A falta de diploma, do ensino superior, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é um tema que, em pleno ano de 2023 e depois de eleito para o terceiro mandato, ainda é motivo de polêmica na sociedade.
Recentemente, o apresentador e humorista Carlos Alberto de Nóbrega, que tem 87 anos, do programa “A Praça É Nossa”, do SBT, questionou a capacidade de Lula de governar o país sem uma formação acadêmica. Em entrevista ao “Roda Viva”, da TV Cultura, ele disse que perguntaria ao petista: “O que o senhor me explica de um presidente da República, no dia que recebe o diploma de presidente, chora e diz que é o primeiro diploma que recebeu na vida?”
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Em uma cena constrangedora, ultrapassada e com pergunta de debate político dos anos 80 no Brasil. O humorista afirmou que convidou Lula para participar de seu podcast e que questionaria a ausência de curso superior do presidente. “Um homem que não tem um curso ginasial, universitário, contábil, qualquer coisa que seja, ser presidente da República? Por isso que o país está desse jeito”, declarou Carlos Alberto.
Com aquele “climão” no ar, a jornalista Vera Magalhães rebateu: “mas o voto é livre” deixando claro que discordava do entrevistado.
O presidente Lula, em Foz do Iguaçu – PR, na retomada das obras da Universidade Federal da Integração da América Latina (Unila), por ironia do destino, nessa terça-feira (4), também contestou indiretamente as falas sobre seu diploma. Ele disse que, apesar de não ter graduação, tem “consciência” de que nenhum país se desenvolve sem investir em educação. “Eu não tenho diploma universitário, mas eu tenho consciência política e sei o que é preciso fazer para melhorar a vida do povo brasileiro”, afirmou Lula.
A fala do apresentador gerou repercussão nas redes sociais e foi rebatida pela deputada federal e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PT-PR). Ela publicou no Instagram que a fala de Carlos Alberto foi preconceituosa e lembrou que Lula foi o presidente que mais criou universidades e campus no país. “Entre 2003 e 2014 foram criadas 18 novas universidades federais e 173 campus universitários. E hoje, Lula enviou projeto de lei ao Congresso Nacional para ampliar o número de vagas para milhares de alunos”, escreveu Gleisi.
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Carlos Alberto de Nóbrega também falou sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem elogiou e contou que foi homenageado por ele em 2019. Ele disse que Bolsonaro fez uma festa ao encontrá-lo e que foi a pé do Planalto até a Câmara para participar da cerimônia em sua homenagem. “Acho que nenhum presidente fez isso antes, com nenhum comediante”, disse o humorista.
Ter um diploma de ensino superior é um fator importante para o desenvolvimento pessoal e profissional, mas não é uma condição indispensável para se tornar um líder de destaque. Ao longo da história, vários líderes mundiais demonstraram que é possível exercer uma liderança eficaz e inspiradora sem ter uma formação acadêmica. Veja alguns exemplos:
O fundador da Microsoft é um dos maiores nomes da tecnologia e da filantropia no mundo. Ele abandonou a faculdade de Harvard aos 20 anos para se dedicar ao seu projeto de criar um sistema operacional para computadores pessoais. Hoje, ele é o segundo homem mais rico do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 124 bilhões, e doa bilhões de dólares para causas sociais por meio da Fundação Bill e Melinda Gates.
O criador do Mickey Mouse e do império Disney não concluiu o ensino médio. Disney saiu da escola aos 16 anos, para se alistar no Exército durante a Primeira Guerra Mundial, por ser menor de idade, foi rejeitado. Foi quando decidiu entrar na Cruz Vermelha e foi enviado à França como motorista de ambulância. Ao voltar aos Estados Unidos, ele começou a trabalhar como cartunista e animador, até fundar sua própria empresa em 1923. Ele revolucionou a indústria do entretenimento com seus filmes, personagens e parques temáticos.
O líder sul-africano que lutou contra o apartheid e se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul sem uma educação formal completa. Por causa de sua prisão política em 1962 não conseguiu concluir os estudos. Mandela passou 27 anos na cadeia, onde estudou por conta própria e aprendeu vários idiomas. Solto em 1990, recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1993.
O cofundador da Apple é outro exemplo de líder visionário que não terminou a faculdade. Ele ingressou na Reed College, mas desistiu após seis meses, por considerar o curso muito caro e irrelevante. Ele fundou a empresa com Steve Wozniak em 1976, na garagem de sua casa, e criou produtos icônicos como o Macintosh, o iPod, o iPhone e o iPad.
O pastor e ativista norte-americano, que liderou o movimento pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, não tinha um diploma universitário quando iniciou sua luta. King entrou no Morehouse College aos 15 anos, por meio de um programa especial para estudantes talentosos. Ele se formou em sociologia em 1948, mas só obteve seu diploma de bacharel em teologia em 1951, após cursar o Crozer Theological Seminary. Assassinado em 1968, não chegou a receber seu diploma de doutor em Teologia pela Universidade de Boston.
Esses são apenas alguns exemplos de grandes líderes do mundo que não possuíam curso superior, mas que conseguiram superar as dificuldades e deixar um legado positivo para a humanidade. Eles mostram que a liderança depende mais de características como visão, paixão, coragem, criatividade e ética do que de títulos acadêmicos.