A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação no Estado de Goiás (Sintego), Bia de Lima, afirmou, em entrevista, ao Diário de Goiás, que a entidade já esperava a resistência de prefeitos e do governo estadual em aplicar o reajuste de 12,84% no piso da categoria.
Segundo Lima, todos os anos os poderes executivos do estado e dos municípios argumentam que não há dinheiro em caixa para cobrir os reajustes.
“Não nos causa nenhuma estranheza, porque sempre usa-se a retórica com educação, mas esquiva-se na prática, no sentido de valorizar efetivamente os professores. Ano passado, o percentual do piso foi de 4,17% e mesmo assim tivemos grandes problemas para que municípios e estados pagassem”, disse. “Eu tenho 30 anos de educação e nunca vivi um momento em que os poderes digam que há dinheiro para investir”, acrescentou.
Em 2019, conforme o Sintego, o governo de Ronaldo Caiado e prefeitos utilizaram-se de “malabarismos fiscais” e reajustaram salários apenas daqueles servidores que ganham menos, atingindo apenas 3% da categoria.
“O percentual é para toda carreira. Se não, quem estudou, se qualificou e tem mais tempo de profissão, será prejudicado. O percentual de reajuste do piso só tem significação e importância na medida em que se aplica na carreira de cada município”, ponderou Bia de Lima.
A presidente do sindicato argumenta que o reajuste do piso é calculado pelo MEC de acordo com o custo aluno. Portanto, os municípios não precisariam realocar recursos. “Os prefeitos reclamam de forma equivocada, porque não é só o piso do professor que teve o reajuste de 12,84%, mas o custo aluno também. Então as prefeituras receberão mais”, pontuou.
Negociação com governo
O Sintego integra uma comissão na Secretaria de Educação (Seduc) para discutir a aplicação do reajuste de 2020. Segundo Bia de Lima, a secretária Fátima Gavioli apresentou uma proposta de aplicação dúbia.
“O que ela propôs é algo quase impraticável. Ela quer aplicar o reajuste, e não disse o percentual, mas sem alterar o montante da folha. Como é possível garantir reajuste sem alterar o valor final da folha?”, questionou.
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