23 de dezembro de 2024
Tradição goiana • atualizado em 08/04/2023 às 10:56

Novamente a Procissão do Fogaréu de Goiás é confundida com a Ku Klux Klan e vira polêmica

Nas redes sociais, internautas afirmaram se sentir desconfortáveis pela semelhança entre os farricocos e organização terrorista racista
Procissão do fogaréu na Cidade de Goiás deste ano; a encenação remonta a prisão de Jesus Cristo pelos soldados romanos. (Fotos: Júnior Guimarães e Lucas Diener)
Procissão do fogaréu na Cidade de Goiás deste ano; a encenação remonta a prisão de Jesus Cristo pelos soldados romanos. (Fotos: Júnior Guimarães e Lucas Diener)

Nos últimos anos já é costume que a Procissão do Fogaréu de Goiás vire polêmica e, novamente, neste ano não foi diferente. Internautas nas redes sociais acabam problematizando a roupa dos conhecidos farricocos goianos pela semelhança com membros da Ku Klux Klan (KKK), organização terrorista e racista que prega a supremacia branca e existe até hoje nos Estados Unidos, e assunto viraliza na internet.

Para quem não conhece, o evento do Fogaréu ocorre anualmente na cidade de Goiás desde 1745, mas também em outros países como Espanha e Portugal. Essa procissão é uma tradição católica na qual se celebra e encena uma parte da via sacra quando, na madrugada de quinta-feira santa, 40 homens se vestem com túnicas coloridas e um capuz cônico e pontudo.

Ainda no evento, os farricocos que levam tochas na mão que representam os soldados romanos enviados para prender Jesus. Então, a partir da meia-noite, eles seguem descalços pelas ruas de pedra da cidade histórica, que já foi capital do Estado, acompanhados por uma multidão.

A procissão, portanto, se encerra na Igreja São Francisco de Paula, em uma cerimônia que representa a prisão de Cristo no Monte das Oliveiras. Após isso, um estandarte de linho com a imagem de Jesus é carregado por um farricoco de branco, o bispo da Diocese de Goiás, da Igreja Católica, que faz uma homilia em que relembra os sofrimentos de Jesus durante os 40 dias da quaresma.

Um fato curioso sobre o evento é que os farricocos são apenas homens e anônimos. Faz parte da tradição que os 40 “soldados” não revelem sua identidade para ninguém, apenas para quem organiza a procissão.

Agora, sobre a aparência com os membros do KKK, apesar de semelhança, elas apenas remete à vestimenta dos algozes de tempos medievais. No caso dos farricocos goianos, a única coisa que muda é que são roupas coloridas e os pés, descalços. No Twitter, um perfil decidiu, inclusive, explicar a diferença para tentar acabar com as comparações. Confira.

https://twitter.com/jorgeviddal/status/1642687001701896193

Em Goiás, a tradição religiosa se tornou, também, turística e atrai milhares de pessoas todo ano. Além disso, desde 2018, o evento faz parte do Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado de Goiás.


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