que pretendo fazer por Goiás o que fiz por nossa cidade, conseguindo 92% de aprovação. O eleitor é exigente. Com razão. Por isso garanto que trabalharei duro. Serei firme. E viverei 24 horas de política pelo nosso Estado.”

Antônio Gomide ressaltou a união do PT como ponto favorável. E não deixou de alfinetar:

“Vamos entrar nessa campanha para ganhar. Mas não para ganhar com o dinheiro. Nossa campanha será rica, mas de propostas. O que temos de vantagem é uma militância unida, ativa, que não se compra.”

Uma militância que logo se via: estava perdidamente apaixonada por sua candidatura, que já se fazia iluminadamente de todos.

Mas o petista não se ilude. E chamou a atenção de todos: o adversário é forte e é preciso “humildade” para se construir a vitória.

“Esta campanha não será fácil. Nosso adversário é duro, forte. Não por acaso está no Poder há 16 anos. Por isso, companheiros, mais que luta e empenho neste trabalho, peço a vocês humildade. Humildade sobretudo para que possamos lutar com os pés no chão.’

Antes disso, Paulo Garcia também discursou. Ainda no início da reunião. Após dar entrevista dizendo que só responderá qual o melhor candidato da oposição em junho, data das convenções, o prefeito afirmou que vai defender a escolha da maioria do partido. “O PT é um partido que segue unido. Por isso vamos todos trabalhar em prol da candidatura do nosso companheiro Antônio.”

Discursou e foi embora.

O ex-prefeito Darci Accorsi também falou. Disse que Gomide é a “encarnação” do sonho petista. “A esperança de Goiás”, acrescentou.

Valdi Camarcio foi outro a ressaltar a união. “O que assistimos hoje é resultado do excelente trabalho do prefeito para unificar nosso partido. E quando o PT está unido, meus amigos, saiam da frente. Pois a vitória é nossa!”

Osmar Magalhães e Marina Sant’Anna lembraram quando também foram pré-candidatos. A conclusão de ambos foi uma só: “O cenário atual é diferente e favorável a nós. Representamos a mudança. O novo que o povo tanto quer.”

“Viva o processo de mudança”, complementou Olavo Noleto.

No meio dos discursos, ainda antes da fala de Gomide, o prefeito de Inhumas, Dioji Ikeda (PDT), entrou no auditório. Foi recebido com o grito da militância: “Ah, eu quero ver Dioji ser o vice do PT!” E ainda: “Vem, vem pra chapa, vem!”

O prefeito agradeceu, se disse lisonjeado e garantiu que apoiará Antônio Gomide onde ele estiver. “Mas falo por mim, não posso falar pelo partido”, afirmou à reportagem do Diário de Goiás.

Muitos falaram. Todos vibraram. E, pra fechar, os petistas lembraram Geraldo Vandré e fizeram coro em ‘Pra não dizer que não falei de flores’.

Lenia Soares

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Lenia Soares

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