No dia 1º de dezembro é lembrando o Dia Mundial de Combate à Aids. O dezembro vermelho visa conscientizar a população sobre a doença e prevenção contra o vírus que atinge cada vez mais jovens na faixa etária entre 15 e 25 anos de idade em todo país.
A psicóloga presidente da Astral Goiás e do Fórum de Transexuais de Goiás, professora escritora e ativista política LGBT e presidente do Conselho Municipal da Mulher, Beth Fernandes, lança nesta quinta-feira (1º) o livro ‘A voz dos jovens LGBT na Prep e Pep em Goiânia”, às 18h no Hotel Serras de Goyas, no Setor Central, em Goiânia.
Ao Diário de Goiás a autora do livro, que não é reagente ao vírus, explica que o tema faz referência ao final dos anos 80, onde na ocasião muitos amigos perderam a vida para a doença. Segundo Beth naquela época não tinha nenhum tipo de retroviral ou medicamento que pudesse ajudar as pessoas detectadas com a Aids.
Beth explica que as pessoas sofriam preconceito, assim como ainda sofrem atualmente, mas antes, segundo ela, existia a chamada ”peste gay”. Ainda segundo a psicóloga o tema vem acerca das novas estatísticas a nível nacional, e em Goiás não é diferente. De acordo com Beth em todo estado o índice de jovens contaminados aumenta cada vez mais.
”Tem uma luta ai. Uma luta de muitos anos! Sou uma ativista que perdeu amigos no final dos anos 80 e começo dos anos 90 que não tiveram essa esperança de um retroviral que pudesse dar condições de vida”, destaca.
Para a autora o tema também cria uma discussão sobre a importância do uso do preservativo. Além disso segundo ela o tema levanta a questão de um política que foi desfalcada nos últimos quatro anos sobre a importância do assunto.
”Nestes últimos quatro anos não tivemos nenhuma prevenção, de forma alguma na luta contra o vírus do HIV. Não tivemos um vídeo pelo governo, não tivemos vídeo por estâncias federais. Não tivemos essa discussão da luta pela prevenção”, ressalta.
De acordo com Beth, dentro do projeto que visa combater a Aids, a estratégia foi levar informação ao maior lugar onde se concentram os LGBTs, a parada gay. ”Aproveitamos a parada e colocamos uma barraca com educadores que faziam pesquisas com jovens se eles tinham consciência sobre a PrEP e a PEP, como por exemplo de que forma e como é utilizada, e sobre o uso do preservativo também”, explica.
A PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), é indicada e utilizada antes da exposição sexual, ou seja, sobre o uso do preservativo, sobre as formas de prevenções para que as pessoas não se tornem reagentes ao vírus.
A PEP, (Profilaxia Pós-Exposição) é utilizada após uma exposição sexual com indicação de prevenção do HIV, ou seja, é uma medida preventiva de urgência que atende pessoas expostas ao vírus da Aids por diversos motivos: relação sexual consentida (quando o preservativo rompe, escapa ou não é usado), exposição ocupacional e violência sexual, por exemplo.
A PEP surgiu no fim dos anos 80, onde na ocasião haviam milhares de pessoas com vírus HIV e ela era usada exclusivamente apenas por profissionais da saúde expostos a sangue de pacientes com AIDS ao se ferirem acidentalmente com a agulha contaminada, por exemplo.
Beth Fernandes explica que o preconceito com uma pessoa soropositivo ainda é muito grande na sociedade. A psicóloga faz uma comparação do que vivemos durante o maior pico da pandemia com o uso do álcool em gel e copos descartáveis, onde cada um tinha que ter o seu e evitar um contato físico. Segundo ela as pessoas com AIDS sofrem pior que isso na atualidade, e além disso as famílias também sofrem a rejeição.
Questionada sobre o comportamental de uma pessoa que descobre que está com AIDS, Beth afirma que ainda existem milhares de pessoas que sofrem depressão e não tomaram um retroviral e perderam a vida. Em Goiânia, segundo Beth aconteceu muitos casos similares.
”Psicologicamente a gente tem que discutir a condição da pessoa que vem envolvida na questão da peste gay e todo o preconceito que vem em relação a AIDS. As pessoas não são acolhidas, tem o preconceito”, afirma.
Beth ainda completa: ”Tem gay que foi proibido de entrar em bar, de sentar e de comer e uma série de coisas. Dentro da questão da saúde mental temos muito ainda a lutar”, finaliza a psicóloga e autora do livro, Beth Fernandes.